terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O ano de 1968: 365 dias que fizeram a diferença

            A literatura universal registra mais de 40 títulos dedicados ao já mítico ano de 1968, “O ano que não terminou”, epíteto pinçado de um dos livros de Zuenir Ventura sobre aqueles 365 dias do “ano que abalou o mundo”. Desta vez os royalties vão para o escritor americano Mark Kurlanski.
Passados 40 anos, impossível não trazer à baila mais que reminiscências daqueles dias que, dentre outros eventos, testemunharam a “Primavera de Praga”, as manifestações de estudantes parisienses pela derrubada de De Gaulle, os protestos americanos antiguerra do Vietnã, os assassinatos de Martin Luther King e de Bob Kennedy e o escancaramento da Ditadura Militar no Brasil, pela força do AI-5, editado numa sexta-feira, 13 de dezembro.

Mas esse, por assim dizer, desabrochar de rupturas, sejam políticas, sejam sociais, sejam culturais, não se deu por obra e graça do mero acaso. Quem estuda aquele ano tem como certo que o fato de ter sido em 1968, a primeira vez em que os meios de comunicação interligaram o mundo, via satélite, foi de fundamental importância para, quiçá, fazer daquele, se não o mais importante, pelo menos o mais debatido do século 20, como bem lembrado pelo mesmo Zuenir Ventura, desta feita no seu “1968 – O que fizemos de nós”.

O fato é que depois dos acontecimentos de 1968, o mundo nunca mais foi o mesmo. Para James Green, historiador da Universidade de Yale, não fossem os eventos de “68”, a geração formada a partir dali e que hoje ocupa importantes cargos em universidades, governos, partidos políticos, literatura e indústria do entretenimento não se sentiria tão inspirada a devotar suas vidas e seus sonhos a mudanças radicais. Os nascidos em 1968 têm mesmo do que se orgulhar, frutos que são de uma colheita que marcou definitiva e indelevelmente a história do século 20 e, é claro, da própria humanidade.

Quem se surpreendeu com a ascensão de Barack Obama à presidência da maior potência mundial é porque desconhecia o fato de que muitos dos apelos do pré-candidato democrata à presidência dos EUA, nada mais eram que resgates dos desejos e sonhos plantados em 1968, corporificados na superação das divisões raciais, políticas e sociais, só que, como bem lembrado por Green, expressados em termos patrióticos, sentimento que era rechaçado naqueles tempos rebeldes. Ou seja, 1968, realmente ainda não terminou e, pelo visto, perdurará para sempre. Ufa!

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