segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

ELEIÇÕES 2014: Sucessão no Ceará

Eunício conversa com Dilma sobre 2014
Nome do PMDB para disputar a chefia do Governo do Ceará nas eleições deste ano, o senador Eunício Oliveira vem sendo cortejado tanto por governistas, quanto pela oposição. Até mesmo a presidente Dilma Rousseff vem cercando o peemedebista, mas, neste caso, a estratégia seria demove-lo da ideia de disputar o cargo. Na semana passada, o Palácio do Planalto ofereceu o comando do Ministério da Integração Nacional, além da presidência de outras estatais, com o objetivo de remover o peemedebista da disputa, mas todas as propostas foram rejeitadas pelo senador que mantém a pré-candidatura.
Hoje à tarde, Eunício tem outra reunião marcada com a presidente Dilma Rousseff em Brasília. O senador confirma a informação, mas não revela a pauta da conversa. Aliados apostam que, na ocasião, Dilma seja mais enfática ao apresentar novas justificativas e até “vantagens” para convence-lo da ideia de disputar a sucessão de Cid Gomes (Pros). O PT trabalha para construir um único palanque com o senador Eunício e o governador Cid Gomes. O ex-presidente Lula não desiste da ideia. O peemedebista, porém, afirma que seu partido deve anunciar sua decisão no próximo mês de abril, quando acontece o encontro nacional do PMDB.
Em entrevista ao jornal O Estado, o senador falou sobre a manutenção da aliança com Cid Gomes que “ainda” não foi rompida e admitiu que não teria “nenhuma dificuldade” em passar apenas um mandato de quatro anos à frente do governo do Ceará, abrindo mão da reeleição, caso esse fosse um dos critérios para a escolha do candidato único como deseja o PT.  “Eu não tenho nenhuma dificuldade, nenhuma obsessão para governar o estado do Ceará. Eu tenho um desejo. Eu sou a favor de renovação, de mudança. Sou contra a reeleição por natureza”, resume o senador. Acompanhe a entrevista de Eunício ao jornal O Estado:
Jornal O Estado: Como avalia a situação do Ceará, hoje, sob o ponto de vista de avanços e desafios da administração pública?
Eunício Oliveira: O Ceará vem construindo sua própria infraestrutura. Tivemos a oportunidade de dar uma nova cara, do ponto de vista de infraestrutura e de equipamentos, desde 2006, quando ajudamos a construir esse projeto. Agora, o nosso grande desafio, o desafio de quem for governar o Estado, é fazer com que esses equipamentos funcionem bem para a sociedade. Não adianta apenas ter o equipamento bonito, que orgulha a todo o cearense, precisamos fazer que todos os equipamentos sejam úteis para os cearenses. O Estado precisa continuar avançando. Há poucos dias, tivemos um verdadeiro embate na área econômica, para aprovar um empréstimo de cerca de R$ 900 milhões para o Ceará. Há quantos anos estamos esperando essa transposição das águas do São Francisco? Há 150 anos, desde Dom Pedro. Os recursos do comércio eletrônico, que hoje giram em torno de R$ 35 bilhões/ano, ficam em São Paulo, Santa Catarina e Paraná. A gente aprovou isso no Senado, e há mais de anos está em uma gaveta suja da Câmara dos Deputados. As coisas para o Nordeste são sempre muito difíceis, os estados nordestinos vivem com o pires na mão. A minha visão do Estado é que tenha alguém, para ser governante desse Estado, que tenha relacionamento e conhecimento. Não temos arrecadação suficiente para desenvolver o Estado, a gente ainda depende do governo federal.
OE: Depois de recusar o convite de Dilma Rousseff para compor o Ministério da Integração, o seu nome ganhou destaque fora do Ceará, como pré-candidatos à sucessão de Cid Gomes. Esse movimento foi uma confirmação de que o senhor será mesmo candidato?
Eunício: Eu tenho muita dificuldade de falar sobre esse assunto, só me dispus a falar depois que o líder do PMDB na Câmara [Eduardo Cunha] reuniu os 76 deputados e deu uma moção de apoio para um gesto difícil de tomar. Fiquei até em uma situação delicada, porque eu tinha dito que não falava sobre esse assunto, quando isso foi abertamente para a imprensa. Eu tomei essa decisão pessoal, depois comuniquei ao meu partido, conversei com a minha família, e tive o amplo apoio das duas partes. Fui forçado a tomar a decisão para ficar livre, já que o meu partido, a nível nacional, escolheu o estado do Ceará como uma das cinco prioridades da legenda. Se o estado do Ceará teve esse privilégio de receber apoio e recaiu sobre o nosso nome, não seria correto com o meu partido e nem tirar do eleitor cearense a possibilidade de ter direito de escolhas entre os possíveis vários candidatos que poderão vir a disputar as eleições no Estado. Então não deixa de ser uma sinalização, mas decisão mesmo só no mês de junho.
OE: O senhor já recebeu outros convites da presidente Dilma?
Eunício: Não está marcada a data, mas o ex-presidente Lula me convidou, pessoalmente, dizendo que queria ter uma conversa. Eu não tenho pressa, essa conversa pode acontecer até abril. Mas, eu não vejo esses convites como forma de me tirar da disputa, mas sim de qualificar o ministério da Dilma. Ela achava que isso qualificaria o Ministério até o final do governo. Foi uma decisão muito difícil de tomar, mas é uma decisão final.
OE:  Nos bastidores, comenta-se que alguns aliados estariam lhe pressionando para que o PMDB entregasse alguns cargos do governo, com a finalidade de o senhor ficar mais livre para comentar e articular. A informação procede?
Eunício: Eu não faço política por essas questões de cargo, eu não tenho nenhum cargo no governo. Eu apoiei o ex-presidente Lula, fui ministro dele, e já tenho quase quatro anos de senador, mas nunca pedi um cargo na contrapartida. Diante esse contexto todo de ofertas, eu tiro outra lição, a de alguém que quis me prestigiar me colocando nessa questão de destaque. A presidente Dilma jamais faria uma proposta que não fosse algo correto.
OE: O senhor está apenas esperando o governador Cid Gomes indicar um nome para, caso não seja o seu, lançar a sua candidatura pelo PMDB?
Eunício: Fazemos parte de um projeto político que sou cabeça de 2006. É natural que o projeto tenha que receber modificações, como a questão da segurança, para tentar amenizar o sofrimento das pessoas, o medo, o pavor de sair à rua, e também a questão do combate à seca. Vários temas precisam ser discutidos. Ainda não houve rompimento da aliança, o governador Cid Gomes não disse para ninguém que ele tem um candidato específico, definido, decidido. Ele disse que em um momento oportuno vai sentar com os aliados e debater. E, eu quero fazer esse debate, se tiver que estabelecer critérios que abranjam vários itens e vários temas, me disponho a colocar meu nome para o debate e a discussão dos temas. Aquele que obtiver maior número será candidato. Eu topo pesquisa quantitativa, qualitativa, experiência, relações em Brasília, rejeição, pode colocar 10, 15, 20 itens, que submeto-me a todos.
OE: Caso um dos critérios seja que o senhor passe apenas quatro anos comandando o estado para que, Cid Gomes volte a administrar o Ceará em 2019. O senhor toparia?
Eunício: Eu não tenho nenhuma dificuldade, nenhuma obsessão para governar o Estado do Ceará. Eu tenho um desejo. Eu sou a favor de renovação, de mudança. Sou contra a reeleição por natureza, o mandato de governador deveria ser maior, uns cinco anos, no máximo seis anos. Seria muito melhor do que um mandato de quatro anos com reeleição. Eu, sinceramente, não tenho nenhuma discussão preparada, nenhuma proposta, até porque ainda não sentamos para discutir, mas, no momento oportuno, o meu partido vai apresentar. Até o final de abril serão decididas as candidaturas nos estados brasileiros.
OE: Como está vendo as disputas em nível nacional?
Eunício: Sinceramente, eu vou apoiar a presidente Dilma. Esse projeto que o Lula implantou precisa ser renovado e oxigenado. Mas, existem novos e bons atores no novo jogo, como o ex-governador Aécio Neves e o governador Eduardo Campos, que é nordestino. É importante que a população tenha oportunidade de escolher entre bons projetos.
OE: Falam que a oposição está meio enfraquecida. O senhor acha que Eduardo Campos e Aécio Neves podem ameaçar a liderança da presidente Dilma?
Eunício: Eleição majoritária não tem essa história de estrutura, de governo pressionando. Às vezes quando o governo pressiona, o retorno é contrário. Eleição majoritária ninguém controla. Aqueles que pensam que vão controlar através da imposição, da pressão, o efeito pode ser contrário. Vimos isso, aqui, com a Luizianne Lins, ela veio sozinha e ganhou a eleição de todos nós. Não subestimo, nem digo que oposição está fragilizada, pelo contrário. Sempre sou muito atento, porque, afinal, quem vai decidir não somos nós, mas sim a população.
OE: As campanhas políticas e estratégias eleitorais mudaram diante das manifestações?
Eunício : Acho que sim. Sem demagogia, sou a favor das manifestações, inclusive já fui para as ruas me manifestar. Hoje, as pessoas têm participação efetiva diante da internet. O Brasil não tinha wi-fi, nem internet banda larga. Fui eu, quem foi para Davos com o ex-presidente Lula e, ousadamente, começamos a implantar o maior complexo da inclusão social da América Latina, quando era ministro das Comunicações. Então, acho que houve uma mudança significativa e, quem não acordou para isso pode ter uma grande decepção. Este sentimento que veio das ruas, aflorou nas pessoas que o gestor é apenas um preposto colocado pela população. Lamentavelmente, aconteceu a morte do cinegrafista, onde um manifestante tornou-se criminoso. Agora, as manifestações pacíficas devem acontecer. O PMDB tem uma trajetória neste sentido. Apenas, precisamos endurecer as penas, para que atos como a morte do cinegrafista não aconteça. (OESTADO)

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