quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

SEM DOUTRINA E IDEOLOGIA

                          

O Brasil, mais uma vez, viveu momentos vergonhosos no momento político. Se os políticos e a imprensa do mundo inteiro estiveram atentos às manobras que redundaram nas eleições para as novas mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal do Brasil, disporão de assunto para muitas reportagens e debates a respeito do que significa praticar a política onde prevalecem as tendências de mais de 30 partidos, em sua quase totalidade, destituídos de um mínimo de ideologia ou de doutrina, ética e respeito pelo eleitorado e por toda uma sociedade. Na hora em que o Congresso mais necessitava de moralidade e equilíbrio, as duas Casas viraram um balcão de negociatas.

O que tem alimentado a imprensa depois das escabrosas eleições, é a maneira como deputados e partidos se deixaram vender . Acresça-se a isso um modelo de escolha através de voto secreto, pelo qual ficam escancaradas todas as portas para traições vergonhosas de deputados e de senadores aos próprios partidos pelos quais foram eleitos. Jornalistas da imprensa estrangeira que cobriam o pleito, concordavam que ali, o que menos se disputou se discutiu nos duelos entre os candidatos à presidência do Senado e da Câmara foi os interesses urgentes de um país assolado por uma pandemia e em crise econômica. A troco de cargos e ministérios, partidos e parlamentares esqueceram-se da vergonha e agiram como prostitutas, com o respeito que estas merecem.

Só para se ter uma pequena mostra de como coisa ficou feia foi a escolha da deputada bolsonarista Bia Kicis (PRP-DF), investigada pelo Supremo no chamado inquérito das fake News que apura ataques contra STF e seus ministros através de notícias falsas, calúnias e ameaças, foi indicada para a Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara Federal. Para quem não sabe, essa Comissão é responsável por avaliar a viabilidade de Propostas de Emendas à Constituição - PECs e de pedidos de impeachment do Presidente da República.

        Em meio a essa zorra política, jornalistas brasileiros  são concordes em que, para se evitar a repetição de episódios como aquele em que um presidente incompetente dominou os dois parlamentos maiores do país, o jornalista Ricardo Noblat, da “Veja” afirmava que não foi só o caráter venal de deputados, senadores e dirigentes partidários que avacalharam um episódio que poderia ser histórico. Para ele, o país não poderá jamais ver moralizado o seu sistema político, enquanto purularem nesse sistema dezenas de partido sem um mínimo de conteúdo, e constituídos por profissionais que só pensam em vender seus votos a qualquer custo. A esperança, dizia o jornalista Fernando Mitre, da Band, será o sumiço da maior parte deles, eliminados pela lei e pelo eleitorado consciente formado por eleitores de critério.


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