Foto: Paulo Rocha |
A Comissão de Previdência Social e Saúde (CPSS) da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) debateu, durante audiência pública nesta segunda-feira (23/10), os desafios do diagnóstico precoce do câncer de mama e a promoção da campanha Outubro Rosa no Ceará.
De acordo com a deputada Jô Farias (PT), que requereu a audiência, a doença é uma das maiores causas de morte entre mulheres no País. Ela explicou que estimativa do Ministério da Saúde indica 73 mil novos casos de câncer de mama em 2023.
A parlamentar ressaltou a importância de levar informações para as mulheres e de viabilizar o diagnóstico precoce. Jô Farias também destacou que as demandas e sugestões apresentadas durante a reunião serão levadas para a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa) e para o Governo do Estado.
O deputado Sargento Reginauro (União) também participou da audiência pública e relatou sua luta contra um linfoma. O parlamentar ressaltou que é preciso diminuir o tempo de espera pelo diagnóstico e tratamento contra a doença, pois isso faz grande diferença nas chances de cura. Para o parlamentar, é preciso ter uma postura mais ativa para viabilizar o comparecimento das mulheres aos exames, não só durante a campanha Outubro Rosa. Ele informou ainda que propôs um projeto de lei para criar o Estatuto da Pessoa com Câncer para melhorar acompanhamento das pessoas que lutam contra a doença.
Segundo o médico e professor do Grupo de Educação e Estudos Oncológicos (Geeon), Luiz Porto, é necessário consolidar durante todo o ano as informações que são passadas durante a campanha Outubro Rosa. Ele ressalta que, no mês de outubro, a cobertura mamográfica sobe entre 40% e 50%. Mas, quando chega dezembro, a cobertura cai bastante.
Luiz Porto defendeu o papel do agente de saúde no rastreamento do câncer de mama e esclareceu que o Ceará tem uma boa rede de mamógrafos, porém, quando esses equipamentos apresentam defeito, ficam parados por meses. Ele ainda citou alguns dos grandes desafios. “Um dos problemas mais sérios é manter esses mamógrafos funcionando e fazer as mulheres irem para as policlínicas. E essa mulher iria para a policlínica se o agente de saúde encaminhasse. Nós também estamos desafiados a modificar a estrutura das unidades básicas de saúde. Toda unidade básica de saúde deve ter alguém treinado para receber as mulheres com queixas mamárias”, pontuou.
De acordo com a coordenadora das Redes de Atenção à Saúde da Sesa, Rianna Nobre, desde maio a secretaria vem trabalhando no Plano Estadual de Atenção à Oncologia, exigido pelo Ministério da Saúde para que novos serviços sejam reconhecidos pelo ministério. “Aqui no Ceará, nós temos nove serviços de alta complexidade em oncologia. Dos nove, sete estão localizados em Fortaleza, um na região norte e um na região do Cariri. Nós precisamos ter 13 novos serviços”, explicou.
Ela explicou que foram feitos estudos das necessidades de cada região. Além disso, foi elaborado um documento discutido em três câmaras técnicas com representantes dos municípios. “Na sexta-feira passada (20/10), esse documento foi submetido à Comissão Intergestora Bipartite, nós aprovamos o Plano Estadual de Atenção à Oncologia e foi apresentado ao governador. Esse plano tem vigência em quatro anos, enquanto nós pretendemos avançar com mais 13 serviços de alta complexidade em oncologia”.
Sobre a disponibilidade de exames, Rianna Nobre destacou que existem 62 mamógrafos no Estado, o que pode ser considerado suficiente para a população cearense. “O estado do Ceará vem fazendo 100 mil mamografias ao ano, mas na verdade, deveriam ser feitas 400 mil. Existem fatores como absenteísmo, dificuldade de transporte e falta de informação. O Outubro Rosa vem exatamente pra isso, para fortalecer essa informação”, concluiu.
Para a representante do Movimento Outubro Rosa no Ceará, Valéria Mendonça, “todas essas falas que a gente escuta no Outubro Rosa, essa história de que existem mamógrafos suficientes, sobre o absenteísmo, são várias faces de uma mesma história: falta de acesso e pessoas que estão morrendo sem ter acesso em tem hábil”.
Ela enfatizou que o Movimento Outubro Rosa já tem 15 anos. “Não quero chegar nas próximas edições do Outubro Rosa e discutir as mesmas coisas. A hora de fazer é essa”.
Segundo a diretora financeira do Centro Regional Integrado de Oncologia (CRIO), Suely Kubrusly, a interiorização da oncologia é importante, mas ela considera que a rede CRIO é subutilizada. Para ela, há um aparelho de radioterapia ocioso. Os baixos valores repassados pelo SUS também foram apontados como um problema grave. "Nós temos um aparelho dos melhores da América Latina, mas não posso atender os pacientes por falta de financiamento", ressaltou.
A representante da Associação Nossa Casa, Daniele Castelo Branco, reforçou que as mulheres querem fazer os exames, mas muitas delas não conseguem ter acesso. Ela falou que há mulheres que têm sua mamografia marcada em bairros muito distantes, obrigando algumas a pegar até quatro ônibus para chegar ao local, o que inviabiliza para quem não tem recursos. Ela relatou ainda casos de mulheres em cadeira de rodas que não encontram profissionais treinados para fazerem a mamografia de forma adaptada para pessoas com deficiência.
Também estiveram presentes a secretária-executiva de Políticas Públicas para as Mulheres, Liliane Araújo; a presidente de honra do Movimento das Mulheres do Legislativo Cearense (MMLC), Meire Costa Lima; a presidente da Associação Lua Rosa, Karla Veruska; a representante da Associação Toque de Vida, Adriele Vasconcelos; a secretária-geral do Conselho Municipal de Saúde de Fortaleza, Aila Maria Souza Sampaio.
Fonte: Agência de Notícias da Alece
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