O jornal O POVO desta
terça-feira, em seu editorial com o título “Construção
pesada pede socorro”, chama
a atenção para a crise que passa o setor, com risco de grande parte das
empresas vir a sucumbir neste ano de 2019. Abaixo, íntegra do editorial:
Construção pesada pede socorro
A
possibilidade de que 30% das 18 empresas afiliadas ao Sindicato da Indústria da
Construção Pesada do Ceará (Sinconpe-CE) fechem as portas, este ano, caso não
forem tomadas iniciativas por parte do governo federal para reativar o setor,
foi a notícia mais impactante, em termos locais, ontem.
A preocupação, porém, é mais
extensa, pois a construção pesada consome insumos que vão de minerais a
maquinários, e sua retração impacta negativamente na geração de emprego e renda
em diferentes setores da economia.
No caso do Ceará, a construção
pesada - que já teve 7% de participação no PIB estadual - sofreu os impactos da
retração da economia brasileira. As obras federais de grande porte, no Estado,
são poucas e todas estão atrasadas por falta de verba. Um dos exemplos é o Anel
Viário de Fortaleza cujos serviços já duram quase dez anos. Para sobreviverem,
as empreiteiras cearenses têm-se agarrado a projetos de construção de estradas
estaduais, que receberam aporte do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Mais: o setor tem-se deparado com
a oneração crescente da produção, decorrente da variação do preço do cimento
asfáltico de petróleo, reajustado a cada 15 dias, para atender à nova política
de preços da Petrobras, vinculada agora aos preços internacionais. O governo
brasileiro tem preferido, ao invés de se refinar o petróleo encontrado,
agregando-lhe valor, exportá-lo na forma de óleo cru e facilitar a proliferação
de empresas importadoras. Estas, para manter margens de lucros atrativas,
estabelecem em contrato a paridade com os preços aplicados pelo mercado
internacional.
Os preços baseados no dólar
impactam diretamente os custos da produção do asfalto, insumo imprescindível da
indústria da construção pesada. Ademais, o setor foi um dos que mais sofreram
com o desmonte das grandes empreiteiras, a partir do surgimento dos escândalos
revelados pela Operação Lava Jato. Esta poderia ter punido as empresas
envolvidas em irregularidades, sem levá-las à falência, salvaguardando empregos
e tributos, como fazem países desenvolvidos quando se deparam com crimes
semelhantes.
Os empresários esperam que o novo
governo retome as obras públicas paralisadas e faça novos investimentos no
setor. Por óbvio, há de se levar em conta a crise pela qual passa o País, não
havendo, portanto, recursos disponíveis para aplicar em todos os segmentos. No
entanto, há de se levar em conta que a recuperação dessa indústria trará
impacto virtuoso em outras áreas, devido aos diversos tipos de insumo
utilizados na construção pesada.
Assim sendo, haveria a retomada
da produção em vários outros setores industriais, contribuindo para redução do
desemprego.
Foto: Seguro Notícias
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