Observar os altos prédios que, mesmo com suas luzes apagadas no tardar da
noite, parecem nos espreitar em sua verticalidade; pensar o que moradores
desses espigões estarão fazendo naquele momento: dormindo? Brigando? Sofrendo?
Amando? Ou apenas fazendo sexo? Vai-se saber, né mesmo?
De repente, acontece
uma parada nesses pensamentos e o olhar se volta para observar as velhas árvores
que balançam indolentemente ao som de assobios desconhecidos trazidos pela
brisa do mar; esticar o pescoço e a cabeça para a frente para melhor visualizar
a nesga de mar que se rasga saída do infinito e que da beira-mar parece correr
ao encontro de alguém; ouvir os melodiosos sons saídos do canto dos pássaros
que gorjeiam como a anunciar a chegada do amanhecer. O pensamento voa.
A vista mais uma vez se desloca e passa a contar os
poucos carros que circulam na avenida ao lado, soltando barulho e poluição. São
simplesmente gestos contemplativos, são olhares indolentes para o nada e que
tanta coisa vêem. Ultimamente tem sido esse meu passatempo preferido ao acordar
na calada da noite e sair sorrateiramente para a varanda de meu AP como se
estivesse fazendo alguma traquinagem no silêncio da escuridão. E mais uma vez
os devaneios tomam conta de mim: Já passei por poucas e boas, já tive minhas
quedas, curei meus arranhões, embora alguns continuem ardendo e eu soprando
para amenizar a dor, não dos arranhões, e sim da vergonha de ter caído, embora
saiba que ninguém escapa dos tombos que a vida dá.
Então penso: Esse é o atual esqueleto de minha
vida, com seus ramos, suas bifurcações, minhas escolhas. E concluo: Temos é que
aproveitar cada momento como se fosse o último, pois mal chegamos e já é hora
da partida
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