Educadores alertam para aumento de evasão escolar durante a pandemia
Para debatedores, desafio agora é atrair estudantes de volta à escola e recuperar o aprendizado
Rigoni: é preciso recuperar o aprendizado, prejudicado por falta de acesso. Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados
A comissão externa da Câmara que acompanha os trabalhos do Ministério da Educação realizou audiência virtual com representantes dos secretários estaduais de Educação, do Unicef e da Fundação Roberto Marinho, para discutir a urgência de ações efetivas no combate à exclusão, ao abandono e à evasão escolar.
Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a evasão escolar no Brasil atinge 5 milhões de alunos. Durante a pandemia de Covid-19, esses números aumentaram em 5% entre os alunos do ensino fundamental e 10% no ensino médio. Para os que ainda estão matriculados, a dificuldade foi de acesso, com 4 milhões de estudantes sem conectividade.
O coordenador da comissão, deputado Felipe Rigoni (PSB-ES), afirmou que, após dois anos de pandemia, e com a volta gradual das escolas, é preciso pensar formas de trazer de volta para a escola esses alunos e recuperar o aprendizado que ficou prejudicado por falta de acesso. “A gente tem uma tarefa muito séria, que é trazer esses estudantes de volta, acolhê-los de maneira adequada nas escolas e fazer uma grande recuperação da aprendizagem”, disse Felipe Rigoni.
Vitor de Angelo: sem internet, o cenário seria pior. Foto:
Único meio
O presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Educação, Vitor de Angelo, reconheceu que as desigualdades aumentaram no ensino remoto, mas, para ele, usar a internet foi o único meio de garantir que 100% dos alunos não fossem prejudicados durante a pandemia. “Eu não estou naturalizando a desigualdade, eu estou colocando ela como um subproduto inevitável de uma decisão que era binária: ou fazemos alguma coisa ou não fazemos nada e o cenário seria ainda pior”, disse.
Já o representante do Unicef, Italo Dutra, destacou que o tempo de fechamento nas escolas foi maior na América Latina e no Caribe, sendo que no Brasil passou de 50 semanas. Para ele, o desafio agora é proporcionar a volta às aulas presenciais de forma gradual e eficiente para os alunos. “A grande questão é: o impacto que isso vai ter depois, com a retomada das atividades presenciais, se não forem pensadas atividades de acolhimento das crianças e adolescentes e um olhar mais amplificado sobre a busca ativa dessas crianças e adolescentes que efetivamente não retornarem às atividades presenciais”, observou Dutra.
Italo Dutra: Brasil passou de 50 semanas com escolas fechadas. Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputado
Nenhum comentário:
Postar um comentário