Camilo Santana assume o Ministério da Educação e promete ampliar nacionalmente as escolas em tempo integral
Entre as medidas citadas como mais urgentes estão a retomada de todas as obras de creches, escolas e outros equipamentos paralisados por todo o país e a recuperação da qualidade da merenda escolar nas escolas públicas
O ministro da Educação, Camilo Santana, participou, nesta segunda-feira
(02.01), da transmissão de cargo, em solenidade realizada no Ministério da
Educação e prestigiada por diversas autoridades, entre eles governadores e
ministros.
Em
seu discurso, Camilo Santana adiantou algumas ações que considera serem
urgentes, como a retomada de todas as obras de creches, escolas e outros
equipamentos paralisados por todo o país por falta de repasses de recursos
federais; a recuperação da qualidade da merenda escolar das escolas públicas de
todo o Brasil; a recuperação da credibilidade do Enem; um plano de retomada do
Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e do Programa Universidade Para Todos
(Prouni); o fortalecimento da autonomia das universidades e a garantia de mais
investimento em ciência e tecnologia.
Para dimensionar o desafio que tem pela frente no combate ao
analfabetismo, Santana destacou números preocupantes referentes ao cenário
atual no Ensino Médio e Fundamental no país.
Segundo o ministro, mais de 650 mil crianças até 5 anos
abandonaram a escola nos últimos três anos. No mesmo período, cresceu em 66% o
número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler e nem escrever na idade
certa.
Ele ressaltou ainda que a última análise realizada pelo
Sistema de Avaliação de Educação Básica (SAEB) mostrou que apenas uma em cada
três crianças é alfabetizada na idade certa. “A maioria é analfabeta dentro da
própria escola, o que provoca graves repercussões na sequência da vida dessas
crianças”, frisou o ministro.
“Destaco esses dados, que considero alarmantes, para
ressaltar que se impõe uma prioridade absoluta em nosso país para garantir a
alfabetização de todas as nossas crianças na idade certa e, assim, assegurar as
condições necessárias para que elas possam aprender os conteúdos de cada ano,
prioridade essa já destacada como compromisso pelo nosso presidente Lula”,
afirmou Camilo Santana.
Para o novo ministro, o trabalho a ser realizado exigirá um
esforço nacional de integração. “É necessária a recuperação de uma visão
sistêmica da educação, que vai da creche à pós-graduação. Para isso, precisamos
fortalecer o regime de colaboração em um grande pacto federativo pela educação.
Quase metade dos estudantes do Ensino Básico são atendidos pelos municípios e
um terço pelos estados. O Governo Federal precisa estar junto dos estados e
municípios nessa luta”.
Tempo
integral
No Ministério, Camilo Santana tem como uma das principais
metas ampliar em todo o país o sistema de educação em tempo integral, modelo
com sucesso comprovado no Ceará, estado que ele governou por dois mandados,
entre 2015 e 2022.
Atualmente, cerca de 60% das instituições de ensino público
do Ceará funcionam em tempo integral. O plano é chegar a 100% em 2026. O estado
tem hoje 87 das 100 melhores escolas do país do 1° ao 5° ano do ensino
fundamental e 70 das 100 melhores do 6° ao 9° ano, de acordo com o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), divulgado em 2022. Além disso, o
Ceará aparece em terceiro lugar do país em ensino médio, com 23 dos 100
melhores resultados.
“Tudo é fruto de um trabalho pactuado, continuado,
meritocrático, construído por várias mãos, em um esforço de professores,
alunos, diretores, coordenadores, secretários de educação, prefeitos e muitos
outros. Mas, para isso, é preciso decisão política. Alguns outros estados já
começaram a seguir esse modelo. Mas o que precisamos agora é ampliar essa
experiência para todas as 27 Unidades da Federação”.
“Precisamos ampliar o ensino de tempo integral, que considero uma das mais importantes políticas de prevenção social. Essa deve ser uma política nacional. O que queremos é uma escola não apenas com mais tempo para o aluno. Mas uma escola que seja atrativa, criativa, que desperte as habilidades de nossos alunos e os prepare para as oportunidades da vida”, frisou o ministro.
Evasão escolar e tecnologia
Outro dado preocupante citado por Camilo Santana refere-se
aos índices de evasão escolar ou reprovação. “Aproximadamente, 14% dos alunos
do 6° ano do Ensino Fundamental são reprovados ou abandonam a escola. Cerca de
21% dos alunos do 1° ano do Ensino Médio abandonam ou são reprovados no Brasil.
Precisamos garantir todos os alunos na nossa escola nesse país”, destacou.
Durante a pandemia, Camilo Santana tornou política pública
no Ceará a distribuição de tablets e chips de internet a todos os alunos da
rede pública estadual. Para ele, conectividade e uso da tecnologia tornaram-se
indispensáveis no processo educacional e a ampliação do modelo em nível
nacional deve ser uma de suas principais plataformas.
“Nos dias atuais, não há como se pensar em educação sem o
auxílio da internet. É preciso ampliar a conectividade e diminuir as enormes
disparidades de estado para estado. Outro compromisso nosso é ampliar o acesso
de nossos alunos e professores à tecnologia e à conectividade. Estima-se que
aproximadamente 28% dos alunos do Ensino Fundamental possuem acesso à internet.
No Nordeste esse percentual é ainda menor, apenas 17%. Já no Ensino Médio,
enquanto na Região Sul 86% dos alunos têm acesso à internet, na Região Norte é
metade disso”, lembrou Camilo Santana.
Ensino
superior
O ministro também adiantou que trabalhará junto ao Ensino
Superior, de modo a ampliar os investimentos voltados às universidades.
“Precisamos fortalecer o Ensino Superior. Para isso, pretendemos reforçar o
orçamento das nossas universidades, que foram sucateadas no último governo com
uma visão equivocada, distorcida e de viés ideológico. A universidade precisa
ser um espaço democrático, livre, que estimule a criatividade, a liberdade de
expressão e um olhar de um mundo mais solidário e humano”.
Segundo ele, a partir de hoje inicia-se a abertura de
discussões com todos os atores para a elaboração do novo Plano Nacional de
Educação. “Iniciarei um diálogo permanente com nossas universidades, institutos
federais, organizações não-governamentais que trabalham com educação, estados e
municípios para construirmos juntos o novo Plano Nacional de Educação”.
Camilo Santana encerrou seu discurso com uma frase do
educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais
notáveis da pedagogia mundial: “Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta
sozinho. Os homens se libertam em comunhão”.
Currículo
Camilo Santana
Nascido em Crato (CE), Camilo Santana, 54 anos, foi governador
do Ceará por dois mandatos, de 2015 a 2022, e no último pleito elegeu-se
senador pelo PT. Formado em engenharia agrônoma e mestre em Desenvolvimento e
Meio Ambiente, foi professor e iniciou sua carreira política como secretário
estadual de Desenvolvimento Agrário, em 2006. Em 2010, foi o deputado estadual
mais votado do Ceará e, depois disso, atuou como secretário das Cidades até
2014, quando se candidatou a governador. Foi reeleito em 2018, em primeiro
turno, com a maior votação do Brasil, e eleito senador em 2022, também com o
maior percentual do País. Ao deixar o cargo este ano, anunciou que todas as
escolas de ensino médio do Ceará deverão funcionar em tempo integral até 2026.
Fonte: Secom/
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