PDT
nacional interfere no CE
e decide contra grupo de Cid
Deputado André Figueiredo. Foto: Divulgação |
A executiva nacional do PDT decidiu, em votação, que vai intervir no diretório estadual do partido, em meio à disputa entre os grupos de Cid Gomes e Ciro Gomes pela presidência da sigla no Ceará. Por 7 votos a 0, a direção nacional decidiu que passará a comandar o PDT no estado. Na prática, trata-se de uma derrota a Cid, que vinha reunindo aliados no partido que apoiam sua liderança, na tentativa de destituir o atual presidente, André Figueiredo.
Figueiredo acumula as funções de presidente estadual e presidente nacional da
sigla – uma vez que o titular do posto nacional, Carlos Lupi, está licenciado
após ter assumido o Ministério da Previdência Social no governo Lula. Com isso,
ele segue tendo controle sobre o comando partidário. A votação da executiva
nacional contou com duas abstenções: de Carlos Lupi, por estar licenciado, e do
próprio André Figueiredo.
O deputado integra o grupo de Ciro Gomes no PDT, juntamente com o prefeito de
Fortaleza José Sarto e o ex-prefeito Roberto Cláudio. Esse núcleo representa,
dentro do partido, a ala que se opõe ao PT e à gestão do governador Elmano de
Freitas (PT), enquanto os aliados de Cid estão na base do governo. Estes, no
entanto, representam a maioria do PDT cearense, incluindo 10 dos 13 deputados
do partido na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) e a maior parte dos
prefeitos do interior. O foco do grupo de Ciro está, atualmente, no PDT de
Fortaleza, onde RC detém o controle.
Cid Gomes e seus aliados na legenda haviam marcado uma reunião na sede do PDT
para o próximo dia 7, na intenção de fazer uma nova investida contra o comando
de Figueiredo. Na última semana, o vice-presidente da Assembleia, deputado
Osmar Baquit, um dos aliados do senador, disse que esse grupo de
correligionários vai “às últimas consequências” e aos “limites da democracia
interna [do partido] e da lei eleitoral” para reverter a situação.
Após a decisão do PDT nacional, Cid declarou que a reunião do dia 7 está
mantida. Ele contestou o movimento, citando artigo do estatuto partidário
segundo o qual o diretório nacional não poderia intervir nessa situação.
Conforme o item citado, “as Executivas Nacional e as Regionais são competentes
para instaurar ou avocar a si qualquer processo relacionado à falta ética ou
disciplinar, de competência das instâncias inferiores”. Pontua ainda que “a
decisão de avocação deverá estar motivada em fatos de relevante repercussão
política decorrente do objeto de apuração, em desídia de apuração por parte da
instância sob a qual se apura o cometimento de infração, ou outro motivo de
conveniência e interesse político partidário capaz de justificar a supressão da
instância originária”.
No último dia 26, Cid organizou uma reunião com sua ala de apoiadores no PDT, incluindo dezenas de integrantes do diretório estadual, deputados estaduais, deputados federais, prefeitos, vereadores e representantes de movimentos sociais. O movimento foi logo percebido, pelo grupo rival, como uma investida contra a liderança de André Figueiredo, e o ministro Carlos Lupi desembarcou em Fortaleza no mesmo dia para tentar intermediar a situação. Houve, a partir disso, novas reuniões incluindo Cid, Lupi e Figueiredo, após as quais a questão seguiu em aberto. Conforme Lupi declarou após o ocorrido, os próximos passos seriam procurar o PT e o ministro Camilo Santana para discutir um possível acordo.
Caso o grupo do senador não consiga se efetivar no comando do partido, há especulação de que Cid e seus aliados migrem para outro partido, o que efetivamente minguaria o PDT no Ceará, uma vez que esse grupo é hoje majoritário na sigla. Isso, no entanto, dependeria de ser encontrado um caminho, juridicamente, para permitir a saída dos parlamentares, que no sistema proporcional são eleitos pelo partido que integram e portanto não podem, em situações usuais, deixar a sigla sem perder o mandato.
Elmano
O governador Elmano de Freitas (PT), aliado do grupo de Cid no PDT, tem evitado interferir nas discussões. Nesta segunda (3), ele declarou, no entanto, que está satisfeito com os parlamentares pedetistas que hoje estão do seu lado na Assembleia Legislativa, referindo-se aos 10 que integram a base do governo. Na bancada da sigla na Alece, apenas os deputados Antônio Henrique, Cláudio Pinho e Queiroz Filho estão na oposição a Elmano, sendo aliados de Sarto e RC.
Os petistas têm tentado manter a relação cordial que têm com a parcela
majoritária do PDT, com Elmano tendo indicado três pedetistas para chefiar
secretarias em seu governo. Ter o apoio da maior parte da legenda na Assembleia
é considerado essencial, sendo o PDT a maior bancada partidária da casa.
Fonte: O Estado
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