segunda-feira, 14 de junho de 2021

Ceará é um dos estados mais violentos para a comunidade LGBTQIA+

 

Entre os 26 estados do país, o Ceará ocupa posição de destaque em casos de violência contra a comunidade LGBTQIA+. Somente em 2020, 58 membros da comunidade foram assassinados, número que cresce de forma preocupante se analisadas as médias anuais dos anos anteriores. Não é raro o estado chamar atenção para casos de violência contra pessoas LGBTQIA+, em 2017, os olhos do país inteiro recaíram sobre o caso da travesti Dandara Kettley, que faleceu após ser espancada, apedrejada e ter levado dois tiros no bairro Bom Jardim em Fortaleza.

Foto: DIVULGAÇÃO


Histórias alimentadas pelo mesmo ódio que tirou a vida de Dandara, se repetem diariamente, por vezes sem repercussão, pelas ruas dos municípios cearenses. O stylist Jeff Rodrigues, 24, conta que durante um assalto no ano de 2020, ele também foi vítima de agressões físicas e até hoje não consegue chegar a uma resposta se teria sido diferente caso ele não fosse homossexual “Me bateram, me arrastaram na pista e me deram chutes. Cheguei a me emocionar, pois pensei que poderia ter morrido. Até hoje não sei ao certo o porquê de ter sido agredido, talvez se eu não fosse gay não teriam me batido daquela forma”, explica. O stylist conta ainda, que a dúvida é gerada por pequenas atitudes vividas no dia a dia “Mesmo sem agressões, você nota olhares, tanto de riso, quanto de reprovação. Acontece por estilo, por uma roupa, por estar com outros gays”, lamenta.

Atualmente, um ano após o ocorrido, Jeff ainda não se sente totalmente recuperado do trauma que viveu “Não consigo andar em Fortaleza com confiança, independente do bairro, tenho paranóia com pessoas desconhecidas perto de mim, ando na rua olhando todas as direções possíveis, comecei a evitar sair sozinho nos domingos e não curto pegar ônibus de noite” detalha.

Não é só a violência física que ronda o dia a dia da comunidade LGBTQIA+, as dificuldades são sentidas em diversos aspectos do dia a dia, pensando nisso, Lara Nicole, 25, mais conhecida como “Nik Hot”; juntamente com Davy Lima, 37, fundou a “Casa Transformar”, uma ONG de acolhimento para pessoas LGBTs “Começamos a acolher amigos no final de 2017 e em Outubro de 2019 oficializamos como ONG”.

Para Nik Hot, a primeira funkeira travesti do estado, os dados preocupantes sobre a LGBTfobia no Ceará são perceptíveis no dia a dia “Aqui na Casa Transformar, sofremos transfobia de uma empresa 2 vezes. A gente sofreu transfobia simplesmente por ser o que a gente é e estar existindo. A transfobia se expressa pelo simples fato de eu estar na rua, fora o assédio que também é grande”, explica.

O mês do Orgulho
A escolha do mês de Junho como o mês do orgulho LGBT se deve às manifestações ocorridas nos Estados Unidos em Junho de 1969. A chamada “Rebelião Stonewall” foi uma série de movimentos contra a invasão da polícia de Nova York ao bar “Stonewall Inn”. O evento é celebrado até hoje, pois foi um marco para a luta pelos direitos LGBT. Após Stonewall, diversas organizações de direitos homossexuais foram fundadas ao redor de todo o globo.

O Brasil é o lar da maior parada LGBTQIA+ do mundo, a da cidade de São Paulo. Esse ano, a 25ª edição do evento ocorreu pelo segundo ano consecutivo de modo totalmente online, devido às restrições da pandemia de Covid-19. Foram 8 horas de programação, nas quais ocorreram shows e foram abordadas orientações e cuidados sobre o HIV. “É importante a gente celebrar a diversidade, pontuar o respeito e pontuar a inclusão, não somente em Junho, porque, nós LGBTs, vivemos o ano inteiro”, pontua Nik Hot. (Por Yasmim Rodrigues, sob supervisão dos editores).

SERVIÇO
Para entrar em contato com a Casa Transformar, por busca de acolhimento ou para ajudar basta acessar o instagram @CasaTransformar ou através do Whatsapp (85) 981268410
Doações diretas podem ser realizadas pelo pix casatransformarlgbt@gmail.com

Fonte: O Estado

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