sexta-feira, 4 de novembro de 2016

PRETO NO BRANCO, coluna publicada no jornal O ESTADO

Anões que amedrontam


Julieta Brontée

Antes de se despedir do Senado Federal, o senador Pedro Simon, do PMDB-RS, fazia uma séria advertência: “Se não houver uma reforma que tire de circulação esse “enxame” de partidos, entre anões e nanicos, eles terminarão dando uma rasteira nos chamados grandes partidos”. A tal reforma, da qual falava o grande senador gaúcho, não aconteceu. Vai custar muito a acontecer e os tais trambolhos, chamados de partidos, não só continuam como ganham novos aliados, igualmente insignificantes.
Pois bem. Agora mesmo, quando alguns parlamentares tentam reavivar a luta pela reforma, surge o mais esperado dos problemas, ou seja, os mini-partidos ameaçam se unir num único bloco e barrar todas as matérias de interesse do Governo, se houver ameaça de extinção de alguns deles. Trata-se, realmente, de uma situação bem ameaçadora, tendo em vista que essa “sarandagem” é capaz de criar um “exército” equivalente a 1/3 da Câmara dos Deputados.
Agora, pergunta-se: e onde anda a alardeada grande força dos “partidões”, tipo PMDB, PSDB, PT e outros? A resposta, segundo o jornalista Ricardo Noblat, do O Globo, “é de uma clareza meridiana, ou seja, os grandes partidos, a cada eleição para as assembléias legislativas, Câmara dos Deputados e Senado, têm que se “escorar” nos partidos de aluguel para eleger muitos dos seus deputados. Desse modo o País terá que aturar, por muito tempo os deploráveis falsos partidos”.
CONTROVÉRSIA – Num país em crise, poucas ou nenhuma instituição estará livre de viver dificuldades. E o Poder Judiciário, no caso o TJCE, não seria uma exceção. Só que essa situação se tornou ainda mais complicada, depois que o Governo do Estado resolveu usar os depósitos de recursos acumulados pelo tribunal, o que forçou a proposta de aumento dos custos. Em maio, a muito debate, a AL, sob pressão da OAB, deixou em um terço esses custos.
MELHOR SAÍDA – A mal-amada PEC 241, do teto dos gastos públicos, que poderá até dar resultado, continua gerando posições divergentes. Para o presidente do Ipece, Flávio Ataliba, e outros economistas, seria bem mais prático se fosse estabelecido o teto da dívida pública. Com esse, o inacreditável rombo de hoje estaria sob controle, e muitos projetos fundamentais para sociedade não seriam sacrificados, como acusam os inimigos dessa complicada e polêmica idéia.
UM GIGANTE – No dia 26, quarta-feira, foi comemorado o aniversário do “post – mortem” de professor Darcy Ribeiro. O maior antropólogo brasileiro produziu obras consagradas sobre o tema, estudadas nas universidades do mundo inteiro. Foi reitor-fundador da Universidade de Brasília e senador da República. Poderia ter sido presidente da República, não fora a cegueira ideológica das lideranças que o julgavam um comunista. Coisa que jamais foi. Azar nosso.
JUNTANDO OS CACOS – Complica-se a situação do presidente Temer. E não por culpa de adversários ferrenhos, sejam do PT ou de outros partidos de oposição. Na verdade, quem mais lhe causa dificuldades são os seus correligionários peemedebistas, tipo presidente do Senado, Renan, e outros enrolados pela Lava Jato. O presidente, que necessita estar bem com o Judiciário, viu Renan insultar esse poder, cavando profundo fosso entre os três poderes.
REVOLTANTE – O sonho da transposição do Rio São Francisco, para salvar parte do Nordeste e boa parte do Ceará, está a poucos passos de ser concretizado. Mas, esses passos poderão ser os mais árduos do projeto, que se acha a menos de 10% para ser concluído, devido à sujeira em que se meteu a construtora responsável. Se não for concluída em seis meses e houver seca, haverá uma calamidade. Cresce a convicção de que a única saída seria entregar a obra ao Exército, que é confiável.
PROBLEMA NOSSO – O não fechamento, pela Petrobras, da usina de biodiesel de Quixadá, que era da alçada única do Governo Federal, passou a ser, agora, problema nosso. É o que afirma o deputado Carlos Matos (PSDB). Para ele, se o Estado tem uma situação econômica sob controle e houver um maior empenho da bancada federal e, principalmente, um trabalho de mobilização da AL, assim como a entrada em ação da Fiec, o projeto ainda dará muito lucro ao Sertão Central.

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