segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Está chegando a hora de entregar o trono

O Ceará antes e depois de Cid Gomes

O Ceará antes e depois da gestão de Cid Ferreira Gomes (Pros). Daqui a 24 dias, Cid entrega a seu sucessor, Camilo Santana (PT), um governo de oito anos marcado por uma administração de grandes obras, principalmente de fomento à economia, porém, também muito questionado a respeito da construção de equipamentos de grande porte, como o Centro de Eventos, o Acquário e a Ponte Estaida. Parlamentares da base aliada e de oposição apontam para o Jornal O Estado o que fica de legado e o que consideram “erros” da gestão cidista.
Quando Cid recebeu o governo do Estado das mãos do ex-governador Lúcio Alcântara (PR), a arrecadação do Ceará situava em R$ 6,12 bilhões. Em 2013, os valores cresceram para R$ 9,3 bi. Já Camilo Santana receberá do governo de Cid, uma economia em ascensão e PIB de mais R$ 105 bilhões para ser administrado, 2,19 bilhões a mais de quando iniciou seu governo em 2007.
“Eu diria que as grandes obras estão basicamente em todas as áreas”, avaliou o deputado José Sarto (Pros), líder do Governo na Assembleia Legislativa do Ceará. Para o parlamentar, Cid deixa grande legado não só em obras físicas e destaca o Programa de Alfabetização na Idade Certa (Paic), que motivou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), iniciativa que foi transformada em lei pelo Congresso Nacional em fevereiro de 2013 e sancionada pela presidenta Dilma (PT) em maio do mesmo ano. Sarto destaca, na educação, a construção de 107 escolas profissionalizantes.
De 2006 a 2012, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), a taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou incapazes de ler e escrever caiu 4,2%. Em 2006 - 20.5% da população jovem era de analfabetos, em 2012, os números decresceram para 16,3%.  “Quando Cid iniciou sua administração no Ceará, o Estado era o último em qualidade de ensino e passou a ser o primeiro no Nordeste em oito anos. Então,  mostra que uma boa gestão vai além da construção de prédios e de obras físicas”, defendeu.
SAÚDE
Na saúde, destaca-se a construção de grandes hospitais como o do Hospital Regional do Cariri que teve aporte de recursos da ordem de R$ 104,7 milhões, como o Hospital da Região Norte, em Sobral, onde foram investidos R$ 227 milhões e que ajudam a minorar o gargalo nas filas em grandes equipamentos de Fortaleza, que recebe pacientes do Estado, como o Hospital Geral de Fortaleza e Instituto José Frota (IJF). O parlamentar ressalta que a rede de saúde foi que equipada com 20 policlínicas, 21 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além de 18 Centros de Especialidade Odontológica (CEOs).
INDÚSTRIA
Com relação ao setor industrial, em 2013, a fase pré-operacional do polo siderúrgico do Ceará, que tem como âncora a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e no qual governo do Estado investiu US$ 4,9 bilhões, contribuiu para a geração de 23 mil empregos diretos e indiretos. Já no Terminal Portuário do Pecém, ainda no ano passado, o volume de cargas movimentado no foi de 6,2 milhões de toneladas, resultando num crescimento de 40% quando comparado ao ano de 2012.
REDE VIÁRIA
O líder do governo na Assembleia Legislativa destaca como marco no governo de Cid, os investimentos na rede viária do Ceará. O parlamentar frisou a duplicação da CE-085, que beneficia diretamente o turismo de toda a orla oeste (Icaraí, Cumbuco, Paracuru, Paraipaba, Amontada, Jericoacara, Jijoca), como a duplicação da CE-040,  que beneficia o litoral leste, como o município de Beberibe. “A rodovia Padre Cícero também reduziu a distância de quem mora no Cariri e vem para Fortaleza em quase 80 quilômetros”, complementou. Em 2013, o Governo assinou junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) um acordo de empréstimo para desenvolvimento do programa Ceará IV, para a aplicação de US$ 504 milhões – sendo US$ 400 milhões provenientes do BID e US$ 104 milhões do Tesouro Estadual - em pavimentação e restauração de vias.
SEGURANÇA PÚBLICA
Apesar de, na gestão de Cid, os números da violência terem sido sempre crescentes, em 2006, segundo o Mapa da Violência, 1.793 pessoas foram assassinadas no Estado e, em 2012, o número de morte chegou a 3.840 – Sarto ressalta que o governo foi o que mais investiu na história do Ceará em segurança pública. “Cid dobrou, nos últimos oito anos, o número de policiais militares. Quando assumiu, o Estado tinha 127 agentes; o contingente agora chega a 1.300. Antes de deixar o Estado, Cid autorizou concurso público para mais 446 agentes penitenciários”, reverberou.
RECURSOS HÍDRICOS
Desde o início do governo, secundo a Comissão Especial da Seca da Assembleia Legislativa, estima-se que Cid tenha desembolsado cerca de 464 milhões em obras hídricas, com perfuração de poços com dessalinizadores, atendimento de carro-pipa e construção de adutoras. Na tentativa de reforçar a segurança hídrica da população cearense, o governo do Estado, em parceria com o governo federal iniciou a primeira fase  do Cinturão das Águas, projeto de transferência hídrica em que teve  início no ano passado, e a conclusão da primeira estava prevista ainda para esse ano. Nessa primeira parte da obra, orçada em R$ 1,5 bilhão, serão beneficiados 561 mil habitantes do semiárido cearense, um total de 24 municípios entre Jati e o Açude de Orós. Quando o projeto estiver finalizado, será possível alimentar com água todas as 12 bacias do Estado.
PRIORIDADES INVERTIDAS
Para o deputado Danniel Oliveira (PMDB), oposicionista ao Governo, a administração de Cid será marcada por grandes obras polêmicas, como a construção do Centro de Eventos, Ponte Estaiada e Acquário, pondera ser inversão de prioridade, haja vista que o Ceará vive em constante seca.  “Grandes obras foram feitas no Estado como o Centro de Eventos. É exagerado”, critica ponderando que, “de repente, com a metade do que foi gasto no empreendimento, já atenderia a demanda”. Para o pemedebista, é preciso pensar na economia do dinheiro público e no custeio anual dessas obras.
Ainda avaliando a gestão cidista, o sobrinho do senador Eunício Oliveira, criticou os novos hospitais construídos, onde asseverando que só estão com 30% da sua capacidade funcionando. “O Hospital de Sobral, não que eu seja contra, mas ele poderia ter sido um terço daquele tamanho e distribuído em mais duas regiões, com o mesmo custo que teve. São questões de prioridades”, reforçou, salientando a importância da política de descentralização de obras, que avalia conseguir atingir melhor a população.
FALTOU GESTÃO
Para o peemedebista, “faltou gestão”, na área da administração da segurança pública do Estado. “O Ronda foi um projeto que não trouxe nenhuma sensação de segurança para as pessoas que transitam no seu bairro. Então, há uma necessidade de um novo modelo”, defendeu, dando conta de que, em 2013, o gastos no setor foram mais de R$ 1 bilhão e 500 milhões. Para Danniel, Cid “errou” quando investiu pesadamente em material e não em pessoal. “Era para os policiais terem tido aumento salarial e o governo ter se concentrado na integração das polícias”, opinou. “Desejamos que o próximo governador, e vamos cobrar na Assembleia Legislativa, tudo aquilo que se prometeu e ficou por fazer”, pontuou.
O ESTADO

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