Chuva, muita chuva nesta Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção desde à noite de ontem com direito a relâmpagos e trovoadas. São José, mais uma vez, banha nossa Fortaleza
maravilhosa bela com gotas de cristal, esse cristal tão necessário à vida. E eu, como sempre, acordei cedo, ouvi o contagiante
som da chuva que cai despudoradamente.
Então, abri as cortinas de meu quarto para apreciar, de perto, a chuva
que rasga as nuvens e, em cântaros banha a Terra de Iracema. O tempo continua completamente fechado e a chuva
de mansinho. Tudo muda e, de
repente, uma verdadeira enxurrada. É a natureza dando seu bom dia. Tento ver o
mar, mas a nebulosidade me proíbe. De qualquer forma, sinto uma paz
contagiante. É essa paz que sinto agora que quero passar pra vocês nesta
quinta-feira. Mais uma vez, bom dia!
"Mistério
Gosto de ti, ó chuva, nos
beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre
frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…
Talvez um dia entenda o teu
mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!"
Florbela Espanca
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!"
Florbela Espanca
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