terça-feira, 21 de abril de 2020

"ALÉM DE QUEDA, COICE"



Em meio à pandemia, casos de dengue disparam no Ceará

O “Carro Fumacê” é uma das armas que mais está sendo utilizada no embate às arboviroses (doenças transmitidas pelo Aedes aegypti). As ações estão se concentrando na região do cariri e em 26 bairros da Capital. As atividades foram intensificadas devido ao aumento no número de casos registrados nesses locais.
Em tempos de pandemia, as atenções acabam se concentrando sobre o coronavírus. No entanto, dengue, zika vírus e chikungunya, que estavam “sob controle”, tiveram crescimento acentuado de casos, é o que afirma o orientador da Célula de Vigilância Entomológica e Controle Vetorial, Luiz Oswaldo. “A gente está com operação em Fortaleza, assim como em Juazeiro, Crato e Caririaçu”, afirmou.
A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) realiza o “bloqueio da transmissão da dengue” por toda Regional VI e alguns bairros da Regional II de Fortaleza. Ao todo, serão três ciclos de pulverização. O primeiro aconteceu até sexta-feira (17); o segundo ciclo teve início ontem (20) e continuará até 24 de abril. O terceiro, de 27 de abril a 1 de maio.
Oswaldo explica que existem parâmetros científicos no uso do fumacê. “Tem toda uma metodologia. Por exemplo, o carro deve passar numa velocidade de, apenas, 15 km/h e dar a volta em toda quadra”, contou. A pulverização será feita em 4.300 quarteirões, com a aplicação de 118 ml de inseticida por área. O objetivo é fortalecer o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika vírus e chikungunya.
Inodoro
O inseticida que era usado até o começo do ano foi substituído. O componente químico Malathion deu lugar à um novo composto, o Cielo. Este novo produto, segundo Oswaldo, tem várias vantagens em relação ao seu predecessor. “Por ser uma molécula nova, ela é mais eficiente. Além dele ter um cheiro muito mais agradável, a toxicidade para os seres humanos é bem menor. Ao mesmo tempo, esse agente químico tem uma taxa de mortalidade do mosquito altíssima”, esclareceu.
Ele assegurou que o veneno já passou por testes bem sucedidos em outros países, mas, mesmo assim, está sendo testado no Ceará. “Estamos avaliando, em laboratório, os resultados do Cielo na nossa população de mosquitos. Ademais, vamos verificar os números de casos registrados após o uso dele. Comparando com os dados anteriores, teremos uma comprovação do efeito dessa nova substância”, expôs.
O controle químico do mosquito é feito com inseticidas fornecidos exclusivamente pelo Ministério da Saúde (MS). Os produtos devem ser utilizados somente em situações de emergência, de forma racional e segura. O produto tem uma ação eficaz quando está em suspensão no ar. Com a ventilação a uma velocidade de 6 km/h, a ação do inseticida dura de 40 minutos a uma hora e meia.
O fumacê é utilizado para matar o mosquito na fase adulta e impedir que ele se reproduza. Por isso, Oswaldo orienta que, “no momento que o veículo estiver passando, os moradores devem abrir suas janelas e portas, para que as partículas possam entrar na casa. É necessário que haja contato do veneno com o inseto”, elucidou.
Pandemia
Luiz Oswaldo explicou que houve mudanças na atuação da equipe dele por conta da covid-19. Os agentes que faziam parte de grupos de risco foram dispensados do serviço na rua. Além disso, os que ainda estão trabalhando ativamente, estão seguindo algumas recomendações. “É normal que algumas pessoas recebam visitas de agentes que não vão entrar em suas casas, mas vão fazer uma conscientização mantendo, inclusive, distância dos moradores”, contou. Só irá haver entrada nas casas onde o quintal pode ser acessado sem a necessidade de cruzar a residência em si.
Cuidados
De acordo com o último boletim epidemiológico da Sesa, o Ceará já registrou neste ano 5.738 casos de dengue, 54 de zika vírus e 549 de chikungunya. Para evitar que o mosquito nasça, é preciso eliminar os criadouros. O inseticida lançado pelo fumacê não mata as larvas do Aedes aegypti que estão em locais como caixas d’água, potes, baldes, pneus, lajes e bandejas de geladeiras. Por isso, é necessário manter os quintais sempre limpos e recolher todos os objetos que acumulam água.
Oswaldo explica que a limpeza deve ser feita pelo menos uma vez por semana. Isso porque, quando entram em contato com a água, os ovos depositados pela fêmea podem virar mosquitos adultos em apenas oito dias.
O Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Saúde do Estado, desenvolveu a campanha “10 minutos contra o mosquito”. A iniciativa reforça a importância da prevenção no combate às arboviroses. O objetivo é mostrar à população dicas simples, porém fundamentais para evitar a proliferação do mosquito.

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