O jornalista Maurício Stycer, em sua coluna no UOL, faz uma análise sobre os diferentes tons dados pelos principais canais da mídia brasileira aos atos pós leitura da carta em defesa da democracia:
“Os atos em defesa da democracia, realizados nesta quinta-feira (11) em todo o país, mereceram cobertura muito diferente dos telejornais das principais emissoras de TV aberta. O dia foi classificado como "histórico" pelo "SBT Brasil" e pelo "Jornal Nacional". Já "Jornal da Band" e "Jornal da Record" apresentaram cobertura protocolar dos acontecimentos”, diz o jornalista.
“O principal telejornal da Record dedicou apenas 2 minutos e
meio aos eventos. "Cartas pela democracia são lidas em São Paulo",
anunciou. O repórter Emerson Ramos observou que a mensagem foi clara: "a
democracia é o único caminho para o nosso país". O jornalista ainda
registrou que a carta foi "elaborada em resposta às críticas ao sistema
eleitoral", mas não mencionou o nome do presidente Jair Bolsonaro”,
observa.
E prossegue: “O "Jornal da Band" se estendeu por 3
minutos e meio, mas igualmente sem maior entusiasmo. O repórter Filipe Peixoto
observou que "mais de 50 manifestos em defesa do processo eleitoral e da
democracia foram lidos hoje em todo o Brasil, um deles na Faculdade de Direito
de São Paulo". Sobre a carta da democracia, registrou que "quase
todos os candidatos à Presidência assinaram, como Ciro Gomes, Simone Tebet,
Soraya Thronicke, Luiz Felipe d´Ávila e Lula". Mas não mencionou o nome de
Bolsonaro, cujas críticas ao sistema eleitoral provocaram a elaboração do
documento”.
Ainda segundo Stycer, “o "SBT Brasil", que falou
em "quinta-feira histórica", deu bastante destaque às manifestações.
A repórter Simone Queiroz relatou que foram lidas "cartas
apartidárias" dentro da Faculdade de Direito, em São Paulo, mas depois, na
rua, houve protestos contra o presidente Jair Bolsonaro. Foi possível ouvir os
gritos de "Fora Bolsonaro" no ar. Uma segunda matéria mostrou que
houve atos semelhantes em quase todo o país e, numa terceira reportagem, o
telejornal tratou da repercussão política da movimentação do dia. O telejornal
tratou do assunto por mais de sete minutos”.
Stycer encerra sua avaliação dizendo que “A Globo, que exibiu ao
vivo, à tarde, trechos da leitura da carta da democracia, deu tratamento de
gala ao assunto em seu principal telejornal. Já na abertura, deixou claro, numa
série de chamadas, do que estava em jogo nesta quinta-feira”.
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