quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Alece terá maior representatividade feminina de sua história em 2023


Em 2023, a Assembleia Legislativa do Estado do Ceará contará com a maior bancada feminina da sua história. A representatividade feminina na Alece conquistou um crescimento importante com a eleição de nove mulheres nas eleições de 2022, realizadas no último domingo (02/10).

O número aponta para um aumento de 80% quando comparado com a atual legislatura, que conta com cinco parlamentares. No entanto, do total das 46 cadeiras da Alece, as mulheres ocuparão somente 19,5%.

A partir de fevereiro de 2023, a bancada feminina conta ainda com uma ampla renovação, uma vez que somente a atual deputada Dra. Silvana (PL) buscou a reeleição.

Assim, a Alece terá, além da deputada, oito estreantes no Legislativo estadual: Marta Gonçalves (PL), Gabriella Aguiar (PSD), Lia Gomes (PDT), Luana Ribeiro (Cidadania), Jô Farias (PT), Juliana Lucena (PT), Larissa Gaspar (PT) e Emilia Pessoa (PSDB).

PARTICIPAÇÃO EFETIVA

A titular da Procuradoria Especial da Mulher da Alece, deputada Augusta Brito (PT), destaca o aumento da representatividade feminina na Casa e a importância de as mulheres ocuparem os diversos espaços e incentivarem outras.

A parlamentar é a primeira suplente de Camilo Santana (PT), eleito ao Senado neste pleito. Augusta Brito lembra que, em seu primeiro mandato, iniciado em 2015, eram sete mulheres na Alece; no segundo, o número caiu para cinco.

“Eu acho que é um novo momento. Tenho certeza que essas mulheres que foram eleitas não vão ficar felizes somente com a eleição, elas querem participar”, afirma, indicando a presença nas comissões, por exemplo, e nos diversos espaços da Alece.

Augusta Brito comenta a relevância de diferentes perfis das eleitas para a construção da democracia a partir de pensamentos diferentes e de ampla representatividade.

“Acredito muito nessa nova roupagem que vem para a Assembleia Legislativa e que possam representar todos e todas do Ceará”, disse, em pronunciamento realizado na sessão plenária desta quarta-feira (05/10).

A deputada Érika Amorim (PSD), que concorreu ao Senado no pleito, também comentou sobre as candidaturas femininas durante a sessão. Ela ressaltou que o número de candidaturas femininas no Ceará foi o maior desde 1998, o que “comprova a necessidade e importância de leis que garantam e incentivem a participação feminina na política”.

BANCADA FEDERAL

O aumento da participação feminina nas bancadas do Legislativo também aconteceu na Câmara dos Deputados, que, a partir de 2023, terá 91 deputadas federais.

O número representa um aumento de 18% com relação à bancada atual, composta por 77 deputadas eleitas em 2018.

A deputada estadual Fernanda Pessoa (União) elogia a oportunidade de mais mulheres estarem no Parlamento, apontando que, apesar de serem maioria na população, ainda há uma representatividade pequena.

A parlamentar foi eleita para a Câmara dos Deputados com 121.469 votos, compondo a bancada feminina cearense com a deputada federal reeleita Luizianne Lins (PT) e a estreante Dayany do Capitão (União).

“Conseguimos eleger três deputadas federais para representar o nosso Estado. As mulheres vão ter uma voz mais firme, mais determinada na Câmara Federal”, afirma.

PERFIS E POLÍTICAS PÚBLICAS

Paula Vieira, pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia (Lepem) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e professora da Unichristus, avalia que, apesar de ter havido crescimento, o aumento não é significativo diante dos esforços da reforma eleitoral de 2021.

A pesquisadora aponta que a reforma buscava “garantir que os partidos tivessem algum incentivo para investir nas campanhas de mulheres, tanto em termo de financiamento de campanha como também em termos de capital político, ou seja, de dar visibilidade a essas candidaturas”.

Ela avalia ainda que o perfil das eleitas apresenta, de maneira geral, uma representação feminina que acompanha a polarização ideológica atual entre conservadores e progressistas e um distanciamento do centro.

Para Raquel Andrade, coordenadora da Procuradoria Especial da Mulher da Alece, apesar do avanço no número de vagas conquistadas, “é importante que a gente almeje outros horizontes em busca da paridade de gênero”, pois ainda há um longo caminho para efetivar essa paridade na política.

“Para dar sentido à representatividade feminina qualitativa não basta só ser mulher, é preciso lutar pelos direitos das mulheres. É preciso atuar firmemente para fomentar, propor e reforçar políticas públicas para mulheres aqui no estado do Ceará”, afirma Raquel Andrade.

Ela reitera ainda o papel e disponibilidade da Procuradoria para contribuir no trabalho pelo respeito à vida das mulheres e pela garantia de direitos das cearenses.

Fonte: Agência de Notícias da ALECE

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