segunda-feira, 24 de agosto de 2020

JORNAL O ESTADO ENTREVISTA CAPITAL WAGNER, PRÉ-CANDIDATO A PREFEITO DE FORTALEZA PELO PROS


O Estado conversou com o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de Fortaleza Capitão Wagner (Pros), que falou sobre o andamento da candidatura, as tratativas com partidos aliados e as propostas já elencadas pela chapa para a próxima gestão da Capital. Wagner apontou que dois temas ganham destaque de maior urgência hoje em Fortaleza: a saúde, inclusive para além da crise atual, e o desemprego. Confira:


O Estado. Você, assim como colegas seus na Câmara, tem apresentado propostas que têm a ver com o enfrentamento ao novo coronavírus. O que você destaca dessa sua atuação na casa?
Capitão Wagner. Um deles inclusive está sendo viabilizado agora em votação que é uma criação de uma loteria de saúde, onde parte do arrecadado seria para fortalecer as contas da saúde no combate ao coronavírus. Podemos destacar também investimentos juntamente com o Congresso, foram mais de R$ 30 milhões para a saúde do Ceará neste ano, justamente para fortalecer as contas da Prefeitura e do Governo do Estado.
OE. Vemos hoje em Fortaleza números mais controlados do que na maior parte das outras grandes cidades, com a população em geral aprovando a postura do prefeito frente à pandemia. Como você pretende fazer com que essa aprovação não se converta em votos para o candidato governista na eleição?
CW. Primeiro a gente tem a clareza de que o prefeito Roberto Cláudio não vai ser candidato à reeleição. Estamos fazendo algumas críticas construtivas, precisamos relatar que a questão sanitária em Fortaleza é um grande problema, todas as epidemias que atingiram o Brasil – um exemplo é a dengue, que tivemos, Fortaleza foi uma das cidades mais atingidas. Zika e chikungunya, o número de casos também aqui Ceará foi gigantesco e, agora na grande pandemia do coronavírus, os números foram extraordinários, apesar que atualmente já estamos mais estabilizados. Porém, todas essas questões são por falta de saneamento. O Ceará, por conta dessa epidemia, ficou entre os estados com grande contaminação. Com essas chuvas do começo do ano, a Heraclito Graça e outras avenidas ficam completamente inundadas, aumentando assim a probabilidade das pessoas adoecerem. Então é com pensamento de investimento em saneamento e com muitos outros projetos que queremos conquistar os eleitores da cidade.


OE. A que pé que estão as tratativas de aliança com o PSDB, o MDB e o PSL?
CW. Estamos num momento decisivo, as convenções começam agora no dia 31 de agosto e terminam no dia 16 de setembro, e logicamente o candidato que tem um plano para o governo precisa apresentar esse plano pra cidade, e umas das formas é pela TV, rádio, jornal impresso e todos os veículos de comunicação. Não só pela propaganda eleitoral, pois muitos não assistem, mas existem as inserções no meio da programação, que faz os candidatos ficarem conhecidos e as propostas ficarem conhecidas. Há conversa com todos eles, mas não há nenhuma definição nesse momento, e dariam uma sustentação muito bacana pra esse projeto que a gente quer apresentar.


OE. Quem já está sendo sondado pra vice? Já existem nomes específicos em mente?
CW. A gente já tem no arco de aliança nomes que são respeitados na cidade, e estávamos em busca de um perfil de um vice que fosse não só uma figura decorativa, que assumisse um papel de gestor na figura que ele vai representar. Alguém que possa assumir um papel – se for alguém da área econômica, assumir uma secretaria nessa área, alguém da saúde do mesmo jeito, educação… Alguém ficha limpa, que possa não atrapalhar e sim agregar algo positivo. Não temos definido ainda, vamos fechar o arco de aliança e definir. Hoje já temos no arco opções, mas se vierem partidos com outras sugestões vamos botar na mesa de discussão.


OE. De que modo você acha que o caso do áudio do deputado Bruno Gonçalves vai impactar a eleição? Tende a ficar deixado de lado ou acha que deve ter impacto no resultado dos votos?
CW. Nós vemos o deputado Bruno Gonçalves como um mensageiro da família Ferreira Gomes. Ele tentou se aliar ali na base da compra, pagando R$ 200 mil a um vereador, quando a gente escuta ele relatando que o prefeito Roberto Cláudio mandou R$ 100 mil em uma semana, R$ 200 mil na outra, e que nesse espatifado de dinheiro o prefeito ofereceu R$ 2,5 milhões pela compra do PL. Isso é preocupante, as autoridades já foram todas acionadas e espero que isso não vire pizza, mas uma decepção, e que os envolvidos sejam investigados.


OE. Da última eleição pra cá o Ceará viveu dois grandes episódios na segurança, que foram as ondas de ataques das facções e os motins da PM. Qual é o legado que fica dessas duas experiências aqui em Fortaleza e qual que é o aprendizado tirado delas que deve guiar a administração pública nas próximas gestões?
CW. A gente viu em 2019 a escolha do governador Camilo Santana pelo secretário Mauro Albuquerque para assumir a gestão previdenciária aqui do Estado do Ceará, escolha essa que eu apoiei e elogiei, pois sabíamos que isso iria desagradar as facções. O fato é que tivemos no começo do ano de 2019 ataques a vários prédios públicos, instituições, e isso impactou a população. Ceio eu que ficou a lição de que, quando o Estado quer, ele usa sua força e acaba disciplinando o sistema penitenciário e as ruas. O sistema penitenciário se disciplinou, mas infelizmente as ruas ainda estão nas mãos das facções. E a gente vê o movimento dos policiais militares no começo do ano – do qual a gente não participou, de forma clara em janeiro fiz um pronunciamento dizendo que o ideal não era fazer movimento, era continuar o diálogo para melhorar as condições de trabalho desses profissionais, mas infelizmente a categoria tomou a decisão e deu no que deu. Foi um grande prejuízo na categoria, muitos policiais respondendo a processo, e prejuízo para toda a imagem do Estado.
OE. Além da segurança, qual você considera que é o maior desafio em Fortaleza hoje?
CW. Fortaleza tem grandes dois problemas: o problema da saúde, do saneamento, que é grave e urgente. Havia uma expectativa, pelo prefeito ser médico sanitarista, de melhorar o sistema público de Fortaleza, se gastou muito mais e a qualidade não melhorou, e isso se tornou urgente. O outro problema é o do emprego e renda, que foi intensificado na pandemia, os números de desempregados em Fortaleza aumentaram muito. Então o próximo gestor tem que ter a capacidade de unir o setor público com a cadeia produtiva da cidade. Não é a Prefeitura que vai fazer isso, mas vamos ajudar os empresários a crescerem e fazerem o seu negócio gerar renda.


OE. Quais seriam estratégias eficazes para alavancar a economia a partir de 2021 na cidade, quando a crise econômica ainda deve estar em alta?

CW. O prefeito de qualquer cidade vai receber em janeiro de 2021 cidades endividadas para poder combater as questões da pandemia, pois foram muitos gastos e os dirigentes das cidades terão que se reinventar, as arrecadações vão diminuir… Então a nossa ideia é ter ligação com o setor produtivo, sabemos que o turismo é a grande ferramenta pra impulsionar emprego e renda na Capital, mas ao mesmo tempo temos uma região periférica com espaço pra atrair industriais, no Bom Jardim, Messejana, para instalar empreendimentos e gerar emprego e renda. 

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