Primeiro debate na TV é marcado por acirramento
O primeiro debate do segundo turno na TV entre os candidatos ao Governo do Estado do Ceará foi marcado pelo acirramento entre os concorrentes. O peemedebista Eunício Oliveira, diferentemente dos debates do primeiro turno, ateve-se a confrontar o seu adversário Camilo Santana (PT). Entre críticas ao petista, Eunício afirmou que Camilo foi escolhido porque vai ser “dócil” no Governo e ressaltou que não tem apadrinhamento político. Já Camilo Santana defendeu o debate programático, mas alfinetou Eunício Oliveira, dando conta de que o peemedebista faltava com a verdade, e disparou que, quando Eunício era aliado do governador Cid Gomes, afirmava que o Ceará tinha o melhor Governo. O debate foi realizado pela TV O POVO.
Os temas referentes à educação e segurança pública fomentaram o início do debate. Camilo Santana foi o primeiro a discorrer sobre a qualidade da educação no Estado e destacou a construção de 106 escolas profissionalizantes pelo atual Governo, ponderando que esse era o melhor modelo de educação para o Ceará. “De 2011 para 2013, aumentamos de quatro mil para 11 mil alunos na escola. Queremos transformar a escola do ensino médio e as profissionalizantes”, destacou o petista.
“A escola de tempo integral não aconteceu no Ceará”, disparou Eunício, frisando que de 400 mil alunos, apenas 10 % estão na escola de tempo integral. O peemedebista prometeu que, caso seja eleito, irá destinar 10% do PIB para a educação, o que possibilitará o ingresso de 200 mil estudantes no programa, durante sua gestão.
No questionamento sobre segurança pública, Eunício criticou o distanciamento entre a Polícia Civil e Ronda do Quarteirão. “O Ronda foi criado como uma terceira força e não resolveu a questão da violência. [...]Temos cerca de 60 mil mandados de prisão que não são cumpridos. O que vemos é pessoas de bem trancadas dentro de casa. Não foi dado às polícias a oportunidade de fazer os seus trabalhos”, disse o peemedebista, ressaltando que as polícias foram desintegradas.
Já Camilo Santana, respondeu que o problema da segurança pública não pode ser tratado com demagogia, mas com responsabilidade. “Vamos ampliar as equipes do Raio para 150”, disse, salientando que implantará, nas áreas mais críticas do Estado, o ‘Programa Abraça’, que levará para as comunidades mais carentes escolas de tempo integral, mais iluminação, esporte e cultura.
Em contraponto, Eunício afirmou que o petista não diz a verdade ao cearense. “Quando ele fala parece que foi ele que fez as coisas no Ceará, parece que o governo não é o Cid. Por que não resolveu a questão da Polícia? [...] Por que demorou tanto tempo para aumentar as equipes do Raio? Por que em vez de comprar helicópteros caros não fez isso?”, criticou Eunício Oliveira.
Cultura
O acirramento maior deu-se quando Camilo Santana tratou sobre a expansão de investimentos da cultura no Ceará. O petista assumiu o compromisso de destinar 1,5% do orçamento do Estado para a cultura e reverberou ser o único candidato a se comprometer com o assunto. Eunício retrucou e questionou o porquê de nos últimos oito anos, o atual governo não investiu na área. “A cultura cearense foi completamente desprezada, eu tenho condições de assumir esse compromisso”, disse, salientando não ter padrinho político.
Por sua vez, o petista criticou Eunício Oliveira, dando conta de que, até quatro meses antes da eleição, o peemedebista apoiava o Governo de Cid Gomes.“É uma contradição muito grande você, Eunício, porque até quatro meses atrás você dizia que esse era o melhor governo do mundo, você dizia que o governador Cid era o melhor governador da história desse Estado. Como é que se muda? Você indicou vários cargos para esse governo, inclusive o secretário-executivo da Segurança Pública, seu correligionário Aloísio Carvalho, indicou o secretário de Recursos Hídricos. Que contradição é essa? Reflitam, cearenses”, criticou.
“Eu saí do Governo, porque o PMDB tem condições de fazer essa disputa e fazer uma mudança no Ceará. Se eu quisesse permanecer no governo e elogiar, eu estaria aí. O senhor que é o candidato do governo e que vai dar sequência ao que temos hoje. O senhor fala em diálogo e em dobrar orçamento para cultura, isso não é verdade, porque não fez antes?”, retrucou Eunício.
“Olho pra sua cara e digo que tenho orgulho de fazer parte desse governo. Muita coisa boa aconteceu no Ceará nos últimos sete anos, batemos recorde de emprego. Parece que o Eunício não sabe os dados do Ceará”, rebateu Camilo Santana.
Em um outro momento, Camilo chegou a afirmar que o candidato Eunício chegou a procurar o governador Cid Gomes para ser o seu candidato a sucessão Estadual. “Mas ele não aceitou, aliás, disse publicamente os três motivos dele porque não lhe apoiava”, complementou.
FECOP
Ainda nos enfrentamentos, o candidato Eunício Oliveira questionou a Camilo Santana se era correto usar dinheiro do Fecop (Fundo Estadual de Combate à Pobreza) para se apropriar de casas e criar cargos em agências para doar para aqueles que não foram eleitos na chapa majoritária da eleição passada?
Camilo respondeu ressaltando que “o dinheiro do fundo de combate à pobreza é utilizado para cuidar dessas questões de pobreza. Desconheço e nem é real o que o senhor está dizendo. Somos pioneiros no Brasil nessa área. Não fui governador, fui secretário, tive autonomia para criar bons projetos, como a regularização fundiária das propriedades rurais do Ceará que tiveram esses recursos. Para garantir casa, moradia digna. Hoje temos 58 mil unidades”, finalizou.
BASTIDORES
Candidatos repercutem sobre o debate político
Em entrevista à imprensa, após o debate, o candidato Eunício Oliveira (PMDB) reiterou o fato de não ter “padrinhos políticos”, o que, segundo ele, fará toda a diferença na hora de governar. “Quem tem padrinho político vai obedecer ao padrinho político que escolheu o seu candidato. Eu vou fazer a diferença, porque vou ter independência”, afirmou. O peemedebista criticou a atual gestão, afirmando ter se fechado para o diálogo com a sociedade. “Prometer diálogo, agora, é uma farsa para buscar o voto do eleitor”, alfinetou.
Questionado sobre estar em segundo lugar nas pesquisas, Eunício salientou que os 10% dos eleitores vão decidir o seu voto no dia da eleição. “Então, muita coisa vai acontecer nesses últimos dias. A pesquisa soberana que vale não é a boca de urna, mas o que vale é a pesquisa dentro da urna.
Eunício disse ainda que, caso não se eleja, se manterá na oposição, contra a atual composição política que administra o Ceará. “A democracia é isso, o partido que ganha vai para o governo, o que perde, vai para a oposição”, disse.
O peemedebista lamentou ainda que para o segundo turno ocorra com segurança, seja necessária a presença das tropas federais. “É lamentável que o Estado do Ceará, no século XXI, volte a fazer uma política do tempo dos coronéis de 1940. E necessário foi pedir as forças para que venham coibir o que aconteceu no primeiro turno como compra deslavada de votos. Foi o que aconteceu no interior do Estado, em Fortaleza e Região Metropolitana”, pontuou.
CAMILO SANTANA
Ao conversar com a imprensa, Camilo Santana reiterou que buscou apresentar propostas nos debates programáticos e em seus programas eleitorais de TV e rádio. “O debate é importante, porque é o momento de a gente dizer quais nossas propostas para a área da saúde, onde quero construir dois hospitais, e, em todos os municípios que ainda não têm Unidades de Pronto Atendimento”, afirmou.
Sobre as críticas de seu adversário político, que não o aponta “independente” para gerir o Estado, Camilo Santana foi enfático. “Parece desespero do meu adversário. Eu sou muito grato a população do Ceará que me deu mais de dois milhões de votos no primeiro turno, e tenho muito orgulho de ser apoiado pelo governador Cid”, respondeu, disparando que: “Não fui eu que fui atrás do governador para ser candidato”.
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