quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Vereador A Onde É tá mais enrolado que caracol em época de chuva

Eles foram denunciados por peculato, lavagem e organização criminosa.

Vereador é suspeito de desviar Verba de Desempenho Parlamentar

A Onde É: Dinheiro desviado da Câmara pagou até "lua de mel"; MP quer a cassação do vereador
A Onde É: Dinheiro desviado da Câmara pagou até
 “lua de mel”; MP quer a cassação do vereador

O Ministério Público do Ceará (MP-CE) apresentou nesta quarta-feira (15) denúncia contra o vereador de Fortaleza Antônio Farias de Sousa, conhecido como “A Onde É”, o chefe de gabinete do parlamentar, Claudemir da Silva Veras – conhecido como “Cláudio”- um advogado, que ocupa o cargo de assessor jurídico do gabinete de "A Onde é",  e outros 12 assessores. Eles foram denunciados pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Segundo as investigações, cerca de R$ 800 mil foram desviados pelo grupo.Prisão“A Onde É” foi preso em flagrante no dia 26 de agosto quando tentava receber o salário de um assessor, que denunciou o esquema do vereador ao Ministério Público. Antes de ser eleito, “A Onde É” era entregador de pizza no Bairro Bom Jardim, em Fortaleza. O G1 contatou o advogado do parlamentar, mas as ligações não foram atendidas.
Terceirizados
De acordo com o promotor Ricardo Rocha, da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap), do MP-CE, 12 dos 13 assessores denunciados eram contratados também como funcionários terceirizados da Câmara Municipal de Fortaleza. Segundo o MP, o “modus operandi” do vereador e do chefe de gabinete se dava da seguinte forma: os assessores admitidos passavam os números das contas, os respectivos cartões eletrônicos e talões de cheque assinados em branco para o vereador e o chefe de gabinete que sacavam os salários. Aos assessores era repassada uma quantia muito inferior ao salário recebido.
Veículos de luxo
Além disso, segundo o promotor, o vereador comprou dois veículos de luxo e diversos terrrenos nas imediações de Fortaleza, bem como oito apartamentos no Bairro Meireles, em Fortaleza, no valor global de R$ 2,5 milhões, valor que deveria ser pago em 48 parcelas de R$ 50 mil. “Como é possível essa elevação patrimonial em tão pouco tempo, considerando que o subsídio de um vereador de Fortaleza é R$ 12 mil”, questiona o promotor de Justiça.Com isso, o vereador adquiriu bens incompatíveis com subsídio de um parlamentar, segundo o MP-CE.“Tão logo entrou no exercício do seu mandato, o vereador, empregou parte da Verba de Desempenho Parlamentar [usada no pagamento dos assessores] para adquirir o imóvel que reside atualmente no valor de R$ 150 mil. O imóvel foi quitado em cinco parcelas iguais mensais de R$ 30 mil", explica Ricardo Rocha.
O caso
Preso em flagrante no dia 26 de agosto pelo crime de concussão quando tentava receber o salário de um assessor, "A Onde É" teve a prisão preventiva decretada pela juíza Cristiane Faria, titular da 10ª Vara Criminal de Fortaleza, no dia 30 de agosto. O  crime de concussão consiste em "exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida". Se condenado, "A Onde É" pode pegar de dois a oito anos de reclusão, além de pagamento de multa
Liberdade negada
O vereador já teve três pedidos de liberdade negados pela Justiça. No dia 1º de outubro, a mesma juíza negou o relaxamento da prisão do vereador pedido pela defesa. Dois dias depois, em 3 de outubro, o desembargador Luiz Evaldo Gonçalves Leite, do Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), negou habeas corpus. No pedido, a defesa alegou a anulação do flagrante, "por não haver indícios idôneos de autoria". Afirmou também que a versão apresentada pelo assessor delator é mentirosa. No dia 10, outro habeas corpus foi negado. Desta vez pelo ministro Félix Fischer, do Superior de Justiça (STJ). "A Onde É" segue preso na Delegacia de Capturas.
Denúncia
A denúncia partiu de um assessor que acusou o parlamentar de forçá-lo a entregar a remuneração por meio de ameaças e intimidação. No ato de prisão em flagrante, os agentes encontraram R$ 6 mil em espécie carro do vereador. Em depoimento prestado à delegada Socorro Portela, titular do 2º Distrito Policial, onde foi lavrado o flagrante, o assessor afirmou que trabalha com o vereador "A Onde É" desde fevereiro de 2014 e "recebia" salário de R$ 1.823, pago pela Câmara Municipal de Fortaleza.
Cartão do banco
Durante o depoimento, o assessor afirmou que o cartão do banco e a senha ficavam em poder do chefe de gabinete do vereador "A Onde É", que sacava os valores depositados. Ele disse que recebeu remuneração apenas uma vez, em maio, quando ocorreu uma ação social promovida pelo vereador no bairro onde o assessor morava. Pelo trabalho de divulgação do evento, o assessor afirma ter recebido entre R$ 400 e 500. 
Bloqueio
Ele conta que no mês de agosto, quando soube que o vereador estava sendo investigado pelo Ministério Público do Ceará (MP-CE), decidiu bloquear o cartão do banco e denunciou o caso ao MP. Segundo o assessor, ao perceber que o cartão estava bloqueado, o chefe de gabinete e o próprio vereador "A Onde É" passaram a intimidá-lo e a pressioná-lo para que fosse realizado o desbloqueio. "O declarante falou que foi ao banco porque "A Onde É" lhe procurou no dia 17 e 24 deste mês [agosto] para pedir o dinheiro da assessoria; o declarante disse que não considerava [o dinheiro] como sendo seu, pois apenas tinha emprestado o seu nome", consta no depoimento. O dinheiro era sacado pelo chefe de gabinete do vereador.  
Investigação
No dia 8 de agosto, promotores de Justiça da Procuradoria dos Crimes contra a Administração Pública (Procap) e agentes da Polícia Civil do Ceará cumpriram mandados de busca e apreensão no gabinete de Antônio Farias de Sousa, na Câmara Municipal, na residência do vereador e do seu chefe de gabinete.
Contratação de pessoal
De acordo com as investigações da Procap, o vereador contratou de 20 a 30 pessoas como assessores fantasmas que são pagos com a Verba de Desempenho Parlamentar (VDP), um recurso que os vereadores recebem da Câmara Municipal para fazer face às despesas de custeio de seus gabinetes e contratação de assessores. Cada vereador tem direito a R$ 40 mil por mês, mas a nomeação desses assessores não é publicada em Diário Oficial ou no Portal da Transparência. “São atos secretos”, diz o promotor Ricardo Rocha.
Terceirizados
Além dos assessores, a Câmara ainda contrata terceirizados. Segundo o Ministério Público, não existe a relação nominal dos terceirizados que prestam serviços para vereadores de Fortaleza, apenas o valor total e a empresa pela qual eles são contratados. É o caso do assessor delator de "A Onde É". Além de ocupar o cargo comissionado de assessor do vereador, ele era contratado por uma empresa de terceirização de mão de obra que presta serviços à Câmara Municipal de Fortaleza onde recebia salário de R$ 1.448 e R$ 220 de vale-refeição.

Com informações do G1-CE

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