Senador
Mário Couto, que tomou a defesa histérica de Aécio Neves e pediu o impeachment
de Dilma é acusado de fraude em 11 processos
Mário Couto, que se autoproclama como paladino da ética, tem a conta
bloqueada pela justiça e acumula diversos processos (Agência Senado)
:
Uma figura regional ganhou notoriedade nacional ontem na patética discussão travada em torno do Marco Civil entre Aécio e Lindbergh Farias no Senado, imortalizada num vídeo que viralizou na internet.
Uma figura regional ganhou notoriedade nacional ontem na patética discussão travada em torno do Marco Civil entre Aécio e Lindbergh Farias no Senado, imortalizada num vídeo que viralizou na internet.
Era o
senador Mário Couto, do PSDB do Pará. Ele saiu
correndo em direção de Lindbergh, dedo em riste numa
gesticulação histérica. Tomou a defesa de seu colega de partido, e a cena
poderia terminar em pugilato se não interviessem ali.
Couto é a
chamada chave de cadeia, e é revelador do sistema político e jurídico nacional
que ele ocupe ainda uma cadeira no Senado, da qual profere, não raro, do alto
de sua ficha corrida pesada, inflamados pronunciamentos pela ética e contra a
corrupção.
A
biografia de Couto é rica.
Algum
tempo atrás, uma mulher numa pequena cidade do Pará entrou com um processo
contra ele depois de ter sido chamada – contou ela – de “macaca” e coisas do
gênero.
No
processo, ela disse que a razão da fúria de Couto foi ela não haver deixado que
ele pregasse em sua casa cartazes de um candidato a prefeito.
Como
deputado pelo Pará, ele se meteu em encrencas legais também. O Ministério
Público o acusou de fraudar licitações na Assembleia Legislativa, da qual era
presidente.
Empresas
em nome de laranjas ganharam concorrências em série. O controle das licitações
da Assembleia Legislativa estava a cargo da filha de Couto, Cilene.
Por conta
das licitações suspeitas, a conta de Couto foi bloqueada pela justiça paraense,
para evitar transferências de dinheiro para parentes, amigos ou, simplesmente,
laranjas.
Até no
futebol a crônica dele é notável.
Couto,
algum tempo atrás, virou patrono de um time da segunda divisão paraense. O
estádio do time, do interior do Pará, recebeu seu nome, e é conhecido como
Coutão.
Algumas
contratações caras para os padrões locais despertaram suspeitas. Como um clube
tão modesto poderia bancar as despesas – sem receita de estádio e com
patrocínio tímidos?
A
resposta, segundo as evidências, residiria no Detran do Pará, um reduto de
Couto de acordo com pessoas que conhecem a política do Pará.
As
denúncias sugerem que Couto arrumava bons empregos no Detran para mulheres de
jogadores, e ali estaria o pagamento, com dinheiro do contribuinte paraense.
No
YouTube, um vídeo mostra uma cena desalentadora neste capítulo futebolístico.
Numa reportagem de uma emissora local, aparece um pequeno empresário brandindo
uma papelada.
Eram os
documentos de um terreno, disse o empresário, que foi tomado por Couto para
fazer parte das dependências do clube. O terreno fica ao lado do Coutão.
Apesar
dos documentos, apesar da luta do proprietário do terreno na justiça, não houve
reintegração de posse. Isso, no Brasil, é algo que só funciona contra favelados como
os da Favela Oi.
Couto, no
passado, segundo é amplamente comentado entre os paraenses, foi ptesença
destacada no jogo do bicho.
Nada
disso impede o senador de ser um cruzado pela moralidade. Antes de tomar a
defesa física de Aécio, ele pediu o impeachment de Dilma por causa do caso da
refinaria de Pasadena.
A
presença de Mário Couto no Senado mostra várias coisas, nenhuma delas
animadora. Uma delas é que o PSDB tem que olhar para o espelho antes de falar
em moralização.
Mas a
conclusão mais importante é: que venha, urgentemente, uma reforma política.
Paulo
Nogueira, DCM
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