Por Ricardo Alcântara*
É verdade: a presidente Dilma fez, no todo, uma campanha muito agressiva. Agressiva nos termos em que colocou sua definição sobre os adversários e, mais ainda, na desproporção entre temas propositivos, quase inexistentes, e a virulência de sua ação desconstrutiva.
Responda depressa: qual a principal proposta de campanha da candidata governista? Não houve. A resposta, muito vaga, às mudanças que os sinais das pesquisas indicavam, veio no formato simbólico de um slogan: ‘Governo Novo, Novas Ideias’. Sim, mas quais? Nenhuma.
A campanha governista tratou, basicamente, de descredenciar os adversários e reafirmar o legado dos doze anos de Lulismo, inclusive recorrendo muitas vezes ao mérito de índices cuja relevância fora alcançada nos governos anteriores, do ex-presidente Lula da Silva.
Excluídos os pudores da boa ética para a qual o PT não se vê mais devendo obrigações, Dilma soube fazer uma campanha calibrada: escolheu as emoções certas e, dos riscos, ficou com os menores. O posicionamento estratégico a colocou em melhor condição de disputa.
Se Dilma Rousseff governar o Brasil com a mesma competência dedicada por João Santana à sua campanha, estaremos todos muito bem em 2018, embora tenham caído as últimas máscaras para que a distorção grosseira dos fatos fosse a efeito – um alto preço, creia.
Campanha agressiva, mas, também, defensiva: seu mérito maior foi saber se descolar, perante parcelas do eleitorado (mais fiéis ao seu partido ou mais beneficiadas pelo seu governo), das pesadas denúncias relacionadas à Petrobras. Entre eles, poucas baixas.
Nordeste? Governista como sempre. Foi assim na ditadura. Foi assim com Collor e FHC. E será assim, enquanto houver aqui legiões de cidadãos em condições de vida vulneráveis, para quem as políticas públicas, compensatórias, são uma questão crucial de vida ou morte.
Dilma só teria perdido se Aécio Neves a tempo visse que, apesar de seu bem avaliado governo, Minas Gerais já houvera negado maioria aos tucanos por três vezes nas eleições presidenciais. Pois veio de lá e do Rio de janeiro o aval mais forte à continuidade.
Olhe o mapa. Fácil perceber: não foi só Bolsa família. Colheu o governo, na sua hora mais delicada, de inflação com estagnação, um voto de confiança assentado também em salários maiores, empregabilidade e acesso ao crédito: Renda e Consumo decidiram a parada.
Pauta Livre é cão sem dono. Se gostou, passe adiante.
*Ricardo Alcântara é escritor e publicitário
Mensagens para pautalivre@ricardoalcantara.com.br
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quinta-feira, 30 de outubro de 2014
DILMA 2014: RETRATO DE UMA VITÓRIA.
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