segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Sífilis no Ceará: Quase seis mil casos só em menores de um ano de idade

Aumentam casos de sífilis congênita no Estado do Ceará


Quase seis mil casos de sífilis congênitas em menores de um ano de idade foram registrados no Ceará, entre os anos de 2001 a 2013. Nesse período, o ano de 2012 foi o que teve maior quantidade de casos, totalizando 965 infectados, com uma taxa de incidência de 7,6 por mil nascidos vivos. Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa), no ano de 2013, até o mês de setembro, foram notificados e investigados 511 casos. Porém, esse número aumentou nos anos seguintes. Em 2014, por exemplo, foram registrados 1.212 e ano passado, 1.193.
Sobre o aumento, o obstetra da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), explica que ele pode ser oriundo de várias causas. “Nos últimos anos, verificou-se o aumento da gravidez na adolescência, também o número de mulheres usuárias de drogas.
Esses pacientes que usam droga têm uma vida sexual mais desregrada e esse grupo de risco não se preocupa em procurar assistência de saúde, aumentando assim a probabilidade de adquirir a doença”.
No entanto, acredita que nos próximos anos pode-se esperar uma redução do número de casos, devido ao aumento na assistência à saúde. “Esse quantitativo depende muito do alcance dos programas governamentais de saúde. Tem programas de rastreamentos para ofertar o pré-natal para um número cada vez maior de pessoas.
Diante disso, os números tendem a diminuir no decorrer do tempo. Mas, o que se pode dizer, também, é que nos anos anteriores o número era baixo porque havia pouco diagnóstico. De 2014 para cá, observa-se a crescente devido ao aumento do diagnóstico. Então, há vários fatores que influenciam nos dados”, explicou.
Diagnóstico
De acordo com os números, o que se percebe é que a doença avança. Segundo Homero Carvalho, o contágio acontece através da gestante para o bebê, mas a doença pode ser prevenida e tratada se descoberta com antecedência. Homero explica que um pré-natal bem feito é a medida mais efetiva para o controle da sífilis e a consequente redução dos números de casos nos próximos anos.
O diagnóstico se dá por meio do exame de sangue e deve ser pedido no primeiro trimestre da gravidez. “O recomendado é refazer o teste no terceiro trimestre da gestação. É um exame rápido e acessível”, informa.
No Ceará, o Hospital São José, o Hospital César Cals e a Maternidade Escola Assis Chateaubriand estão preparados para atender, diagnosticar e tratar casos de sífilis congênita.
Dentre os medicamentos apontados como eficazes no tratamento, está a penicilina. “No ano passado houve descontinuidade desse medicamento. Isso preocupou muito a gente, pois sem o tratamento as chances de contágio do feto aumentam. Foi feito um tratamento alternativo, mas não é ideal”, disse, apontando a descontinuidade da oferta do medicamento a um dos fatores que também pode ter contribuído para o aumento dos registros de casos de sífilis. “Agora já está regularizado. Mas esse é um medicamento primordial que não pode faltar”, alertou.
Microcefalia
O que mais tem preocupado a população e a saúde pública, nos últimos meses, é o constante aumento dos casos de microcefalia e a sua possível associação ao vírus zika. Porém, observa-se que infecções congênitas (quando há transmissão da gestante para bebê) também causa má formação. A sífilis é uma dessas doenças. O número de casos, inclusive, aumenta ano a ano no Ceará.
Sobre o assunto, o médico afirma que as sequelas oriundas da sífilis, não impactaram nos registros de microcefalia. “A sífilis causa microcefalia também, mas não com tanta frequência. Tem outras sequelas associadas à sífilis. Portanto, não é tão impactante quanto as sequelas que o zika vírus está causando”, finalizou.

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