quarta-feira, 25 de março de 2020

LINHA DE FRENTE






Desafio de enfrentar riscos para manter Fortaleza ativa



Mesmo com o isolamento social convocado por autoridades em todo o mundo, muitos profissionais não estão em casa. Esses, que estão na linha de frente do combate ao novo coronavírus (Covid-19), são importantes para a manutenção da quarentena dos que estão reclusos em suas residências, e, também, para impedir a disseminação do vírus. Profissionais da saúde, entregadores, produtores e outros. Todos os trabalhadores dos chamados serviços essenciais estão arriscando suas vidas em nome da saúde do restante da população.

São homens e mulheres como o técnico em enfermagem, que preferiu não revelar sua identidade, então o trataremos por João. Ele fala sobre as alterações que o vírus causou. “Desde da chegada do Covid-19, houve uma grande mudança na nossa rotina. No âmbito hospitalar, a grande cobrança é em relação ao contato direto e indireto com cada pessoa que entra na unidade. Isso faz com que o nosso psicológico vire uma ‘bagunça’, pois temos que controlar nossos medos e ansiedades para não demonstrar-los nem para os familiares e, muito menos, para os paciente suspeitos”, conta. Ele relata ainda sobre as emoções dos pacientes “que já chegam com um pensamento ‘depressivo’, pois são eles que não vai poder chegar perto disso ou daquilo”, completa.

O técnico João fala também das mudanças que ocorreram na casa dele e de alguns colegas. “Quando chegamos, exaustos da rotina, temos que dobrar ainda mais o cuidado, pois não estamos mais protegido com equipamento de proteção individual (EPI), para se aproximar dos nossos pais, filhos e esposas”, explicou. Ele ainda falou sobre algumas demandas que surgem por consequência da rotina diferente. “E daí vem novamente as cobranças como ‘por que você não sai dessa área e procura outra profissão?’ ou ‘por que você não se afasta um tempo?’. A gente escuta isso”, desabafou.

Na luta

O fotojornalista Lucas Moura, 30, atua diariamente na obtenção de imagens para informar a população e fala sobre os sentimentos que o trabalho vem causando ultimamente. “Mostrar o que está acontecendo em jornais, agências e revistas, como estou fazendo, é super gratificante, mas, ao mesmo tempo, ficamos triste pela situação que estamos cobrindo”, pontua.

Lucas complementa ainda que “os jornalistas estão vivendo tudo isso. Boa parte do mundo está dentro de casa acompanhando por nossas mãos, confiando no que estamos mostrando, retratando”. O jornalista complementou que “a imagem tem um peso muito grande. E para bater essas fotos eu acabo me envolvendo com a história, conversando com as pessoas. E o fotojornalismo é de extrema importância, pois sensibiliza o leitor”, garante.

Contudo, mesmo “amando o que faz”, Lucas afirma que sente medo. “As imagens que vejo, que fotografo, faz que eu me preocupe. E todo dia tem uma novidade diferente, mais um motivo para ficar tenso”, lamentou. Ele também exemplifica o que o deixa tão aflito, “eu estou vendo as ruas fazia, estádios virando hospitais, eventos cancelados, vejo o povo com medo e outros ‘nem aí’. E nós jornalistas também temos família, e fico com medo de levar o vírus para dentro de casa, mesmo tomando todos os cuidados possíveis”, declarou.

Ajudando

O farmacêutico Jailson Menezes, 22, deixou o trabalho em hospitais pouco antes do novo
coronavírus se tornar o centro das atenções mundiais, entretanto fala sobre o sentimento que muitas pessoas estão expressando. “As pessoas acham que os profissionais de saúde são vetores para a transmissão de Covid-19”, diz. Ele conta também sobre como busca ajudar. “Estou indo atrás de ajudar, de maneira comunitária, as pessoas que precisam; os locais que precisam de mais assistência de outros profissionais da saúde. Vou ajudar mesmo não sendo contratado”, e reiterou a necessidade do isolamento social, “temos que reforçar a importância das pessoas ficarem em casa e de que nós, profissionais da saúde, estamos trabalhando por elas”, atesta.

A fisioterapeuta Janaina Colasso, 33, não está atuando presencialmente na luta contra o Covid-19, mas não deixa de fazer a sua parte. “Trabalho em clínica e estamos respeitando as orientações do Ministério da Saúde. Paramos os nossos atendimentos na clínica devido não termos pacientes críticos”, lamenta, contudo, mesmo à distância, os enfermos tem seu suporte garantido. “Oriento eles de casa mesmo. Faço exercícios voltados para cada um e depois mando os vídeos via Whatsapp”, explica.

Janaina fala também sobre as mudanças de rotina em casa. Já que as escolas também pararam, ela assumiu também o papel de professora. “Estudo com a minha filha. Uso os materiais e atividades que a escola preparou para casa durante esse
período”, falou. E para evitar sair de casa, “faço compras pelo telefone e peço que entreguem aqui, quando elas chegam higienizo tudo perto do portão da minha casa, em uma mesa”, completa.

Entregando

Para que a fisioterapeuta faça suas compras sem sair de casa, uma equipe de profissionais trabalha para viabilizar a logística, um desses é o entregador Pedro Viana, 19. Ele aponta a importância do seu serviço. “O nosso trabalho é importante, assim como dos médicos e dos profissionais de farmácia. São três ramos fundamentais”, mas lamenta, “a gente acaba se sentindo inseguro pois, querendo ou não, o supermercado é um local que manipula dinheiro, que aglomera pessoas”, explicou.

Pedro também fala sobre não conseguir seguir todas as medidas protetivas. “Uma das coisas que mais se fala é sobre a lavagem das mãos, mas devido ao grande movimento de entregas a gente acaba não conseguindo parar para higienizar as mãos”, falou. “As vezes nem horário para almoço conseguimos tirar, no máximo um lanche rápido, como uma banana, mas logo a gente volta pro trabalho”, expressou. E acrescentou ainda que “tem o sentimento de missão cumprida, mas o clima geral é de insegurança”, completou

Em tempos de quarentena, é necessário ser obediente às orientações das autoridades, só assim o destino da país, em especial do Estado do Ceará, será diferente do que está acontecendo na Itália. Os trabalhadores de serviços essenciais, como profissionais da saúde, segurança, limpeza, produção, logística e tantos outros estão trabalhando para garantir todo necessário para se viver a quarentena, consequentemente, superar a crise do Covid-19. Os jornalistas do Jornal O Estado também estão atuando incansavelmente para informar à população. Então, em respeito ao trabalho de tantos, e à saúde de todos, se mantenha em casa, a salvo de qualquer risco.

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