Nas mesas de aposta de Brasília, Guedes e Regina disputam quem cai primeiro...
No início deste mês, 3 de março, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deu 15 semanas para o governo e o Congresso mudarem o Brasil. O prazo expira em meados de julho, quando começa o recesso parlamentar.
A declaração soou como uma ameaça, já que, em vezes anteriores, Guedes declarou que poderia "pegar o boné" e ir embora. Isso o tornou o que se chama de "pule de dez", uma barbada, nas mesas de apostas sobre qual o próximo ministro a deixar o cargo.
Mas eis que em meio ao noticiário sobre estagnação da economia, crise nas bolsas, disparada do dólar e derrubada do preço do petróleo, apareceu a nova secretária da Cultura, Regina Duarte, para disputar com Guedes quem deixa antes o cargo.
As bolsas de apostas de Brasília entraram em frenesi.
A ex-namoradinha do Brasil, ex-musa dos bolsanaristas e ex-candidata a estrela das manifestações do próximo domingo passou a dividir com o ministro o protagonismo nas apostas quando apontou os seguidores de Olavo de Carvalho como "uma facção" dentro do governo.
E Regina Duarte atacou o guru do presidente Jair Bolsonaro e filhos justamente numa entrevista no programa Fantástico, da arqui-inimiga TV Globo, neste domingo. Ela já não vinha bem com os bolsonaristas quando defenestrou da Secretaria alguns integrantes do grupo logo ao tomar posse.
A resposta ao Fantástico deste domingo veio logo na segunda feira. No melhor estilo olavista:
O vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), é o filho que o presidente da República chama de "meu pitbull". Ele que cuida das redes sociais do presidente. Pois agora Carlos está apontando as mandíbulas tanto para Guedes como para Regina e os militares do Planalto que a indicaram para o cargo.
Carlos começou a tornar menos cifradas suas mensagens no Twitter. Ontem, atacou abertamente o liberalismo defendido por Guedes:
E o que chama de "isentões", grupo em torno do governo que ele considera adversário e que daria sustentação a Regina Duarte e Guedes:
Quem cogita prudência e sofisticação prezando pelo isentismo que trouxe o Brasil ao fundo do poço, como a oposição desejada do tucanato, não quer mudanças e desrespeita e humilha quem elegeu o Presidente. Os positivistas são lixo que necessitam ser expurgados!
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No dia anterior, voltou a dar mordidas naqueles que cercam o presidente no Planalto - uma indireta aos generais do Palácio. O alvo principal é o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos.
Tenho atuado como posso, entretanto é visível que o Presidente está sendo propositalmente isolado e blindado por imbecis com ego maior que a cara. Cagam para o Brasil. Graças a Deus e para o bem de nosso país os avanços sobrepoem os vis. É uma luta inglória!
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Vale lembrar a força das dentadas do pitbull: ele foi o responsável pelas demissões do antecessor de Ramos na Secretaria de Governo, general Santos Cruz, e do secretário-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, depois que resolveu detoná-los publicamente.
Ramos foi obrigado a dar um passo atrás. Veio publicamente no Twitter repreender sua queridinha secretária de Cultura:
- O Presidente valoriza a Cultura, que deve se espelhar na família tradicional e nos princípios cristãos. Nosso governo tem um norte: a vontade da maioria do seu povo. Nisso Regina e Bolsonaro devem estar juntos.
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..... em nosso governo .
- Devemos trabalhar todos pelo mesmo objetivo, seguindo a orientação político-ideológica do nosso Presidente e defendendo os valores e convicções do povo brasileiro
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Carlos Bolsonaro é acusado de provocar crises no Planalto. Mas seus posts mostram que ele se vê, na verdade, como um guerreiro disposto a dar a vida para defender o pai de tudo o que possa abalar o governo.
Guedes foi aceito enquanto se mostrava eficiente na função de "Posto Ipiranga", a abastecer de energia a economia e, portanto, a expectativa de poder e as urnas eleitorais.
Mas passou a se candidatar a inimigo público número um do filho Zero-dois, na medida em que a economia dá sinais de fracasso, como está ocorrendo agora, ameaçando a sobrevivência do governo.
Outros ministros, como Abraham Weintraub (Educação) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), já estiveram até em situação pior do que a de Guedes e Regina Duarte.
Agora não mais.
As baterias do bolsonarismo estão apontadas para a secretária e também preparadas para atirar no ministro. Essa é a prioridade.
Em guerra, a facção mais radical não aceita perder postos aliados. Já convenceu Bolsonaro de que precisa manter Weintraub e Salles, "pelo bem do conservadorismo".
Quanto a Regina e Guedes, tudo indica que seus destinos estão traçados. As apostas sobre qual dos dois cai primeiro já correm soltas em Brasília.
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