Camilo Santana diz que líder do motim da PM no Ceará está foragido:
‘Estamos atrás dele e não conseguimos achar’
Em publicação no diário oficial do estado do Ceará, Cabo Sabino foi
classificado como líder da manifestação dos PMs, que durou 13 dias no estado.
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G1CE — Brasília
Conforme o decreto, Cabo Sabino fez convocações para que os policiais abandonassem o posto de trabalho — Foto: José Leomar/SVM
O governador do Ceará, Camilo
Santana, afirmou na noite desta quarta-feira (4) que o ex-deputado federal Cabo
Sabino está foragido e sendo procurado pela polícia por liderar o motim feito
por policiais militares do estado.
"Há uma disputa por espaço entre
os próprios líderes políticos dentro do movimento. Inclusive um deles, está com
um mandado de prisão e está foragido do estado do Ceará. Estamos atrás dele e
não conseguimos encontrar", disse o governador em entrevista a GloboNews.
Durante a negociação para o fim do motim,
membros da comissão enfrentaram um impasse para dar continuidade aos diálogos
porque os policiais pediam que o ex-deputado federal fosse representante da
categoria. "Eu enxergo esse motim no Ceará muito mais político do que
salarial. Porque salário nós já tínhamos feito o acordo", afirmou Camilo.
Em publicação no diário oficial do
estado do Ceará, Cabo Sabino foi classificado como líder da manifestação.
Conforme o decreto que afastou o
ex-deputado da polícia do estado, Sabino fez as convocações
para que os policiais abandonassem o posto de trabalho.
O Ceará enfrentou uma crise na
segurança pública, motivada pelo motim de policiais militares do estado. A
categoria se dizia insatisfeita com a proposta de reajuste salarial apresentada
pelo governo local.
Após 13 dias de paralisação, foi
assinado na última segunda-feira (2) um acordo para encerrar o motim. O acordo
foi formalizado e assinado na Procuradoria Geral de Justiça (PGJ), no
Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE).
Acordo
Entre outros pontos, o acordo prevê que o governo do
Ceará irá investir R$ 495 milhões com salários dos
policiais militares até 2022. Outra reivindicação dos amotinados, a anistia aos
policiais que participaram do movimento não foi aceito pelo governo do estado.
A Secretaria da Segurança Pública do
Ceará deixou de divulgar o número de homicídios ocorridos durante o motim de
parte dos policiais militares.
Conforme o órgão, os dados
consolidados de fevereiro serão disponibilizados em breve. Mesmo sem as
estatísticas finais, os 225 crimes violentos contabilizados durante nove dias
paralisação de PMs superou a conta de homicídios de todo o fevereiro de 2019 no
estado.
Resumo:
·
5 de dezembro: policiais e bombeiros militares organizaram um ato
reivindicando melhoria salarial. Por lei, policiais militares
são proibidos de fazer greve.
·
31 de janeiro: o governo anunciou um pacote de
reajuste para soldados.
·
6 de fevereiro: data em que a proposta seria levada à Assembleia
Legislativa do estado, policiais e bombeiros promoveram uma manifestação
pedindo aumento superior ao sugerido.
·
13 de fevereiro: o governo elevou a proposta de reajuste e anunciou
acordo com os agentes de segurança. Um grupo dissidente, no entanto, ficou
insatisfeito com o pacote oferecido.
·
14 de fevereiro: o Ministério Público do Ceará (MPCE) recomendou ao
comando da Polícia Militar do Ceará que impedisse agentes de promover
manifestações.
·
17 de fevereiro: a Justiça manteve a decisão sobre possibilidade de
prisão de policiais em caso de manifestações.
·
18 de fevereiro: três policiais foram presos em Fortaleza por cercar um
veículo da PM e esvaziar os pneus. À noite, homens murcharam pneus de veículos
de um batalhão na Região Metropolitana.
·
19 de fevereiro: batalhões da Polícia Militar do Ceará foram atacados.
O senador Cid Gomes foi
baleado em um protesto de policiais amotinados.
·
20 de fevereiro: policiais recusaram encerrar o motim após ouvirem as
condições propostas pelo Governo do Ceará para chegar a um acordo.
·
21 de fevereiro: tropas do Exército começam a atuar nas ruas do Ceará.
·
22 fevereiro: Ceará soma 88 homicídios desde o início do motim. Antes do
movimento dos policiais, a média era de seis assassinatos por dia. Governo do
Ceará anuncia afastamento de 168 PMS por participação no movimento.
·
24 de fevereiro: ministro Sergio Moro visita Fortaleza para acompanhar a
operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
·
25 de fevereiro: governo divulga que já tem 43 policiais presos por
deserção, motim e queima de veículo particular.
·
26 de fevereiro: Comissão formada pelos três poderes é criada para
buscar soluções para paralisação dos PMs. Ceará pede ao governo federal
prorrogação da presença de militares do Exército no estado.
·
27 de fevereiro: Comissão realiza uma nova rodada de negociações, mas
sem resultado, e a paralisação dos policiais continua.
·
28 de fevereiro: Comissão descarta a possibilidade de anistiar os
policiais militares amotinados. Camilo Santana envia à Assembleia Legislativa
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe anistia de policiais
amotinados no Ceará.
·
29 de fevereiro: Assembleia Legislativa inicia série de sessões
extraordinárias para votar PEC que proíbe anistiar policiais amotinados.
·
1º de março: policiais votam pelo fim do motim da categoria.
·
2º de março: Batalhões são decupados por policiais após o fim da
paralisação.
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