sexta-feira, 26 de outubro de 2012

PRETO NO BRANCO, coluna publicada no jornal O OESTADO

          NEGOCIATA NAPOLITANA

 
Julieta Brontée

A imprensa italiana começa a desvendar os motivos do ódio tão fortemente destilado pelo ex-ministro da Justiça, Nelson Jobim, contra a presidenta Dilma. Todos lembram que Jobim era tido como o único ministro que não fora defenestrado do governo Dilma por corrupção, mas por ser um boquirroto machista que não soube respeitar a hierarquia presidencial. Parece que não foi bem assim. Segundo vários jornais italianos e a promotoria napolitana, por causa da não extradição do terrorista Cesare Battisti, Jobim teria sido prejudicado numa negociata bilionária envolvendo a compra de fragatas para a Marinha do Brasil e pela qual receberia uma espécie de comissão.
Os principais jornais italianos, estampam que a promotoria de Nápoles divulgou documentos que revelam o pagamento de comissões ilegais sobre a venda de equipamentos de tecnologia aeroespacial e de defesa da empresa Finmeccanica, que é controlada em 30% pelo Estado Italiano, ao Panamá e ao Brasil. Ontem mesmo, o diretor geral da Finmeccanica, Paolo Pozzesser, teve sua prisão decretada, ao mesmo tempo que o suposto envolvimento de Jobim e de Claudio Scajola, ex-ministro de Desenvolvimento de Silvio Berlusconi, na negociata, foi revelado, pela promotoria de Nápoles.

Lorenzo Borgoni, um antigo responsável pelas relações institucionais da Finmecc anica, observa que se fechasse essa venda de 11 embarcações (cinco fragatas, cinco escoltas e um super navio de apoio), por um total de uns 5 bilhões euros, aproximadamente 11% deste valor seria destinado a Scajola, Massimo Nicolucci (porta-voz do ministro) e, inclusive, a Jobim. O valor total da propina seria o equivalente a 550 milhões de euros ou R$ 1,4 bilhão de reais.

Segundo o La Stampa, Jobim, que depois de deixar o ministério passou a se dedicar a advocacia, "começou a rir", ao saber da divulgação de seu envolvimento no caso pela promotoria de Nápoles. Como na Itália, terra da pizza, as coisas não costumam acabar em pizza, talvez o riso do ex-ministro seja de nervoso, quem sabe.
 
CURTO CIRCUITO
 Contagem
Alguém sabe me responder quantas pessoas cabem mesmo na Praça do Ferreira: 10 mil? 20 mil? 40 mil, 50 mil?

Contagem II
Outra perguntinha que não quer calar: Quantas sacadas existem na Praça do Ferreira? A Milano não tem sacada, a Leão do Sul não tem sacada, a farmácia Osvaldo Cruz não tem sacada, a Sul América não tem sacada. Todas as lojas até o calçadão, não têm sacada; o hotel Excelsior, fechado; Savannah, fechado; São Luiz, fechado; a 4.400 há muito tempo não existe mais...
Contrapartida
Do presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos: “No primeiro turno, o PSB foi o partido que mais apoiou o PT, mas só é notícia quando a gente não apoia. No segundo turno, o PT disputa em 17 cidades e nós os apoiamos em 11. Nós disputamos em oito cidades e só em uma o PT nos apoia, desde o primeiro turno, que é o município de Duque de Caxias (RJ)”.
 
UMAS & OUTRAS

Imperfeito
O Supremo Tribunal Federal, pelo fato de ser composto por criaturas humanas, não é mesmo perfeito. Essa história do “in dubio pro réu”, que já impediu a extradição do tetra-homicida italiano Battisti, poderá “livrar a cara” de alguns mensaleiros. É o resultado de um tribunal com número par de membros.

Falha dela
A presidente Dilma Rousseff, ainda por conta das investidas da Comissão de Ética da Presidência contra o seu–companheiro de guerrilha, ex-ministro Fernando Pimentel, multimilionário às custas de consultorias mal explicadas, desmontou e remontou aquele setor, que agora “come na mão” dela.

Esfriou  O colunista Roberto Pompeu de Toledo, da “Veja”, chama à atenção para um fato que vem sendo “abafado” pelo mensalão e pelas eleições municipais: a maneira como a presidente Dilma “esfriou” na sua dura tarefa de “limpar” o seu ministério. Desconfia-se que foi um “basta” do “padrinho” Lula.
Advertência
A eleição em Campinas, segunda cidade de São Paulo, deveria servir de alerta para o PT de Fortaleza. Naquela cidade, nem a visita da presidente Dilma, nem a participação direta e permanente do ex-presidente Lula, deverão impedir a vitória do socialista Donizetti, apoiado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

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