quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Trabalho Escravo Contemporâneo será tema de palestra nesta quinta-feira

 
 O Ministério Público do Trabalho (MPT) participa através do chefe da Coordenadoria Nacional de Combate ao Trabalho Escravo do MPT, Jonas Moreno, de uma palestra sobre Trabalho Escravo Contemporâneo, nesta quinta-feira, às 20h30, na Faculdade Christus (Av. Dom Luís, 911. 15º andar).
Para Jonas Moreno é necessário que o Parlamento se mobilize e tenha interesse redobrado no combate ao trabalho escravo para reduzir as denúncias no país. Paralelamente, ele recomenda que o governo também amplie os quadros de funcionários, principalmente o de fiscais. “O governo precisa lançar concursos. O quadro de funcionários está defasado. Recebemos muitas reclamações por parte do sindicato dos auditores sobre o quadro defasado de fiscal e também porque muitos auditores aposentaram”, disse Moreno.
Para o procurador chefe do MPT no Ceará, Nicodemos Fabrício Maia, as penas ainda são muito brandas para os aliciadores de mão-de-obra a ser explorada em condições degradantes ou análogas às de escravo. “Um trabalhador que rouba o empregador tem, em tese, a mesma pena que um empregador que pratica trabalho escravo”, lamentou. Ele relata o caso da fazenda Jaburu (PE), expropriada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em benefício da reforma agrária por ter sido encontrada nela uma plantação de maconha.
“Não podemos aceitar que a sétima maior economia do mundo seja a 64ª em Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, acrescentou o procurador-chefe do MPT-CE. Ele também lamentou o reduzido número de procuradores para atuar no combate ao trabalho escravo no Ceará. “Temos um procurador para cada 600 mil habitantes”, disse.
Para coibir o uso ilegal de mão-de-obra análoga a de escravo, o governo criou em 2004 um cadastro onde figura os empregadores flagrados praticando a exploração. Ao ser inserido nesse cadastro, o infrator fica impedido de obter empréstimos em bancos oficiais do governo e também entra para a lista das empresas pertencentes à "cadeia produtiva do trabalho escravo no Brasil". O cadastro é utilizado pelas indústrias, varejo e exportadores para a aplicação de restrições e não permitir a comercialização dos produtos advindos do uso ilegal de trabalhadores. O Ceará tem quatro empresas nesta lista, atualizada em julho deste ano.
Os nomes são mantidos por dois anos e, caso o empregador não volte a cometer o delito e tenha pago devidamente os salários dos trabalhadores, o registro é excluído. A inclusão do nome no Cadastro ocorre após decisão administrativa relativa ao auto de infração, lavrado em decorrência de ação fiscal, em que tenha havido a identificação de trabalhadores submetidos ao “trabalho escravo”.
As exclusões derivaram do monitoramento pelo período de dois anos da data da inclusão do nome do infrator no Cadastro, verificadas a não reincidência na prática do “trabalho escravo”; do pagamento das multas resultantes da ação fiscal, bem como da comprovação da quitação de eventuais débitos trabalhistas e previdenciários.
NÚMEROS DO TRABALHO ESCRAVO NO CEARÁ E NO BRASIL
2.271 pessoas foram resgatadas em situação degradante de trabalho em 2011 no País
158 operações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel foram realizadas em 2011
R$ 5,4 milhões foram pagos em indenizações trabalhistas por exploração do trabalho análogo ao de escravos no País
320 estabelecimentos foram inspecionados em 2011, segundo dados da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
41.451 trabalhadores foram resgatados em todo o Brasil entre os anos de 1995 a 2011
1.240 operações já foram realizadas desde a criação dos Grupos Móveis
391 infratores integram a mais recente “lista suja” de empresas e fazendas onde foram constatados trabalhadores em situações análogas às de escravos, conforme divulgado pelo MTE em julho deste ano
4 integrantes da lista suja são empresas situadas no Ceará: Agrovale Companhia Industrial do Vale do Curu (Paracuru), Fazenda Lagoa do Canto (São Gonçalo do Amarante), Libra Ligas do Brasil (Parambu) e Mundial Construções e Limpeza Ltda (Ubajara)
OPERAÇÕES TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVOS NO CEARÁ
 
CEARENSES LIBERTADOS
Janeiro/2010 - 14 cearenses dos municípios de Barro e Aurora foram libertados em Araguari (MG) por auditores fiscais do Trabalho e pelo procurador do Trabalho Fábio Lopes.
Outubro/2009 – Operação em São Gonçalo do Amarante (CE) libertou 20 trabalhadores que atuavam no corte e extração de madeira. Eles haviam sido aliciados em Pacajus e Croatá.
Outubro/2008 - Entre 51 trabalhadores libertados em operação em carvoaria de Parambu (CE), a maioria havia sido aliciada em Quixadá, Quixeramobim, Banabuiú e Aiuaba. Um dos dois aliciadores foi preso portando pistola.
Setembro/2008Em operação no Paracuru (CE), 141 trabalhadores de usina de álcool foram encontrados em situação degradante, entre eles, cinco adolescentes com menos de 18 anos. Os trabalhadores eram moradores do próprio município ou de vilarejos próximos.
Maio/2008 – Entre 44 trabalhadores libertados em São Félix do Xingu (PA), segundo o procurador Carlos Leonardo (que participou do resgate), havia um oriundo de Itapipoca.
Março/2007 – 50 trabalhadores de Guaraciaba do Norte, Croatá e Ipueiras foram encontrados em alojamentos no Rio de Janeiro. Eles trabalhavam para a Marques Vieira Construções e Limpeza, prestadora de serviços na limpeza de ônibus e das garagens de empresas de transporte coletivo, segundo os procuradores Marcelo José Fernandes da Silva e Lisyane Chaves Motta (que participaram da operação de resgate).
Fevereiro/2006 – 24 trabalhadores foram resgatados em Sobral. Eles prestavam serviço à Chesf, através da Mundial Construções e Limpeza Ltda. 16 foram recrutados em São Mateus (MA) e o restante perto de Sobral.
 
PERFIL DO TRABALHADOR ESCRAVIZADO
* Homens de 18 a 44 anos
* Analfabetos ou até 2 anos de estudo
* 85% dos resgatados haviam começado a trabalhar com menos de 12 anos de idade
 
(Informações da Assessoria de Imprensa do MPT-CE)
 

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