quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Antipetismo até a medula

Apelo emocional de Lula ao PSB em favor de Dilma era desnecessário. Antipetismo pregado por Eduardo está impregnado no partido

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Por várias vezes, petistas e o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstraram pesar diante do fato de o ex-governador Eduardo Campos ter rompido com a presidente Dilma Rousseff e o PT.
Ao longo da pré-campanha presidencial diziam que Eduardo deveria ter esperado 2018, que lamentavam a decisão e por aí vai.
Agora, Eduardo morto e Dilma precisando de apoio no segundo turno, Lula foi mais longe.
Apelou para o passado de afinidade com Eduardo para tentar convencer a viúva do ex-governador,  Renata Campos, a levar o PSB para o palanque do PT.
Segundo a colunista Denise Rothenburg, do Correio Braziliense, na conversa. Lula lembrou a ela que considerava Eduardo um filho.
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E destacou o projeto e a história que construíram juntos, o PSB e o PT.
Em nome dele e dessa hsitória, Lula pediu que o PSB não fechasse nesta quarta-feira (08) o apoio ao candidato do PSDB, Aécio Neves.
Pois bem, ainda na campanha de 2006, quando recebeu o apoio irrestrito do PT pernambucano, Eduardo começou a traçar o projeto de se firmar como líder estadual e, mais tarde, nacional.
A adesão de Humberto Costa ao palanque do PSB no segundo turno, quem não se lembra, foi instantânea e sem negociação alguma.
Àquela altura, apenas o PT não quis ver, os planos de Eduardo já incluía o garroteamento PT local.
E petistas, em nome da aliança com o PSB e das boas relações cultivadas por Eduardo com Lula, assistiam de olhos entreabertos os socialistas se fortalecerem e diminuírem os espaços do PT.
Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
Blenda Souto Maior/DP/D.A Press
O fato de João Paulo se apequenar e aceitar uma secretaria no segundo governo Eduardo é prova cabal da cegueira petista.
Aliás, enquanto o maior líder do PT estadual era tratado como figurante na gestão, o ex-governador entrava com os dois pés na corrida pelo Planalto.
Com alta popularidade e marketing apurado, consolidou, por meio dos empreendimentos atraídos com apoio do governo federal, a imagem de gestor moderno e antenado com os novos tempos e a natimorta “nova política”.
Ao mesmo tempo, a demora na decisão sobre a candidatura a Prefeitura do Recife em 2012 – após o racha entre João Paulo e o ex-prefeito João da Costa – só agilizava o golpe final do PSB.
Alegando não ser mais possível aguardar pelo entendimento interno do PT, o PSB lançou nome próprio e venceu a eleição.
Na esteira da perda do Recife, após 12 anos de hegemonia – quatro deles em conflito -  o PT-PE, seguiu somando golpes.
Viu Eduardo romper e atacar Dilma diuturnamente do segundo semestre de 2013 em diante e, mesmo assim, permaneceu murmurando lamentos pelo afastamento do ex-governador.
Agora, Lula recorre ao emocional diante de um PSB plenamente desligado de Dilma e do PT. Chove no molhado, dá murro em ponta de faca.
Ainda que se entenda a necessidade de reforço para a candidatura de Dilma, o apelo de Lula é descabido.
Os socialistas há pelo menos um ano não deixam um pingo de dúvida: assumiram o antipetismo.  E Eduardo, vale lembrar, não se sentia devedor do PT.
Bem, como escreveu Marisa Gibson na coluna Diario Político de segunda-feira (06), “o eduardismo é cria do arraesismo, que Eduardo transpôs gradativamente, preparando-se em seguida para varrer o petismo da cena brasileira”.
Lula, assim como todo pernambucano, sabe disso. No entanto, como os petistas daqui, ele prefere não acreditar. Vão se enganando e gostando.

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