quarta-feira, 3 de junho de 2020

ABERTURA: PROS E CONTRAS


Retomada: plano ainda divide opiniões de população no CE


O plano de retomada da economia proposto pelo Governo do Ceará propõe uma abertura gradual de diferentes setores, com restrições de horários e recomendações de higiene. Mas os detalhes da proposta e o modo como ela está sendo pondo em prática geram polêmica entre os cearenses.
Há quem critique o projeto em sua inteireza e outros que acreditam ser necessárias apenas algumas alterações, assim como há aqueles que veem com bons olhos a proposta para a volta às atividades no Estado. O contador Aurélio da Silva Júnior, por exemplo, se alegra com o retorno, mas reclama das margens que o decreto deixa.

“Eu acho interessante, o plano, principalmente por segmentar por atividades, com protocolos para cada uma. Mas acredito que seria mais proveitoso, e claro, se ele fosse mais específico. Pois, infelizmente, a forma como ele foi apresentado dá muitas brechas para interpretações distintas”, argumenta o profissional.

Segundo Aurélio, essas imprecisões da proposta de retomada criam muitas dúvidas para seus clientes, que não conseguem discernir se podem, ou não, reabrir seus empreendimentos e com quais restrições. Todavia, para o contador, o plano é bom em aspectos como as análises constantes da curva epidemiológica, além do prazo de 14 dias entre uma fase e outra, para que o controle seja mais prudente.

No entanto, mesmo esperançoso com a teoria, Aurélio enxerga uma probabilidade muito grande de haver falhas na prática do plano. “Acho que não vai dar certo. Muitas empresas já nem respeitaram a primeira legislação, e não pararam de utilizar suas estruturas físicas, mesmo não sendo essenciais, expondo os funcionários. E mesmo assim, não foram multadas”, afirma.

O contador diz que ficou feliz com o modo como o setor dele foi tratado no plano, mas reitera que não parou de trabalhar durante a quarentena. “É uma área que pode funcionar com ‘home office’, dependendo da estrutura da empresa, claro. Então, lá no escritório a gente conseguiu continuar a prestar nossos serviços normalmente sem impactar os nossos clientes”, conta.

Oposto
Mas, a opinião de muitos cearenses destoa de qualquer otimismo. O estudante Eduardo dos Santos vê como precipitada a volta às atividades. Ele acredita que a instauração do
“isolamento social rígido”, em Fortaleza, foi atrasado, e que é imprudente fazer a transição nesse momento, onde os números da curva epidemiológica começaram a se estabilizar.

“Quando finalmente o ‘lockdown’ está dando resultado, a curva está começando a descender e existe uma possibilidade de esvaziar os hospitais, iniciar esse plano é irresponsável”, afirma. Eduardo argumenta, também, que se a fiscalização for falha, como foi nas últimas semanas, a tendência é de piora.

“Para mim, nesse momento em que os casos estão se reduzindo, é a hora de estender o isolamento rígido para todo o Estado, mesmo que por duas, ou três, semanas, para conseguir manter esse controle de redução”, explica. O estudante denuncia que, mesmo para o plano de retomada proposto, é necessário que haja vigilância, mas que até agora não viu efetividade nela.

Eduardo crê que uma extensão da quarentena aumentaria os impactos financeiros e na economia cearense, no entanto, “é uma responsabilidade que o Estado tem que assumir”. Além disso, ele critica as ações tomadas desde a chegada da covid-19 no Ceará. “O ‘lockdown’ deveria ter acontecido lá no começo, quando a curva epidemiológica começou a crescer, justamente para prevenir a proliferação do vírus, no entanto foi feito o contrário, fechando tudo gradativamente enquanto a epidemia crescia”, explica.

E ele reitera que “é precipitado querer voltar às atividades, já que, em nenhum momento, tivemos controle do vírus e fiscalização das ações de combate. E realizar essa ruptura vai gerar, mais do que nunca, o descontrole. Prova disso é o que já aconteceu nos centros de Fortaleza e Caucaia, ontem, onde o movimento já estava enorme, criando várias aglomerações”, conclui.

Aprovou
No caminho contrário, o comerciante Lucas Eduardo se alegra com a proposta de volta às atividades.
“Achei bom, porque, querendo ou não, a gente precisava retornar”. O trabalhador acredita que é necessário a sensatez de cada pessoa, para que tudo funcione bem.


“Eu sei que tem o perigo, mas a gente precisa ter responsabilidade e seguir as orientações. Acho certo o retorno, mas sei que tem muita gente que discorda de mim. No entanto, é uma via de mão dupla, e se não voltarmos a trabalhar, vamos morrer de fome, não de covid-19, por mais que o Governo ajude”, explica o comerciante.

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