NUVEM DE GAFANHOTO DEIXA EM ALERTA CIDADE DO RS NA FRONTEIRA COM ARGENTINA
A notícia de que uma nuvem de gafanhotos poderia chegar ao Brasil assustou muita gente, e virou motivo de piada nas redes sociais. Mas na pequena cidade de Barra de Quaraí, no Oeste do Rio Grande do Sul, o clima é de apreensão e preocupação entre os pouco mais de quatro mil habitantes. O município está a 130 quilômetros da província de Corrientes, na Argentina, onde os insetos estão parados desde a última quarta-feira (24), e 90% da economia depende da agropecuária.
"O pessoal ficou bem apreensivo aqui, foi uma surpresa muito grande. A gente nem sabia que uma coisa dessas acontecia, mas conversando com pessoas de mais idade descobrimos que há 50, 60 anos atrás os gafanhotos já passaram por aqui. A preocupação é real porque o estrago seria muito grande. Se acessarem o município como aconteceu na Argentina, vai ser uma tragédia para nós", afirmou o prefeito da cidade, Iad Mahoud Abder Rahim Choli (PSB).
O prefeito explica que, durante a maior parte do ano, as plantações de arroz movimentam a economia local e médios e grandes produtores vendem o insumo para várias regiões do país. Mas agora é o momento da entressafra e o maior risco são as plantações de milho e as pastagens que servem de alimento para o gado.
Os insetos preferem o tempo quente e seco para se alimentar e continuar o caminho, mas nos últimos dias o tempo mudou. A temperatura abaixou bastante e a previsão é de chuva, tranquilizando parte da população.
"Já sabemos que a movimentação deles depende muito das condições climáticas e isso está nos ajudando. Até lá, não tem muito o que fazer, o governo do estado já entrou em alerta, pediu para o pessoal se preparar e estamos fazendo o monitoramento. Mas na prática, nem as pessoas, nem o município pode fazer algo. Intervir com inseticidas, por exemplo, pode afetar a fauna e a flora, além da população, então é só esperar e torcer para que não venham", disse Mahoud.
Na Argentina, o último boletim do Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar argentino (Senasa), divulgado na noite de quinta-eira (25), afirmou que não é possível saber a localização exata dos insetos porque ele estão em uma área de "difícil acesso, com poucas estradas".
Apesar disso, eles confirmam que a nuvem não deve ter se locomovido em grandes distâncias. O governo também afirmou que está preparado para fazer o controle dos insetos na região, se for necessário. A província tem um avião pulverizador disponível para isso.
No Brasil, o Ministério da Agricultura confirmou em nota que a nuvem não se moveu desde a última quarta-feira. Segundo o órgão, não é possível definir um município mais afetado, já que essa avaliação depende da movimentação da nuvem.
"O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) permanece em situação de alerta e mobilização, em conjunto com as equipes técnicas das Superintendências Federais de Agricultura e dos órgãos estaduais de Defesa Agropecuária nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É prematuro mencionar culturas que estariam em risco. Mas, a princípio, seria o pasto nativo e culturas de inverno que estiverem plantadas", declarou.
A expectativa agora em Barra de Quaraí é que a previsão do tempo se confirme, e tire a cidade da rota da nuvem de gafanhotos. Um possível destino para os cerca de 40 milhões de insetos seria o Uruguai. Encontrando condições favoráveis, eles se agrupam para procurar alimentos e contam com ventos fortes para facilitar o seu deslocamento.
Font: Época
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