quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Urna violada

Conselho Tutelar »Candidatos denunciam irregularidades em eleição



Uma urna violada encontrada dois dias após a eleição para o Conselho Tutelar do Recife, ainda com 149 votos não contabilizados, foi o estopim para que candidatos ao cargo entrassem com uma série de medidas judiciais na tentativa de anular as eleições. Ontem, o grupo protocolou uma denúncia na Corregedoria do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por negligência da Promotoria da Infância e outra junto à Polícia Federal. “Antes da eleição comunicamos à Promotoria falhas no processo e que candidatos haviam fraudado declarações de idoneidade. No dia da eleição tivemos mais irregularidades. Eles não fizeram nada”, comentou Nadilene Pereira, que concorreu ao cargo. De acordo com o grupo, essas fraudes levaram, inclusive, à eleição de ex-presidiário que respondeu por estupro.
A urna teria aparecido após uma mãe fazer uma denúncia anônima em uma das unidades do Conselho Tutelar. Ela pertence à Região Político Administrativa (RPA) 4 que teve mais outras duas urnas impugnadas. Cinco pessoas foram eleitas nesta RPA e a diferença entre o quinto e o sexto colocado foi de 313 votos. O presidente do Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (Comdica), José Rufino, afirmou que a urna já havia sido impugnada por não ter sido encontrada e atribui as falhas à falta de apoio do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) que não cedeu urnas eletrônicas, nem prestou assistência no dia do pleito. “A eleição foi extremamente positivas, tendo em vista que quase dez capitais grandes elas foram impugnadas. As falhas foram pontuais e em decorrência do TRE não ter cedido as urnas eletrônicas”, disse.
O grupo também acusa o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente (Comdica) de omissão e o presidente do órgão, José Rufino, de ser condizente com as irregularidades. Eles alegam que Rufino tem usado o cargo para trabalhar a pré-eleição dele ao cargo de vereador do Recife. O presidente nega. “Eles que estão me lançando candidato. E têm muitos candidatos a conselheiro que estão reclamando, mas que foram apoiados por vereadores. Eu sou conselheiro e represento o gabinete do prefeito Geraldo Julio, apenas”, rebateu. Ele também negou ter desconhecimento de candidato que tivesse ficha criminal e tenha sido eleito.
A eleição para o cargo de conselheiro tutelar costuma ser disputada principalmente por dois pontos: a força política que traz ao detentor do cargo, dada a inserção na comunidade e a estabilidade, uma vez que o mandato é de quatro anos e o salário é, hoje, de R$ 2.800,00. No pleito ocorrido no Recife, no último domingo, votaram 65 mil eleitores. Em média, 100 pessoas são atendidas em um dia comum em cada RPA. O Recife teve 130 candidatos, sendo 40 eleitos.
(Diário de Pernambuco)

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