quarta-feira, 22 de maio de 2019

A CHUVA


Fortaleza amanheceu lava e alagada pela chuva que cai desde ontem à noite. Por conta disso, solvi  falar, não sobre política ou qualquer outro assunto de interesse público. Resolvi falar sobre mim mesma, sobre meus sentimentos a respeito dessa quarta-feira chuvosa aqui na Capital cearense, na terra de José de Alencar. Espero que leiam e gostem.

A CHUVA

Julieta Brontée

Debruçada sobre o parapeito de minha varanda vejo a chuva que cai desde à noite de ontem continuar caindo indolentemente, sem pressa e sem vontade de parar e, ainda de “baby doll”, sinto os grossos pingos d’agua molharem todo o meu corpo e um vento leve levar a água à se espalhar pelo terraço.
Olho ao longe e do alto do meu apartamento vejo aquele marzão azul, as árvores balançarem indolentemente, os grossos pingos de chuva caírem insistentemente lá em baixo na piscina num encontro de águas. O vento assobia, as nuvens somem, o Céu completamente escuro como se avisando que São José vai continuar com sua generosidade durante muito tempo.
Paro, penso, e pergunto para mim mesma: Já que estamos quase no fim de maio, será o inverno anunciando sua partida? Lembro que nesse período de inverno, aqui em Fortaleza as chuvas costumam prosseguir até junho/julho. Lembro que São José quando está generoso com o nosso sofrido Ceará, traz as chuvas com mais frequência a partir de dezembro, prosseguindo até junho ou julho, dependendo, como diriam os meteorologistas, das condições oceânicas e atmosféricas atuantes.Tomara que neste ano, elas realmente não esqueçam de nós cabeças chatas, principalmente, lá pras bandas do interior, onde mais se necessita desse líquido precioso para alegria do homem do campo.
Bom, voltando aqui para a Loira desposada do Sol, a chuva aos poucos vai se esvaindo e penso: Os sentimentos mais leves, às vezes, são os mais fortes; os gestos mais simples, as vezes, dizem tudo; e nem a água da chuva, nem o sopro forte do vento conseguem levar.
Entro e dou de cara com o “Poemas Sujos”, de Ferreira Gullar, que está ali, na minha mesa de centro, como a olhar pra mim. Pego o livro e fico folheando displicentemente. Grande obra, escrita na década de 70, ainda naqueles anos de chumbo e que bem retrata o sujo inserido na miséria, na fome, na imoral divisão das classes sociais. Paro de pensar sobre isso, conheço minhas limitações, não tenho cacife literário para falar sobre obra tão gigantesca.
Solto “Ferreira Gullar”, volto à varanda e olho minha cidade até onde a vista pode alcançar e penso: Como eu amo essa minha Fortaleza, essa Fortaleza de Iracema, a Iracema de José de Alencar! Noto que parou de chover. É, mas o tempo ainda está fechado, e bem fechado. Volta a escurecer totalmente, num anúncio de que a chuva vai voltar novamente. E voltou mesmo, e com força total. É quando entro no meu quarto e começo a escrever. 
Pronto, por hoje, terminei. Bjo grande no seu coração. É no seu mesmo que está terminando de ler estas mal traçadas linhas.

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