Para que não houvesse dúvidas, foi Luizianne Lins, prefeita e presidente do partido, quem trouxe a informação: o senador José Pimentel também se colocaria à disposição do partido como pré-candidato à sucessão.
Para os Ferreira Gomes, o problema não seria o senador, mas seu suplente. Eleito prefeito, Pimentel abriria vaga no senado para Sérgio Novaes, um “inimigo da família”, carne e unha com a prefeita da cidade.
Pimentel não aceitaria participar da manobra apenas por devoção ao sacrifício. Ele não poderá usar o clichê de que agiu como “soldado do partido”. Não. O senador tem o governo do estado no seu horizonte político.
Para chegar lá, sabe quão importante é manter seu partido no comando administrativo da capital e, para isso, a aliança com o governador nas eleições deste ano amplia, em meio às incertezas, as chances de vitória.
Ao colocar Pimentel no tabuleiro das tratativas, não moveu o PT uma peça com o objetivo alegado – seria um candidato capaz de unificar o partido. Conversa mole. A manobra visa um xeque-mate, render o governador.
Com Cid Gomes no
colinho da loura, o partido estaria livre para indicar qualquer um de seus
filiados como candidato a prefeito sem dar ao Ferreira Gomes a oportunidade de
impor restrições de ordem maior.
Pimentel entraria em
cena como bode na sala. Para evitar o pior pesadelo – legar a Sérgio Novaes seis
anos de senado – o governador aceitaria perder uma noite de sono, aceitando
qualquer outro nome, menos aquele.
Difícil seria
acreditar que, conduzido à assinatura do acordo de mãos atadas, o governador
muito se esforce por manter os demais partidos da base aliada unidos na sucessão
de Fortaleza em torno do nome petista. Não o fará.
No caso, é possível
que o PCdoB de Inácio Arruda e até o PMDB recebam bênçãos do governador, ainda
que veladas, para entrar na disputa. Cid Gomes cederia à coligação o seu
partido, mas não a força de seu governo.
Cenário propício para
a exibição de uma decantada habilidade da família: reza a lenda que o PSB é uma
“faca de dois Gomes”, sutileza que define o exacerbado oportunismo que demonstra
em sua vocação para o poder.
Nos jornais,
só sorrisos!
Vocês perceberam: a
propaganda do governo nos anúncios de jornal mudou. Está, segundo observadores
do meio, "menos burocrática, mais humanizada". No slogan, o "construindo um
novo Ceará" agora é "para você". Sobra simpatia.
Quem quiser saber o
motivo da guinada, procure uma pesquisa de opinião - há centenas por aí -
realizada em qualquer município cearense nos últimos três meses: em alguns
casos, a queda de aprovação é superior a 30 por cento.
Escândalo dos
banheiros, greve dos professores, policiais amotinados: o ano, difícil, valeu
por um MBA em humildade. Que estejam diplomados.
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