quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O escritor e publicitário Ricardo Alcântara em artigo intitulado "Xeque-mate, governador?", faz uma rápida análise sobre o atual senário sucessório de nosso Capital.

Em política, sua excelência, os fatos. Se ainda havia alguém falando grosso sobre sucessão municipal no partido do governador Cid Gomes, que limpe a garganta e trate de sentar à mesa: um fato novo pode dar fim à cena.

Para que não houvesse dúvidas, foi Luizianne Lins, prefeita e presidente do partido, quem trouxe a informação: o senador José Pimentel também se colocaria à disposição do partido como pré-candidato à sucessão.

Para os Ferreira Gomes, o problema não seria o senador, mas seu suplente. Eleito prefeito, Pimentel abriria vaga no senado para Sérgio Novaes, um “inimigo da família”, carne e unha com a prefeita da cidade.

Pimentel não aceitaria participar da manobra apenas por devoção ao sacrifício. Ele não poderá usar o clichê de que agiu como “soldado do partido”. Não. O senador tem o governo do estado no seu horizonte político.

Para chegar lá, sabe quão importante é manter seu partido no comando administrativo da capital e, para isso, a aliança com o governador nas eleições deste ano amplia, em meio às incertezas, as chances de vitória.

Ao colocar Pimentel no tabuleiro das tratativas, não moveu o PT uma peça com o objetivo alegado – seria um candidato capaz de unificar o partido. Conversa mole. A manobra visa um xeque-mate, render o governador.

 Com Cid Gomes no colinho da loura, o partido estaria livre para indicar qualquer um de seus filiados como candidato a prefeito sem dar ao Ferreira Gomes a oportunidade de impor restrições de ordem maior.

 Pimentel entraria em cena como bode na sala. Para evitar o pior pesadelo – legar a Sérgio Novaes seis anos de senado – o governador aceitaria perder uma noite de sono, aceitando qualquer outro nome, menos aquele.

 Difícil seria acreditar que, conduzido à assinatura do acordo de mãos atadas, o governador muito se esforce por manter os demais partidos da base aliada unidos na sucessão de Fortaleza em torno do nome petista. Não o fará.

 No caso, é possível que o PCdoB de Inácio Arruda e até o PMDB recebam bênçãos do governador, ainda que veladas, para entrar na disputa. Cid Gomes cederia à coligação o seu partido, mas não a força de seu governo.

 Cenário propício para a exibição de uma decantada habilidade da família: reza a lenda que o PSB é uma “faca de dois Gomes”, sutileza que define o exacerbado oportunismo que demonstra em sua vocação para o poder.

 Nos jornais, só sorrisos!

Vocês perceberam: a propaganda do governo nos anúncios de jornal mudou. Está, segundo observadores do meio, "menos burocrática, mais humanizada". No slogan, o "construindo um novo Ceará" agora é "para você". Sobra simpatia.

 Quem quiser saber o motivo da guinada, procure uma pesquisa de opinião - há centenas por aí - realizada em qualquer município cearense nos últimos três meses: em alguns casos, a queda de aprovação é superior a 30 por cento.

 Escândalo dos banheiros, greve dos professores, policiais amotinados: o ano, difícil, valeu por um MBA em humildade. Que estejam diplomados.

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