domingo, 26 de fevereiro de 2012

Marxismo ainda inspira debates partidários

Estudo revela que a obra de Karl Marx
influencia parte dos partidos de
esquerda do país

TÉRCIO AMARAL tercioamaral.pe@dabr.com.br
Imagem: SILVINO/DP
Seu rosto redondo e a inconfundível barba branca foram imortalizados pelos diversos livros e manuais de história. Crítico ferrenho ao sistema capitalista, o sociólogo alemão Karl Marx (1818-1883) semeou sua visão de mundo e de estado com a publicação da obra O manifesto comunista. Traduzido para diversos idiomas e considerado um dos livros mais lidos do mundo, a publicação influenciou “o jeito de fazer” política também no Brasil. Em terras tupiniquins, diversas legendas ainda resistem ao mito do marxismo, apesar da queda do socialismo em países como os da URSS, em 1991. Mas, uma coisa é certa, longe de ter conquistado a maioria absoluta no país (ou o poder), a influência deste intelectual pode ser sentida em alguns programas de governos atuais, principalmente os destinados às classes populares, como saúde e educação gratuitas.

Segundo o professor e cientista político da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Michel Zaidan, a influência da cartilha marxista na política nacional começa no período compreendido como Primeira República (1889-1930). Em Pernambuco, a atividade partidária começou em 1922, com o grupo de estudos marxistas Zumbi, liderado por Cristiano Cordeiro – um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Aliás, a região Nordeste foi um verdadeiro celeiro de comunistas, com nomes expoentes dentro da corrente, como Paulo Cavalcanti, Bayron Sarinho e Jader de Andrade.

“Uma das provas desta participação é que a primeira tradução do Manifesto que temos conhecimento foi realizada pelo alagoano Otávio Brandão, em 1924, e publicada no jornal Voz Cosmopolita, no Rio de Janeiro”, enfatiza o professor, que acabou de lançar o livro Ensaios de Teoria, publicado pelo Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia (NEEPD), da UFPE.

Mas nem só de socialismo vivem os comunistas. Assim como outras correntes e filosofias, o marxismo teve diversas interpretações, que também foram absorvidas pelos partidos no mundo inteiro. No Brasil, a principal influência é da leitura de Vladirmir Lênin, que defendia a intervenção do partido em todos os espaços de discussão na sociedade. Esta “cartilha”, chamada de marxista-leninista, é seguida por legendas como o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Outras correntes marxistas, como a defendida pelo ucraniano Leon Trótski – o trotskismo – ou a maoísta, do ditador chinês Mao Tse Tung encontraram pouca aceitação no mundo partidário, influenciando sobretudo alguns sindicatos operários. “A recepção de nosso marxismo é soviética e com influência do positivismo francês”, argumenta Zaidan.
Fonte: Diário de Pernambuco

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