BRASÍLIA - Os dirigentes do PSDB acusaram nesta terça-feira o PT de ter adulterado o relatório original do ex-executivo da Siemens Everton Rheinheimer que apontava o pagamento de propinas aos governos tucanos de São Paulo de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin. Os tucanos distribuíram cópias do documento, em inglês e em português, que mostram que a tradução não corresponde ao original.
Segundo os documentos distribuídos pelos dirigentes tucanos, o relatório original entregue pelo ex-executivo à empresa não traz qualquer citação ao PSDB ou nomes de parlamentares tucanos. De acordo com o PSDB, a citação ao partido foi forjada, dando origem a um documento falso entregue na versão traduzida para o português que consta no processo aberto pela Polícia Federal.
Presente na coletiva, o secretário da Casa Civil do governo Alckmin, Edson Aparecido, também citado na acusação apócrifa do ex-executivo da Siemens, disse que o depoimento dado em inglês foi traduzido e adulterado pelo deputado estadual do PT Simão Pedro para incluir dois parágrafos com as referências aos tucanos. Essa parte adulterada foi negada pelo denunciante da Siemens.
— Foi o padrão petista de tradução. O depoimento foi traduzido pelo deputado Simão Pedro e ele introduziu trechos que incriminam os membros do PSDB, numa clara adulteração de documento oficial — disse Edson Aparecido.
O PSDB só distribuiu os documentos à imprensa no fim da tarde. Um dos trechos do documento, em inglês, diz que autoridades brasileiras estão investigando o envolvimento da Alston no pagamento de suborno a autoridades governamentais em vários projetos no Brasil, entre eles o da Linha G da CPTM (Metrô de São Paulo). Na versão para o português, segundo o documento divulgado pelo PSDB, aparece que “durante muitos anos a Siemens vem subornando políticos (na sua maioria) do PSDB e diretores da CPTM, Metrô de São Paulo e Metrô de Brasília”. O documento traduzido também cita o nome de lobistas envolvidos no caso do Metrô paulista que não constariam do original.
Os tucanos pediram a identificação do responsável pela falsificação do documento, aceito pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e encaminhado à Polícia Federal. Também pediram a demissão de Cardozo do Ministério da Justiça.
As denúncias sobre o cartel no metrô de São Paulo anteciparam o clima da campanha eleitoral do ano que vem. Pela manhã, a cúpula do PSDB, com o senador e presidenciável Aécio Neves à frente, anunciou uma ofensiva para reagir às denúncias de envolvimento de dirigentes do partido em cartelização das obras do Metrô de São Paulo.
Aécio comparou a denúncia contra os governos tucanos de São Paulo ao episódio dos aloprados de 2006 e acusou Cardozo de usar as instituições para perseguir os adversários. Dirigentes do PSDB pediram o afastamento de Cardozo das investigações e sua demissão do Ministério da Justiça.
Ao lado dos líderes Carlos Sampaio (SP), na Câmara, e Aloysio Nunes Ferreira (SP), no Senado, Aécio pediu o afastamento de Cardozo e do presidente do Cade, Vinicius Carvalho, do comando das investigações que apuram a denúncia de cartel envolvendo Siemens e Alstom nos governos tucanos.
— O PT faz um mal enorme à democracia aos se apropriar das instituições como patrimônio para tentar perpetuar o projeto do PT no poder. Isso tudo nos lembra o episódio dos aloprados em 2006, agora numa tentativa de amenizar o impacto das condenações dos companheiros petistas, numa tentativa de nos colocar como iguais. Mas nós não somos iguais. Prezamos a ética na coisa pública — disse Aécio.
Comissão de Ética
O PSDB tentará aprovar na Câmara e no Senado requerimentos de convocação de Cardozo e de Vinicius Carvalho, e enviará representações contra Cardozo à Comissão de Ética Pública e ao Ministério Público Federal por improbidade administrativa.
— Se a presidente da República Dilma Rousseff não sabia disso, agora está sabendo. Ou ela demite o ministro ou é cúmplice desse dossiê aloprado — disse o secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, citado no documento enviado por Cardozo à PF.
Aécio defendeu o afastamento de Cardozo das investigações, mas foi cauteloso quanto à demissão:
— Ele perdeu as condições de comandar essas investigações. Mas demissão, por omissão, cabe a presidente Dilma avaliar.
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