Procurador
suíço invade sede do HSBC em Genebra, após denúncias de lavagem de dinheiro
Ministério Público anunciou que está abrindo inquérito contra o banco
Do O GLOBO, COM AGÊNCIAS
ZURIQUE - Promotores suíços realizaram buscas nesta
quarta-feira nos escritórios do HSBC em Genebra como parte de uma investigação
sobre as ações do banco britânico para facilitar a lavagem de dinheiro e
sonegação de impostos por parte de seus clientes. Funcionários que atuam para o
Ministério Público de Genebra começaram nesta manhã as buscas lideradas pelo
procurador-geral de Genebra Olivier Jornot e pelo procurador Yves Bertossa.
O órgão suíço afirmou ainda que abriu um inquérito por
lavagem de dinheiro contra a instituição bancária. Um promotor disse que a
investigação também afetaria indivíduos suspeitos de terem cometido ou
participado de lavagem de dinheiro.
— Estamos olhando para tudo e qualquer coisa que podemos
encontrar, documentos e arquivos — disse um promotor. — A decisão de investigar
o banco sobre as alegações de "lavagem de dinheiro agravada" foi
tomada esta semana.
A invasão às instalações da filial suíça parece ter pego de
surpresa os executivos do HSBC. Muitos apenas souberam da operação quando o
procurador Olivier Jornot publicou um comunicado de imprensa sobre o início das
buscas.
Jornot disse que estava agindo após recentes
"revelações públicas." Embora alguns nomes de clientes já tivessem
sido revelados, um relatório na semana passada mostrou uma lista mais
abrangente das contas associadas a mais de 100 mil pessoas e entidades de mais
de 200 nações.
O procurador Yves Bertossa deixou as instalações do banco no
bairro de Quai des Bergues, o escritório central da filial suíça, por volta das
10h45m (hora local), após uma hora de buscas. Ele se recusou a comentar, mas
confirmou a varredura e partiu em uma caminhonete com meia dúzia de outros
funcionários.
"Temos cooperado continuamente com as autoridades
suíças desde que soubemos doroubo de dados em 2008 e continuamos a
cooperar", disse a filial suíça do HSBC em um comunicado. Patrick
Humphris, porta-voz do banco, se recusou a comentar detalhes da ação desta
quarta-feira.
A filial suíça do banco HSBC está imersa em um escândalo de
fraude fiscal e lavagem de capitais, o chamado SwissLeaks, revelado pela
imprensa no dia 9 de fevereiro. Os dados foram retirados do banco pelo
ex-técnico de informática do banco Hervé Falciani.
O escândalo mostrou que bilhões de dólares teriam transitado
pelo banco para escapar dos impostos ou para a lavagem de dinheiro por meio de
empresas de fachada. O maior banco da Europa pediu desculpas a clientes e
investidores no domingo.
A investigação foi aberta contra o banco, mas “em função de
sua evolução” pode envolver também pessoas físicas “suspeitas de ações de
lavagem” ou de participação nas mesmas, segundo a promotoria.
"SINCERAS DESCULPAS"
Em um anúncio de página inteira publicado em vários jornais
britânicos no fim de semana, o executivo-chefe do HSBC, Stuart Gulliver,
ofereceu "sinceras desculpas". Ele escreveu que o banco foi
"completamente remodelado" a partir de 2008 e que 106 dos 140
clientes mencionado nos arquivos e citados por meios de comunicação não estão
mais no HSBC.
Até esta quarta-feira, nenhum inquérito criminal sobre
lavagem de dinheiro havia sido aberto. Titulares de contas do HSBC incluíam
criminosos de cartéis de drogas, traficantes de armas e comerciantes de
diamantes.
Jeanette Balmer, porta-voz do procurador federal, afirmou
que a investigação concentra-se apenas nos arquivos vazados por Falciani,
quando perguntada algum inquérito analisou casos de lavagem de dinheiro desde
2007.
"Nestes casos, o Ministério Público só está interessado
na existência, origem e natureza dos dados, e não em seu conteúdo", disse
Jeanette em um e-mail. "Qualquer outra abordagem não estaria em
conformidade com a lei".
Henri Della Casa, porta-voz do gabinete do procurador de
Genebra, não respondeu imediatamente aos pedidos de comentários sobre a
investigação.
A Autoridade de Supervisão Financeira da Suíça abriu três
inquéritos desde o roubo de dados, dois sobre lavagem de dinheiro e impôs
medidas para aceitar pessoas expostas como clientes, o regulador disse na
semana passada.
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