sexta-feira, 20 de março de 2015

Ainda não foi dessa vez

Julieta Brontée

O Brasil assistiu a dois protestos que, a rigor, não representaram manifestações do povo em geral, mas de seguimentos da sociedade, cada qual defendendo seu quinhão. No dia 13 de março, entidades ligadas ao PT foram mobilizadas para fazerem a defesa do governo Dilma, num contraponto àqueles que têm defendido o "impeachment" da presidenta.

Já no dia 15 de março, vestidos com camisas da Seleção Brasileira de Futebol, pessoas contrárias ao governo, ganharam as ruas das principais capitais do país num suposto protesto contra a corrupção, mas que na verdade se resumiu a protestar contra a corrupção petista, até porque, nos dias que se seguiram a esse protesto, muitos acusados de envolvimento em corrupção foram mostrados como tendo participado ativamente dos protestos contra suas próprias práticas, a exemplo do senador do DEM, Agripino Maia, que há poucos dias foi citado numa delação premiada por pedido de suborno de um milhão e de um primo do governado Beto Richa, do PSDB do Paraná, preso por corrupção no governo do próprio primo, logo depois do protesto. Além disso, no protesto do dia 15, proliferaram faixas e cartazes de conteúdo machista e fascista, chamando golpe militar e até em defesa de assassinato de mulheres, o que nos leva a questionar o nível de politização dos que organizaram e participaram daquele evento.

Infelizmente, as chamadas jornadas de julho de 2013 parece que foram orquestradas pelo que há de mais reacionário em nosso país, pois além de ter sido sucedido pela eleição de um Congresso altamente conservador, onde até o PSOL elegeu um deputado federal evangélico que chegou a propor o fim do Estado laico, ainda deu asas a que a primeira grande manifestação popular "apartidária" fosse uma manifestação claramente de extrema direita, beirando o fascismo.
                                   CURTO CIRCUITO
Até eles!...
            Quando a coisa começa a ficar preta para um governo, tudo de mais espalhafatoso pode acontecer. Num café da manhã, no Palácio Jaburu – Brasília, de líderes aliados, ministros e o vice-presidente Temer, não houve “panelaço”, mas, quando o ministro Mercadante começou a falar, um bando de galinhas d’Angola disparou com seu tradicional ”tô fraco, tô fraco!...”

Menina danada
            Nas manifestações dos dias 13 e 15, ocorreram cenas para a História. Além do petista entrou de vermelho na passeata e foi pintado de verde-amarelo pelos manifestantes, houve caso da menininha de seis anos, que, dia 13, de bandeira e vestida de verde-amarelo, indagada por um repórter sobre o que fazia ali, disparou: “Estou curtindo, porque não vai dar nada mesmo!...”

Encrenqueira
            Nem aí para os laços do PT com os demais aliados, principalmente o Pros do ex-governador Cid Gomes, a ex-prefeita Luizianne Lins, hoje deputada federal, “ameaça” candidatar-se novamente à PMF, embora sabendo que, para isso, teria que “passar por cima do deputado Guimarães, líder do governo, e do governador Camilo, que está apalavrado com o prefeito Roberto Cláudio.

Prestígio
            O colega jornalista Edilmar Norões, confirma o seu prestígio, em nível local e nacional, ao ser reconduzido à presidência do Sintel. Ele, que já ocupa há tempos a presidência da ECERT, e a superintendência do Sistema Verdes Mares, é também um dos mais destacados dirigentes do Conselho Superior da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV-ABERT.

Caixas pretas
            Para o ministro Gilberto Carvalho, o PT conseguiu “abrir as caixas pretas” da corrupção no Brasil. A seu ver, foi esse partido quem despertou o país contra os crimes políticos e administrativos”. Para o deputado Fernando Hugo (SDD), nada disso adiantou, se um grupo de petistas de peso se encarregou de criar novas “caixas pretas” que o juiz Moro está abrindo?

Muito discreto
            Não tem merecido o destaque que merece a sanção do novo Código de Processo Civil. Entre outros pontos positivos, ele acaba com a avalanche de recursos com que advogados espertos e juízes mais espertos ainda, prorrogam ad eterno, julgamentos e sentenças. Juízes terão que usar da jurisprudência, repetindo sentenças já exaradas por Tribunais superiores.

Achacadores
            O caso da investida do ministro Cid Gomes em cima dos que chamou “achacadores do governo” na Câmara, que tanta celeuma causou e causa, nos remete ao tempo em que o então deputado federal Lula da Silva, que nada fez naquele parlamento, apontou a existência ali, de “300 picaretas”. Nunca foi chamado a se explicar nem confirmar “picaretagens”.

De leve
            O discreto secretário-geral do PMDB-CE, João Melo, poderá retornar à presidência do Banco do Nordeste, para o que batalha o senador Eunício Oliveira. A realidade é que o PP, mortalmente atingido pela Operação Lava Jato, não reúne condições para manter o atual presidente. Nova chance para um cearense no importante banco de desenvolvimento regional.


(Coluna publicada no jornal O ESTADO)

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