Lula diz que pagamentos de campanha de 2002 cabiam ao tesoureiro
Em depoimento prestado à Polícia Federal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o responsável no PT por "efetuar pagamentos de valores devidos aos fornecedores de serviços" na campanha eleitoral de 2002, que o elegeu pela primeira vez à Presidência, era o então tesoureiro da campanha, Delúbio Soares, que ele não citou nominalmente, mas afirmou não saber explicar a sistemática dos pagamentos. Trechos do depoimento, prestado em 9 de dezembro passado, foram publicados pela revista "Veja" que começou a circular neste sábado (14).
O ex-presidente foi ouvido no inquérito aberto pela PF para investigar declarações do operador do mensalão, o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado pelo STF que cumpre pena em presídio de Minas Gerais. Ele havia dito em depoimento sigiloso prestado ao Ministério Público Federal em setembro de 2012 que Lula tinha conhecimento do esquema de repasses do mensalão, revelado em 2005. Disse ainda que Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em 2004 receberam em audiência no Palácio do Planalto o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta, com quem teriam acertado um empréstimo de US$ 7 milhões ao PT em razão de interesses da companhia telefônica no Brasil. Segundo Valério, parte desse dinheiro, originado de fornecedores da Portugal Telecom em Macau, na China, ajudaria a pagar campanhas eleitorais petistas e deputados da base aliada no Congresso.
Sobre o suposto pagamento da telefônica, Lula respondeu que "não confirma", segundo a revista "Veja". Ao ex-presidente teriam sido feitas 28 perguntas. Na maioria das respostas, Lula repetiu a mesma formulação, de que "enquanto candidato da campanha a presidente da República, não tinha conhecimento da parte financeira da arrecadação de valores para a eleição".
O depoimento de Lula pouco acrescenta à história do mensalão. No auge do escândalo, em 2005, ele já havia se eximido de qualquer responsabilidade sobre o esquema, em entrevista que concedeu em 15 de julho em Paris, na França. Ele disse que estava afastado da direção do partido desde sua eleição e procurou responsabilizar "a direção do PT".
"Eu acho que o PT teve um problema, sabe que é da questão da direção. [...] Depois que nós ganhamos prefeituras, ganhamos governos estaduais, elegemos muitos deputados e eu ganhei a presidência, grande parte desses quadros do PT vieram para o governo. E a direção ficou muito fragilizada, ficou muito enfraquecida. Possivelmente por isso tenhamos cometido erros que outrora não cometeríamos", disse na época.
"Eu acho que o PT teve um problema, sabe que é da questão da direção. [...] Depois que nós ganhamos prefeituras, ganhamos governos estaduais, elegemos muitos deputados e eu ganhei a presidência, grande parte desses quadros do PT vieram para o governo. E a direção ficou muito fragilizada, ficou muito enfraquecida. Possivelmente por isso tenhamos cometido erros que outrora não cometeríamos", disse na época.
O então presidente disse ainda que fazia tempo que "deixou de ser presidente do PT". "Depois que eu virei presidente da República, eu não pude mais participar das direções do PT, não pude mais participar da reunião do diretório do PT. O PT tem autonomia em relação ao governo e o governo tem mais autonomia ainda em relação ao PT", disse Lula.
Ouvida pela reportagem neste sábado (14), a assessoria de imprensa do Instituto Lula informou que o ex-presidente "prestou depoimento normalmente à Polícia Federal". A assessoria disse "lamentar vazamentos seletivos de informação" que tramita em segredo de Justiça.
Ouvida pela reportagem neste sábado (14), a assessoria de imprensa do Instituto Lula informou que o ex-presidente "prestou depoimento normalmente à Polícia Federal". A assessoria disse "lamentar vazamentos seletivos de informação" que tramita em segredo de Justiça.
Fonte: Folha Press
Nenhum comentário:
Postar um comentário