Dilma vive fase de “parlamentarismo branco” peemedebista
Do blog do Kennedy
Postado por: DANIELA MARTINS
A presidente Dilma Rousseff deveria entender que já vive uma situação de parlamentarismo branco. O Poder Executivo perdeu força na comparação com o Poder Legislativo.
Depois de ser reeleita, estava claro que Dilma Rousseff seria uma presidente mais fraca no segundo mandato devido a dificuldades na economia e na política. Mas erros na montagem do ministério e o plano fracassado de tentar derrotar Eduardo Cunha na disputa pela presidência da Câmara a enfraqueceram ainda mais.
Passadas as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, que aconteceram em 1º de fevereiro, havia uma avaliação no governo de que aquele momento seria o fundo do poço. No entanto, em 50 dias, a situação piorou muito.
A presidente da República se enfraqueceu a ponto de o presidente da Câmara anunciar publicamente a demissão de um ministro de Estado antes do Palácio do Planalto. Foi o que aconteceu na semana passada no episódio de saída de Cid Gomes da pasta da Educação.
Ficou claramente simbolizado ali que o eixo de poder em Brasília se inclinara do Executivo para o Legislativo. Estamos vivendo uma fase, que pode ser passageira ou durar todo o segundo mandato de Dilma, na qual há um parlamentarismo branco com cores peemedebistas.
No Brasil, mesmo enfraquecida, a caneta presidencial ainda tem muita tinta. Tem muito poder. Mas, se a presidente continuar a cometer erros políticos, a tendência é ir esvaziando mais rapidamente essa tinta.
Nesse sentido, parece mais um equívoco a presidente querer fazer a negociação do ajuste fiscal antes de realizar uma reforma ministerial, como ela disse na sexta-feira passada em Porto Alegre. Está claro que o atual ministério não tem a confiança do Parlamento.
Do jeito que está montado, o ministério de Dilma cria dificuldade para o Executivo aprovar projetos no Legislativo. A saída é realizar a reforma ministerial, ou as alterações pontuais, como disse a presidente, de modo a facilitar a aprovação do ajuste fiscal.
As manifestações de 15 de março assustaram o PT, que parou de criar complicações para o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Agora, a presidente precisa fazer uma reforma que recomponha, de alguma maneira, parte da relação com quem manda no PMDB. E deveria fazer isso rapidamente, porque há manifestações previstas para 12 e 21 de abril.
Em 20 dias, poderá haver novos protestos com multidões na rua. Seria melhor fazer a reforma ministerial e negociar o ajuste fiscal e a sua aprovação antes dessa data. A presidente poderia, então, se dedicar a novos assuntos, como mais um pacote de concessões à iniciativa privada ou ver o que pode tirar de positivo dessa forte desvalorização do real do ponto de vista das exportações.
O governo precisa dar respostas rápidas, até para poder mudar a pauta do debate de público. Nos próximos dias, deverá continuar a receber notícias negativas na economia, como aumento do desemprego e a confirmação de eventual recessão.
Se Dilma não parar de errar, fortalecerá esse parlamentarismo branco, porque o Congresso vai aprovar o que quiser, como quiser.
Ouça o comentário no “Jornal da CBN”:
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