sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Segurança pública: O Estado no banco dos réus

 Soltos ou presos, a bandidagem é quem manda e desmanda no país


Por conta da inércia do Estado, o país vive um grande caos em termos de segurança pública. O problema chegou a um ponto tal, que a bandidagem é quem manda e desmanda, num terrorismo sem precedentes. Soltos ou presos, a bandidagem é quem dá as cartas, manda e desmanda neste nosso Brasil varonil.
A guerra acontece, inclusive, nos presídios entre os bandidos organizados em forma de facções. E essa crise poderia ter sido evitada, pois dinheiro para investir na segurança publica tinha e tem, e muito. Mas, a inoperância, a incompetência, o descaso, a falta de zelo dos governantes com a coisa pública, fizeram com que a situação chegasse ao ponto em que chegou.
O caos instalado nos sistemas prisionais brasileiros já virou manchete nos jornais internacionais e os governos Federal e Estaduais, continuam perdidos  sem, até o momento encontrar uma saída para a caótica situação prisional brasileira.
A verdade é que a violência campeia  fora e dentro dos presídios e o Palácio do Planalto continua boiando, sem saber, realmente, o que fazer para dar um basta nessa situação.
As rebeliões continuam. E, para quem não sabe, ou não lembra, essas rebeliões não são o único problema com a população carcerária brasileira não. Essa situação de calamidade em que se encontra o Compaj é a mesma que ocorre aqui no Ceará e em praticamente todas as penitenciárias brasileiras.
Basta se fazer uma rápida pesquisa para verificarmos que nos últimos anos, não têm sido raras as rebeliões nas prisões brasileiras e que deixaram um rastro de sangue e mortes entre os próprios detentos, em função de conflitos e disputas internas entre grupos criminosos.
E o que os governos (passados e atual) têm feito para, pelo menos, minimizar esse problema? Para, pelo menos, fazer valer os princípios fundamentais de respeito à integridade física dos indivíduos presos? Absolutamente nada ou quase nada. E o ócio toma conta dessas mentes que, embora criminosas, merecem, por lei, o mínimo de dignidade. E é, justamente, esse ócio que acarreta esse tipo de procedimento de parte da população carcerária brasileira.
E, repito, não é por falta de dinheiro para investir em construção, manutenção ou/e medidas socioeducativas para esses presos e presas não. Existe aí em caixa, e não é pouco. Só para se ter uma ideia, segundo informações da Contas Abertas, foi liberado R$ 1,1 bilhão do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), para a construção, reforma e ampliação de presídios. E sabem o que ocorreu? O descaso, a falta de compromisso do governo federal com o sistema prisional e, consequentemente, com a população brasileira foi tão gritantemente grande nos últimos anos, que mais do dobro da verba desembolsada ainda está “disponível”.
Ainda de acordo com a Contas Abertas, “R$ 2,4 bilhões ainda estão “parados”, lançados como “disponibilidades” do Funpen. Há anos os recursos do Fundo, constituído na década de 90, não são plenamente aplicados. Dessa forma, o saldo contábil do Fundo cresceu sistematicamente. Para se ter ideia, em 2000 o saldo disponível e não aplicado atingia apenas R$ 175,2 milhões. No ano passado, as disponibilidades chegaram a atingir R$ 3,8 bilhões.
O Funpen foi instituído pela Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994, com a finalidade de proporcionar recursos e meios para financiar e apoiar as atividades e programas de modernização e aprimoramento do Sistema Penitenciário Brasileiro. O Fundo é coordenado pelo Ministério da Justiça (MJ)”.
Portanto, as rebeliões nas prisões brasileiras devem sim, ser objeto de maior preocupação dos governantes.
Quem não lembra do massacre do Carandiru, na Casa de Detenção em São Paulo, em outubro de 1992? Houve uma rebelião, que teve início com uma briga entre presos do Pavilhão 9 da Casa de Detenção. A policia Militar foi convocada para acalmar a rebelião e, sob o comando do coronel Ubiratan Guimarães, o que se viu foi uma verdadeira chacina que resultou na morte de 111 presos.
O que se verifica é que até hoje o país continua fortemente marcado pela incapacidade, pelo inoperância e, na maioria das vezes, pela omissão do Estado em gerenciar de forma positiva o sistema prisional brasileiro. E o resultado desse descaso agora aparece em forma de uma guerra sem precedentes entre detentos enclausurados em verdadeiras jaulas.
Agora, no banco dos réus, o ESTADO. Crimes cometidos: omissão, descaso, inoperância, incompetência, incapacidade. Julgamento popular: CULPADO.



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