Governo Bolsonaro: Vilalva atribui demissão à negativa de participar de "esquemas absolutamente imorais" na Apex, onde travava disputas internas com olavistas
Matéria de Tajra e Talita Marchao para o portal UOL revela que passados menos de três meses da assunção do cargo de presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), o embaixador Mario Vilalva foi exonerado hoje pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Em entrevista ao UOL, o diplomata afirmou que recebeu a notícia "com um misto de alívio e frustração", e afirmou que não quis participar de um esquema "imoral".
Em nota, o Itamaraty anunciou a exoneração de Vilalva citando um "processo de dinamização e modernização do sistema de promoção comercial brasileiro" e o agradeceu pelos serviços prestados, sem indicar o seu substituto.
Segundo Vilalva, depois de assumir a Apex teria percebido que "não havia sido contratado para cuidar de comércio exterior", mas para "cuidar de uma determinada pessoa que tem lá dentro e eu me recusei a participar de um esquema que achava absolutamente imoral", disse o ex-presidente da agência, sem citar nomes.
Vilalva, que tem mais de quatro décadas de carreira diplomática, afirmou ainda que passou a sofrer pressões também por parte de Araújo. "Foram 90 dias de muita agonia, muito bombardeio e desavenças internas. Eu tentei, seja pelo diálogo pela conversa, mostrar que é importante observar normas, leis e procedimentos. Mas as pessoas não querem saber, elas têm suas agendas próprias e nem querem que um sujeito da minha idade fique lembrando a eles que este tipo de comportamento é necessário", disse o embaixador.
O diplomata relatou ainda que foram oferecidos a ele outros postos diplomáticos para que ele deixasse a presidência da Apex. "Mas eu não saio pela porta dos fundos. A honra é muito mais importante do que qualquer tipo de benesse material. E eu não me vendo por este tipo de coisa, preferi morrer lutando."
Vilalva é diplomata de carreira com experiência em diplomacia econômica e passagens pelas embaixadas dos EUA, África do Sul e Itália. Foi ainda embaixador no Chile, em Portugal e mais recentemente na Alemanha. Ele foi ainda diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty entre 2000 e 2006.
Em entrevista ao UOL, Vilalva falou ainda sobre o desconforto em relação às mudanças feitas por Araújo no estatuto da agência sem informar ao embaixador, conforme revelado pela Folha.
"Sofri situações muito embaraçosas, até que chegou ao ponto do que foi visto na imprensa ontem, de que foi descoberta a tentativa do ministro Ernesto Araújo de mudar o estatuto da agência, transferindo os poderes da presidência da agência para os dois diretores. Isso foi feito na calada da noite, arquivado em um cartório e só 25 dias depois é que foi descoberto pela Folha", relatou. "Você imagina um ministro de Estado fazendo uma coisa dessa, com o conluio do advogado da Apex, que era subordinado a mim? Esse governo não pode fazer esse tipo de coisa", afirmou.
As demissões de Carreiro, demitido por Araujo pelo Twitter e Vilalva carregam um fator em comum. Ambos tiveram atritos com os diretores Letícia Catelani e Márcio Coimbra, olabistas como Ernesto Araujo. Na entrevista concedida ontem à Folha, Vilalva classificou os dois funcionários da Apex como "despreparados, inexperientes, inconsequentes e irresponsáveis".
Na conversa, Vilalva relatou ter boas relações com os militares que atuam no governo Bolsonaro, informação antecipada pelo UOL em janeiro. Essa aproximação intensifica o debate sobre as divergências entre a ala militar do governo e a ala 'olavista' - funcionários indicados pelo guru bolsonarista Olavo de Carvalho.
Vilalva, que tem mais de quatro décadas de carreira diplomática, afirmou ainda que passou a sofrer pressões também por parte de Araújo. "Foram 90 dias de muita agonia, muito bombardeio e desavenças internas. Eu tentei, seja pelo diálogo pela conversa, mostrar que é importante observar normas, leis e procedimentos. Mas as pessoas não querem saber, elas têm suas agendas próprias e nem querem que um sujeito da minha idade fique lembrando a eles que este tipo de comportamento é necessário", disse o embaixador.
O diplomata relatou ainda que foram oferecidos a ele outros postos diplomáticos para que ele deixasse a presidência da Apex. "Mas eu não saio pela porta dos fundos. A honra é muito mais importante do que qualquer tipo de benesse material. E eu não me vendo por este tipo de coisa, preferi morrer lutando."
Vilalva é diplomata de carreira com experiência em diplomacia econômica e passagens pelas embaixadas dos EUA, África do Sul e Itália. Foi ainda embaixador no Chile, em Portugal e mais recentemente na Alemanha. Ele foi ainda diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty entre 2000 e 2006.
Em entrevista ao UOL, Vilalva falou ainda sobre o desconforto em relação às mudanças feitas por Araújo no estatuto da agência sem informar ao embaixador, conforme revelado pela Folha.
"Sofri situações muito embaraçosas, até que chegou ao ponto do que foi visto na imprensa ontem, de que foi descoberta a tentativa do ministro Ernesto Araújo de mudar o estatuto da agência, transferindo os poderes da presidência da agência para os dois diretores. Isso foi feito na calada da noite, arquivado em um cartório e só 25 dias depois é que foi descoberto pela Folha", relatou. "Você imagina um ministro de Estado fazendo uma coisa dessa, com o conluio do advogado da Apex, que era subordinado a mim? Esse governo não pode fazer esse tipo de coisa", afirmou.
As demissões de Carreiro, demitido por Araujo pelo Twitter e Vilalva carregam um fator em comum. Ambos tiveram atritos com os diretores Letícia Catelani e Márcio Coimbra, olabistas como Ernesto Araujo. Na entrevista concedida ontem à Folha, Vilalva classificou os dois funcionários da Apex como "despreparados, inexperientes, inconsequentes e irresponsáveis".
Na conversa, Vilalva relatou ter boas relações com os militares que atuam no governo Bolsonaro, informação antecipada pelo UOL em janeiro. Essa aproximação intensifica o debate sobre as divergências entre a ala militar do governo e a ala 'olavista' - funcionários indicados pelo guru bolsonarista Olavo de Carvalho.
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