Bolsonaro ataca Folha e diz que chefe da Secom permanece no cargo

A Folha de S.Paulo revelou que o Wanjgarten recebe, por meio de uma empresa da qual é sócio, dinheiro de emissoras televisivas e de agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo Bolsonaro. A Secom é a responsável pela distribuição da verba de propaganda do Planalto e também por ditar as regras para as contas dos demais órgãos federais. No ano passado, gastou R$ 197 milhões em campanhas.
Wajngarten assumiu o comando da pasta em abril de 2019. Desde então, se mantém como principal sócio da FW Comunicação e Marketing, que oferece ao mercado um serviço conhecido como Controle da Concorrência. O secretário tem 95% das cotas da FW, que tem contratos com ao menos cinco empresas que recebem do governo, entre elas a Band e a Record, cujas participações na verba publicitária da Secom vêm crescendo.
A legislação vigente proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões.
Bolsonaro comentou o assunto após ser questionado três vezes sobre a permanência do secretário. Ele se recusou a responder questionamentos feitos pela Folha de S.Paulo e disse que o jornal não tem moral para fazer perguntas.
“Fora, Folha de S.Paulo, você não tem moral para perguntar, não”, afirmou, pedindo que outros repórteres fizessem perguntas. “Cala a boca”, disse à reportagem.
O presidente voltou a distorcer o episódio da assessora fantasma revelada pela Folha de S.Paulo em janeiro de 2018. O jornal mostrou que, como deputado federal, Bolsonaro usou dinheiro da Câmara dos Deputados para pagar o salário da assessora Walderice Santos da Conceição, que vendia açaí na praia e prestava serviços particulares a ele em Angra dos Reis (RJ), onde tem casa de veraneio.
Bolsonaro repetiu a versão de que ela estava de férias quando o jornal visitou o local pela primeira vez.
“Eu quero ver quando a Folha de S.Paulo vai desfazer a covardia que vocês fizeram com a Wal do Açai, de Angra dos Reis. Quando a Folha de S.Paulo vai fazer uma matéria desfazendo a covardia com a Wal lá de Mambucaba? Porque quando vocês falaram que ela estava fazendo açaí, ela estava de férias, conforme boletim legislativo da Câmara. Então a Folha de S.Paulo não tem crédito para acusar ninguém, não tem credibilidade.
Lamentavelmente uma péssima imprensa o que faz a Folha de S.Paulo. Outra pergunta aí”, disse.
A Folha de S.Paulo esteve na pequena Vila Histórica de Mambucaba em duas oportunidades. Na primeira, em 11 de janeiro, durante o recesso parlamentar, a reportagem ouviu de diversos moradores, em conversas gravadas, que Walderice não tinha ligação com a política, prestava serviços na casa do parlamentar e tinha como atividade principal a venda de açaí e cupuaçu, em uma loja que inclusive leva o seu nome, “Wal Açaí”.
Na segunda oportunidade, em 13 agosto, a Folha de S.Paulo retornou à vila e comprou das mãos de Walderice um açaí e um cupuaçu, em horário de expediente da Câmara.
Nas declarações desta quinta, o presidente atacou novamente Folha de S.Paulo ao ser questionado pela reportagem sobre a sanção do projeto do fundo eleitoral, cujo prazo expira nesta segunda (20).
“Já falei que a Folha está fora. A Folha é um lixo. Eu quero saber, a Folha de S.Paulo, o Datafolha, eu perderia para todo mundo no segundo turno. Você não tem vergonha na cara, ainda vem aqui fazer plantão? Você não é o problema, é a Folha, desculpa ai. Nada contra você, você não é dona da Folha. Você está apenas cumprindo seu papel para tentar infernizar o governo. Qual pauta positiva a Folha teve do governo até hoje? Nada, zero.
13º do Bolsa Família não apareceu na capa, se fosse no PT, que dava bilhões para a grande mídia o ano todo, estaria elogiando o Lula. Quanto a mim, é só pancada o tempo todo, acabou a mamata, Folha de S.Paulo.”
Apesar das declarações do mandatário de que, segundo o Datafolha, ele não seria presidente, a última pesquisa do instituto antes do segundo turno das eleições do ano passado apontou a vitória de Bolsonaro, com 55% dos votos válidos, ante 45% de Fernando Haddad (PT) -mesmos índices do resultado final.
Fonte: Folhapress
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