Ceará
avalia suspeita de caso
de infecção por coronavírus
O Ceará pode estar na rota do
coronavírus. O surto, que originou-se na China e já matou mais de 130 pessoas –
além de deixar mais seis mil infectados, está se espalhando pelo mundo e o
Brasil já possui nove casos em estado de análise. Por enquanto, nenhuma das
situações em solo nacional foi confirmada pelo Ministério da Saúde. “Não temos
neste momento nenhum caso confirmado de coronavírus no Brasil”, afirma o
secretário de vigilância em saúde, Wanderson Oliveira.
A Secretaria da Saúde do Ceará afirma que não revelará o nome do possível infectado, porém, em posicionamento oficial, a Sesa confirma que o suspeito notificado está em Sobral. O paciente foi medicado e está internado, em observação e isolamento respiratório. O quadro clínico dele é estável. A suspeição, de qualquer forma, liga o sinal de alerta no Estado. Por ter sintomas parecidos com o de uma gripe, o vírus chinês precisa pode, a princípio, não despertar no paciente a atenção devida. Entretanto, ações simples podem evitar o contágio.
Segundo o médico Fernando Chagas, o melhor caminho para evitar a contaminação pelo vírus é lavar as mãos sempre. “O grande segredo é ensinar a população a se prevenir, para se a doença chegar aqui a gente possa reduzir ao máximo a quantidade de casos e mortes causados pelo coronavírus. E a lavagem das mãos tem um impacto muito grande na diminuição do risco de transmitir essa doença”, destacou.
De acordo com Fernando Chagas, a transmissão se dá por vias aéreas, por meio de gotículas. “Como essas gotículas são pesadas, ao tossir ou espirrar elas podem atingir até um metro e meio de distância. Mesmo assim o vírus fica sobre as superfícies e pode gerar a contaminação de quem tocar nessas superfícies”, disse.
O médico alertou ainda para o fato de não se saber sobre a capacidade de contágio do coronavírus. “O sarampo, por exemplo, tem uma capacidade de contágio muito alta, mais que o H1N1, chegando até 20 vezes mais. O que nos tranquiliza é que temos vacinas contra esse vírus. No caso do coronavírus, ainda não temos essa informação. E ainda em relação à letalidade, que é a capacidade de gerar a morte, não sabemos o seu alcance”, observou.
Chagas destacou ainda que os sintomas do coronavírus se parecem muito com os de uma gripe comum. Os sintomas, segundo ele, são febre, tosse, falta de ar e, em casos mais graves, pode evoluir para pneumonia, síndrome respiratória aguda grave ou insuficiência renal. O infectologista também destacou para o período de incubação da doença que também pode contagiar.
“O primeiro período a gente chama de incubação que é longo e pode demorar até 15 dias. Nesse estágio, a pessoa pode transmitir o vírus mesmo sem saber que está com ele. Depois disso, começam alguns sintomas que parece com uma gripe comum como tosse, espirro, coriza, dor no corpo, dor muscular, febre intensa”, afirmou o infectologista.
Tratamento
Não existe um remédio disponível para combater o coronavírus de Wuhan. O
tratamento recomendado é o de suporte dos sintomas da doença. Fernando Chagas
disse ainda que os médicos e cientistas já conheciam o coronavírus por ser
presente em animais como morcegos e algumas aves, revelando já tinham sido
registrados algumas epidemias pequenas em 2002, inclusive no Brasil. “Dessa vez
é diferente porque é um vírus que aparece diferente, com mutação, fazendo com
que a letalidade dele seja maior. Isso preocupa por ser um vírus de transmissão
respiratória e aparentemente devastador”, destacou o médico.
No Brasil
O Brasil já registra ao menos nove casos de suspeita de coronavírus. Os casos
são de pacientes de São Paulo (3), Santa Catarina (2), Rio de Janeiro (1),
Minas Gerais (1), Paraná (1) e Ceará (1). De acordo com o Ministério da Saúde,
ao menos outros quatro casos chegaram a ser contabilizados como suspeitos, mas
foram descartados após exames apontarem outras doenças. O primeiro caso
suspeito de coronavírus foi divulgado na última terça-feira (28). Trata-se de
uma estudante de 22 anos atendida em Belo Horizonte e que viajou para a cidade
de Wuhan, na China, epicentro da doença.
O estado de saúde da paciente é estável. Após ser atendida, ela foi encaminhada a um hospital de referência e colocada em isolamento até o resultado de exames. Em Wuhan, a paciente afirma não ter ido ao mercado de peixes da cidade, nem ter tido contato com pessoas doentes. Cerca de 14 pessoas que tiveram contato com a paciente no Brasil estão sendo monitoradas. A previsão é que os exames que podem confirmar ou descartar o diagnóstico fiquem prontos até sexta-feira (31).
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