segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

"Diário" de um Presidente: FHC transcreve fitas que gravou na Presidência

Do blog do Josias:

Durante os oito anos que passou na Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso registrou em áudio tudo o que se passou em seu gabinete. “Eu gravava, senão todos os dias, sobre todos os dias”, conta. As fitas permaneceram intocadas por uma década. Agora, o ex-presidente decidiu trazer o conteúdo à luz.
FHC mandou transcrever as gravações. A seu pedido, uma pessoa dedica-se com exclusividade à tarefa. “Deve dar umas dez mil páginas ou mais”, ele calcula. Planeja “trabalhar intensamente” na análise do material. Sem mencionar prazos, contou a novidade numa entrevista ao médico Dráuzio Varella.
A conversa ocorreu há quatro dias, no Teatro Eva Herz, na livraria Cultura, em São Paulo. Pode ser assistida aqui. Dráuzio inquiriu FHC sobre temas variados –da participação dele no grupo ‘The Elders’ (Os Velhos), que reúne 11 líderes mundiais, à qualidade dos serviços de saúde e educação no Brasil.
O trecho em que FHC fala das gravações que fez no tempo em que presidiu o país consta da parte final da entrevista, na qual discorre sobre seus planos mais imediatos. Afora a organização das fitas, disse que está “terminando um novo livro”. É sobre “os grandes pensadores brasileiros que me influenciaram”, disse.
Dráuzio perguntou a FHC se tem saudades da Presidência. E ele: “De algumas coisas sim. Eu vivi com intensidade aquilo, tenho saudade de pessoas.” Sente falta também de “uma coisa boba”: a piscina do Palácio da Alvorada. “Eu nunca mais vou ter uma piscina daquela nem um jardim daqueles”, afirmou, entre risos. “O Alvorada é muito agradável de você viver lá.”
Esclareceu que não confunde saudade com nostalgia. “Não vou querer voltar a ser o que já fui, não vale a pena.” Repetiu uma frase que ouviu do “amigo Felipe González”, ex-presidente da Espanha: “Ex-presidente é um problema porque parece aqueles jarrões chineses –enormes e bonitos. Ninguem sabe o que fazer com aquilo. Então, acho que é preciso ter cuidado para não virar um jarrão chinês.”
Com 81 anos, FHC insinuou que sua meta é chegar à marca de Oscar Niemeyer, que morreu com 104. “Tenho que ter planos”, disse. Para ele, quem não planeja o futuro “já morreu”. Brincou: “É verdade que a gente, a certa altura, passa a ser vegetal. Mais tarde passa a ser mineral. Estou tentando manter a fase vegetal por mais tempo que eu puder.”

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