quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Ceará é o 2º Estado que mais investe lem segurança pública e o 5º com mais crimes

Investimentos ainda não traduzidos em resultados. Embora o Ceará, de 2011 para 2012, no ranking nacional, tenha sido o 2º estado que mais ampliou os recursos destinados à Segurança Pública, com um incremento de 53,15% no montante, é também o que acumulou o 5º maior crescimento de crimes violentos letais, como homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, com uma ampliação de 32,4%. Os dados constam no 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), divulgado, ontem, em São Paulo.
Conforme o levantamento, apesar do significativo incremento nos recursos para o setor no Estado, que em 2011 eram de R$ 964.095.556,61 e em 2012 passaram a R$ 1.476.466.582,87, não houve redução de índices em todos os indicadores de violência, mensurados no mesmo intervalo de tempo, pela pesquisa.
Os assassinatos, de acordo com o Anuário, no Ceará, passaram de 2.623, em 2011 para 3.492 no ano passado. Os latrocínios também aumentaram indo de 76 para 101, bem como as lesões corporais seguidas de morte, com crescimento de 63 para 64 casos, de um ano para o outro.
Para além da classificação destes três tipos de ocorrências, que integram o grupo de “crimes violentos letais intencionais”, ampliaram-se ainda os casos de “mortes a esclarecer”, que em 2011 foram 569 e em 2012 foram 882, os estupros, passando de 1.331 para 1.483 e as tentativas de homicídio, que saltaram de 852 para 1.265.
 INVESTIMENTOS
Segundo o Anuário, em 2011, o Ceará investiu R$ 190.584.877,00 em policiamento, e ocupou a 15ª posição no ranking nacional dos estados que mais investiram. Em 2012, com o incremento de R$ 93.138.978,29, o Estado passou para 13ª posição nesta aplicação específica. Porém, no que diz respeito aos investimentos destinados a “informação e inteligência” da área de Segurança Pública, de 2011 para 2012, houve recuo de 35% dos valores.
Em 2011, foram aplicados no Estado R$ 7.078.297,00 na área de inteligência. No ano passado esses recursos reduziram-se a R$ 4.547.913,49. Com a diminuição do montante, o Estado recuou duas posições no ranking nacional deste investimento específico, passando da 9ª para a 11ª.
COMPARAÇÃO
Na comparação feita com estados que também expandiram os investimentos, observa-se que, no Distrito Federal (cuja ampliação foi a maior no Brasil) com 78,28%, os crimes violentos letais também não foram reduzidos, porém, cresceram somente 10%. No Rio Grande do Norte, onde foram investidos 42,28% de recursos a mais, os crimes violentos cresceram 12%.
No Amazonas, 4º estado que mais ampliou o montante destinado à área, houve uma pequena redução de 1,8% nas ocorrências. No Paraná, que ampliou em 27,21% os investimentos, a redução foi 0,15% dos crimes. O estado que mais reduziu os índices negativos foi o Espírito Santo, com uma diminuição de 32,2% das ocorrências e ampliou em 15,13% os investimentos na área.
DIRECIONAMENTO DOS RECURSOS
Para a professora e vice-coordenadora do Laboratório de Estudos da Violência (LEV), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Celina Lima, tal cenário é fruto de investimentos específicos, que não alteram ou previnem os elementos potenciadores na violência. De acordo com ela, é notório que ainda existem lacunas de policiamento no Estado, no entanto, políticas de investigação também estão à deriva, o que influi para a não diminuição dos crimes violentos.
A pesquisadora destacou ainda que é fundamental que os investimentos em inteligência sejam mantidos e ampliados, sob o risco das ações preventivas fracassarem. “Não adianta só pensar em prender. É preciso prevenir investigando. Isto evita que a situação chegue ao ponto que chegou no Estado”, comentou. De acordo com ela, é essencial que as aplicações em áreas sociais também sejam ampliadas para que os resultados possam ser sentidos, já que a redução da violência não se limita a atuação da segurança.
FALTA DE RESPOSTAS
O jornal O Estado contatou, ontem, com a Assessoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) solicitando informações sobre os investimentos, explicações sobre a redução dos recursos destinados a inteligência e avaliação quanto à eficácia das estratégias adotadas pela pasta. A Assessoria pediu as perguntas fossem encaminhadas por email e o procedimento assim foi realizado. Porém, até o fechamento desta edição, nenhuma resposta foi enviada. Contatos telefônicos também foram tentados, posteriormente, porém, não foram atendidos.
SERVIÇO
O 7º Anuário Brasileiro de Segurança Pública pode ser conferido na íntegra em: http://www2.forumseguranca.org.br/novo/

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