Médica do governo local se reuniu com Rodrigo Gularte na última sexta.
Embaixada brasileira pede internação em hospital psiquiátrico.
O brasileiro Rodrigo Gularte, condenado à morte na Indonésia por tráfico de drogas, passou por uma nova avaliação psiquiátrica com uma médica do governo da Indonésia na última sexta-feira (30). A avaliação foi solicitada pelas autoridades locais após o governo brasileiro apresentar um diagnóstico de psicose paranoica do preso e solicitar sua internação em um hospital psiquiátrico.
Gularte, de 42 anos, foi condenado à pena máxima em 2005 por ingressar na Indonésia com seis quilos de cocaína escondidos em pranchas de surf.
Segundo a embaixada do Brasil em Jacarta, uma médica do governo da Indonésia esteve na prisão onde Rodrigo aguarda a execução de sua pena e esteve com ele durante duas horas.
Ela não chegou a uma conclusão definitiva – foi a primeira vez que teve contato com o brasileiro – e solicitou auxílio de outro psiquiatra, que foi seu professor e é conceituado no país. De acordo com a embaixada, este médico aceitou participar da consulta, e todos os esforços estão sendo feitos para que ela seja realizada ainda nesta semana.
De acordo com a embaixada brasileira em Jacarta, o advogado de Gularte é enfático ao afirmar que não se pode executar um prisioneiro na Indonésia se ele não estiver em plenas condições físicas e mentais. Caso o diagnóstico seja confirmado pelos médicos indonésios, o próximo passo das autoridades brasileiras seria pedir a internação imediata de Gularte. Estando internado e com tratamento em andamento, teoricamente ele não poderia ser executado.Após o novo encontro, será possível estabelecer um laudo. Apesar de não ter chegado a um diagnóstico definitivo, a médica disse que desde já recomenda a internação do brasileiro para observação, e já repassou a indicação para as autoridades competentes. A embaixada do Brasil também encaminhou o pedido ao procurador-geral.
A embaixada do Brasil em Jacarta ressaltou que está se empenhando de todas as formas possíveis para acelerar o processo com as autoridades locais.
Execução próxima
O governo da Indonésia revelou na semana passada ter colocado em andamento um plano para executar outros 11 presos no corredor da morte do país. Segundo a imprensa indonésia, Gularte estaria na lista.
O governo da Indonésia revelou na semana passada ter colocado em andamento um plano para executar outros 11 presos no corredor da morte do país. Segundo a imprensa indonésia, Gularte estaria na lista.
O procurador-geral do país, Muhammad Prasetyo, disse a uma comissão do Parlamento na quarta-feira (28) que seu escritório está trabalhando com possíveis datas e também locais para que as penas sejam cumpridas.
Prasetyo apenas informou que as execuções devem ocorrer na ilha isolada de Nusakambangan, considerada um “local ideal”, devido a medidas de segurança.
Apesar da rejeição do pedido de clemência, feito em 2012 e que é previsto no processo, a defesa do brasileiro ainda mantém a esperança de que Jacarta reconsidere sua decisão por razões médicas.
A família de Gularte alega que ele foi diagnosticado com um quadro de esquizofrenia e tenta reverter a pena com a transferência dele para um hospital psiquiátrico, como prevê a lei indonésia. Clarisse Gularte, mãe de Rodrigo, contou que ele está 'totalmente transformado' e 15 quilos mais magro. Ela visitou o filho em agosto do ano passado.
A diplomacia brasileira indicou que pretende seguir trabalhando até "esgotar todas as possibilidades de comutação da pena de Rodrigo Gularte permitidas pelo ordenamento jurídico da Indonésia".
A embaixada do Brasil em Jacarta disse não ter recebido nenhuma notificação oficial sobre a execução. O governo brasileiro fez um pedido de internação de Gularte, que ainda está em tramitação - o governo da Indonésia ainda não deu nenhuma resposta.
No dia 18 de janeiro, a Indonésia fuzilou seis condenados por tráfico de drogas, entre eles o brasileiro Marco Archer Cardoso. Após o fuzilamento, a presidente Dilma Rousseff - que tentou em vão salvar a vida dele - chamou para consultas o embaixador brasileiro em Jacarta para manifestar seu repúdio à execução. O corpo de Marco Archer foi cremado na Indonésia.
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