terça-feira, 4 de junho de 2019

MEU INFERNO ASTRAL



Julieta Brontee

Reconheço que tenho passado dias meditabundos, andado irritada, mal humorada, triste, sorumbática, macambúzia. E, é claro, procurei os motivos, as causas dessa minha injustificada irritação, dessa minha insatisfação. Cheguei a pensar que fosse stress, depressão, os maus do século. Aí, bateu-me um clic: Que nada, minha gente, é o tal do inferno astral subindo a ladeira de minha vida! Tem gente que não acredita nisso, mas euzinha aqui acredito.

Bem, a verdade é que não entendo nadica de nada de astrologia, sou totalmente leiga nessa coisa de inferno astral. Mas, como boa jornalista que penso que sou, a curiosidade é uma constante em minha vida. E por conta disso, meto meu bedelho até onde não sou chamada e dou meu pitaco.
Segundo os astrólogos, esse tal de inferno astral acontece nos 30 dias que antecedem ao nosso aniversário. O bichim vai chegando como quem não quer nada e de repente nossa vida pode virar pelo avesso. Aí minhas amigas, meus amigos, a gente perde o foco, sai de giro e solta o prumo. E a gente só se livra dessa má companhia quando sopra as velinhas, faz os pedidos e de olhos devidamente fechados como manda o figurino. Cantados os parabéns, sopradas as velinhas, abraços dados, comido o bolo, bum, um mês de paraíso astral. Segundo os estudiosos, a coisa acontece assim: Dois meses: Um em que tudo dá errado e outro em que tudo dá certo.
Bem, voltando ao meu inferno astral particular, quando esse bichim chegar ao fim vou esquecer do ontem, fazer as pazes comigo mesma, lembrar até do que não sei.
Sou chegada a dar uma espiadela no meu horóscopo. O de ontem estava bem ruizim. Então, abri uma gaveta e pus meus planos para o dia lá no fundo. E quando tomei tenência e dei por mim novamente, já era hoje. Então, abri o jornal e as notícias são as mesmas, violência, assassinatos, assaltos, greves, organização para protestos. E o horóscopo, não, não vou ler meu horóscopo, pelo menos até o meu aniversário. Depois da grande data, vou estar mais madura, menos ferida e, talvez reconhecendo meus erros.
Paira uma dúvida sobre meus sentimentos, não sei se vou poder ajeitá-los entre as almofadas do meu sofá, se os acomodo entre meus travesseiros ou se abro a porta para eles saírem de vez. Mas, de uma coisa tenho a certeza, nunca abandono uma causa antes de tentar, pois não sou de virar as costas sem antes arriscar. E vou à luta, e nessa batalha, procuro lá atrás mais do que memórias, mais do que lembranças, procuro uma parte de mim, aquela outra parte, a esperançosa, louca e apaixonada, cheia de garra de ser feliz.
Infernozinho astral ninguém merece. Ainda bem que esses 30 dias que antecedem ao meu natalício estão chegando ao fim. Pelo menos estão servindo para que eu faça uma grande reflexão e avaliação para o início de novo ciclo que está prestes a se iniciar. Nessa data estarei vivendo um novo ciclo solar, meu paraíso astral. Então, se Deus quiser, vou poder relaxar e me preparar para comemorar minha nova idade e viver as novidades boas que virão.

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