Wagner: aliança do Pros pode chegar a 10 partidos
O Estado. Quais são seus pensamentos sobre esse
caso recente das movimentações em torno da proposta de reajuste dos policiais
do Governo do Estado?
Capitão Wagner. A proposta que seria apresentado era muito aquém do que os agentes imaginavam. Para ter uma noção, o Estado de Minas Gerais, que estava completamente quebrado, em situação financeira muito mais complicada do que o Ceará, o governo apresentou na Assembleia um reajuste de 33%, parcelado em três vezes. Aqui no Ceará, alguns cargos de sargento o governo apresentou 11%, parcelado em quatro vezes, ou seja, para a massa agora daria 2,5% depois de cinco anos sem reajuste. Então lógico que a categoria ficou insatisfeita, pelos riscos corridos, principalmente pelo resultado que apresentou em 2019. O Ceará foi destaque nacional, com redução de 56% do número de homicídios, e imaginavam que o governo, depois de cinco anos sem reajuste, os recompensaria com ajuste acima da inflação, não abaixo, como foi apresentado na tabela inicial.
OE. Muita gente estabelece um paralelo com 2012,
quando você estava à frente do movimento. O que pensa sobre isso?
CW. Não tem como não vincular, sou policial militar, estou logicamente agora como deputado federal, mas nunca esqueci minhas raízes. A gente teve votação expressiva nas fileiras da PM e dos bombeiros, então não tem como não relacionar. Lógico que, diferente de 2012, quando tentamos diálogo em diversas ocasiões com o [ex-governador] Cid Gomes, esse diálogo não foi permitido. Agora tem um governo que pelo menos escuta a categoria. Não tem solucionado muito, mas tem pelo menos escutado, e isso facilita a amenização de qualquer sentimento ou atitude radical.
OE. No campo da segurança, no Ceará de hoje, o que
considera que ainda precisa melhorar?
CW. A gente passou quatro anos na Assembleia e, nesses quatro anos, demos uma série de sugestões para o governador, que eu dei também pro Cid quando tava à frente. Sugerimos uma mudança completa no sistema prisional, que veio a ocorrer em dezembro de 2018, quando o governador convidou o secretário Mauro Albuquerque. Eu inclusive fui o primeiro político cearense a conhecer o trabalho que ele fez no Rio Grande do Norte, visitar e divulgar também aqui no Ceará. A gente parabenizou pela escolha e a partir disso a gente teve esses ataques das facções, e a maior prova de que a medida foi correta foi que a população toda ficou ao lado do governo, inclusive nós, políticos de oposição. Eu acho que ainda tem muita coisa pra avançar, acho que as polícias precisam ser melhor estruturadas para que tenhamos resultados também fora dos presídios. Já tivemos o mês de janeiro mais violento do que 2019 e, para que os números não continuem subindo, temos que ter um fortalecimento das estruturas de segurança nas ruas, não só de forma repressiva, mas também com políticas sociais que dão oportunidade aos jovens e às pessoas que querem se livrar dessas facções sair do mundo do crime.
OE. Você apoiou Bolsonaro na campanha, depois deu
alguns sinais de afastamento, como quando votou contra a reforma da
Previdência. O que pensa do governo hoje?
CW. Eu acho que o governo Bolsonaro tem ministros extremamente competentes, basta ver o ministro Tarcísio está fazendo na Infraestrutura, obras estruturais que há muito tempo eram reivindicados na região amazônica, no Nordeste, todas as regiões, ele tem tido um trabalho muito intenso. O ministro da Saúde, Mandetta, médico experiente. O Sergio Moro tem feito um trabalho belíssimo, tanto que a nível nacional tivemos redução de violência nos níveis de 20 e 22%. É uma equipe que tem muita credencial. Logicamente um outro membro da equipe prefere politizar o debate e radicalizar, mas na grande maioria só tem o que parabenizar. Logicamente que alguns pontos a gente discorda e não é porque eu votei no presidente Bolsonaro que tenho que concordar integralmente com tudo que ele encaminha para o Congresso.
OE. Uma parte do PSDB se movimenta para apoiar sua
candidatura. Como está esse processo? O que esperar da relação entre vocês e os
tucanos?
CW. A gente está com o PSDB como aliado desde 2014, foram três eleições no mesmo lado e isso logicamente favorece que alguns integrantes do PSDB possam se posicionar a favor da nossa candidatura. E um dos que mais defendem esse apoio é o Roberto Pessoa, pela amizade que a gente tem, fomos integrantes do mesmo partido no passado, e além dele outros membros do PSDB defendem essa aliança no primeiro turno. Tenho conversado com Tasso [Jereissati, senador] Luiz Pontes [presidente estadual do partido] e o próprio Carlos Matos [pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Fortaleza], que acho extremamente qualificado. Torço que essa aliança ocorra no primeiro turno, logicamente a gente tem muito mais semelhanças do que diferenças. Se não der certo, vamos trabalhar para que o candidato que chegar no segundo turno, seja Carlos Matos ou eu, ter o apoio do outro.
OE. E as articulações com o DEM, como estão?
CW. O próprio presidente estadual [do DEM] Chiquinho Feitosa já se posicionou junto à imprensa que estaria com o PSDB na eleição de 2020, então vai depender muito da articulação nossa com relação ao próprio PSDB, se lança candidatura própria. Se o PSDB não lançar sua candidatura, teremos que ter trabalho aí para trazê-los. O DEM hoje está na base do governo, o vice-prefeito, então não será fácil trazer para o nosso arco de aliança. Já temos cinco partidos: Pros, Podemos, PSC, Avante e mais recentemente o Republicanos anunciou apoio, e isso já nos dá envergadura e tempo de TV e rádio, e facilitar a apresentação do plano de governo para a cidade de Fortaleza.
OE. A perspectiva é de que chegue a quantos
partidos na eleição?
CW. A gente está com cinco partidos anunciados e temos conversa com pelo menos mais cinco. A perspectiva é de que a gente possa ter um arco de aliança com oito, nove ou até no máximo dez partidos. Acho que seria uma grande vantagem, porque esses partidos não trazem somente tempo de TV e rádio, trazem candidatos a vereador que vão estar defendendo nossa bandeira.
OE. Quais são as prioridades do Pros para o
interior este ano?
CW. A gente está muito preocupado com qualidade, e não quantidade. Temos algumas candidaturas majoritárias, Fortaleza, Caucaia, Maranguape, Crato. Em algumas outras cidades também devemos ter candidatura majoritária, provavelmente em Jaguaribe, temos outros grupos com que estamos conversando em São Gonçalo do Amarante. Nosso foco vai ser as grandes cidades, até porque fica mais fácil administrar isso. Como sou pré-candidato em Fortaleza e presidente estadual do Pros, não podemos firmar compromisso com muitos municípios, porque dificulta na articulação do partido. A gente espera sair da eleição com pelo menos 10 prefeitos, aumentando o número de vereadores e fortalecendo o partido no Estado.
(OESTADO)
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