Governo e policiais entram em acordo sobre reajuste
Os bombeiros e policiais militares chegaram a um acordo com o
Governo do Estado após reunião a portas fechadas na Assembleia Legislativa
(AL). Após o encontro, quando foram discutidas as possibilidades de reajuste
dentro das limitações fiscais do governo, ficou acordado uma aplicação de R$
495 milhões nos aumentos salariais, parcelados em três vezes até março de 2022.
Ao fim desse prazo, o salário final do soldado será de R$ 4.500, valor
equivalente a R$ 300 a mais do que inicialmente proposto pelo poder público.
Conforme
definido na reunião de ontem (13), os R$ 495 milhões serão pagos com uma
parcela maior já em março deste ano (equivalente a 40% desse total), outra
parte em março do ano que vem (30%) e o restante em 2022 (30%). Além disso,
haverá a destinação de R$ 150 milhões adicionais para as gratificações dos
militares, que servem para complementar o salário. Conforme o titular da Casa
Civil do governo estadual, secretário Élcio Batista, a proposta atinge o limite
a que pode chegar o Ceará sem que o Estado tenha que abrir mão da
responsabilidade fiscal.
Com
isso, a matéria do Poder Executivo instituindo o ajuste deve ser enviada à
Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) na semana que vem. A perspectiva do
governo é que a aprovação venha ainda na mesma semana, antes do Carnaval, de
modo que o aumento possa ser implementado na folha de pagamento já no mês de
março. Com a proposta tendo sido pacificada entre representantes do governo e
líderes dos policiais, a tramitação tende a ser tranquila.
Movimentação
O assunto gerou ampla movimentação no cenário político pelo
menos desde o início da última semana, que também marcou a volta dos trabalhos
legislativos após o recesso. Já no primeiro dia de sessão plenária, com
pronunciamentos dos parlamentares, o assunto era martelado por deputados
representantes da categoria.
Os
valores só chegaram a ser apresentados aos parlamentares que integram a base
governista na última segunda-feira (2), mas as informações já circulavam entre
os profissionais da segurança desde antes do retorno do Legislativo. O governo
estadual tinha intenção de enviar à Casa Legislativa proposta com reajuste de
4,8% dos soldados, com o aumento implementado em parcelas até 2021, enquanto os
profissionais pleiteiam reajuste de 35%. Em alguns casos, conforme os agentes,
haveria perda real no valor do salário, se não fosse por mudanças instituídas a
partir da reforma da Previdência do Governo Federal.
A
insatisfação por parte dos policiais chegou ao seu ápice, no que diz respeito à
demonstração pública, na quinta-feira da última semana (6), quando realizaram
uma manifestação nos entornos da Assembleia, chegando a tomar os dois sentidos
da Avenida Desembargador Moreira. Os manifestantes também ocuparam as galerias
da Casa durante pronunciamentos dos parlamentares, que discursavam sobre o
ocorrido, com vaias ou aplausos a depender do discurso adotado. Estima-se que
mais de 5 mil pessoas tenham participado, com caravanas tendo vindo da Região
Metropolitana e do interior, inclusive do Cariri.
O caso
pode ter desdobramentos nas eleições municipais deste ano em Fortaleza, com o
favorito até o momento, o deputado Capitão Wagner (Pros), tendo despontado para
a vida política via paralisação dos policiais em 2012, quando também travavam
queda de braço com o governo. O pré-candidato, no entanto, procura se mostrar
mais moderado no episódio mais recente, sublinhando abertura ao diálogo e
destacando que trabalhou para controlar os ânimos dos agentes, de modo a evitar
uma nova greve.
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