O esforço para tornar o seguro de carro um produto rentável tem feito as
seguradoras irem mais fundo na análise de risco dos clientes e passarem a
verificar, além do hábito do uso do carro e o perfil do cliente, itens como
dívidas, inadimplência e processos judiciais.
“Um motorista de táxi com dívidas vai querer trabalhar 10 horas em vez de 8
horas no dia e está mais exposto a acidentes”, exemplifica o presidente da Porto
Seguro, Fábio Luchetti. “Agora pense em uma pessoa endividada que estava
deixando o carro em uma garagem e pagando por isso. Ele pode resolver deixar o
carro na rua, afinal ele possui seguro, e estará mais exposto a roubos e
furtos”, diz. No caso da seguradora, além de uma melhor avaliação de risco e de
possibilidades de fraude, está sendo necessária a redução de despesas e
investimento em tecnologia para trazer resultado operacional no segmento de
automóveis.
Cotação
Outra novidade da seguradora, que deve ser lançada no próximo ano, é a
possibilidade de cotar a apólice de acordo com o grau de uso do veículo. “Hoje
um carro parado paga o mesmo seguro daquele que roda todo o dia. Isso é justo?”,
questiona o executivo. Pare ele, chips e rastreadores podem analisar a
frequência de uso do automóvel.
Reajuste de preço
O esforço das seguradoras para ter lucro com a operação de automóveis passa
também por reajuste de preços, o que as seguradoras não descartam para 2013.
Neste ano, a alta incidência de roubos e furtos no primeiro trimestre — que
subiu cerca de 30% frente ao mesmo período do ano passado —, além do aumento de
custos das oficinas, fez com que a apólice ficasse mais cara.
Antes, as seguradoras conseguiam compensar isso com o resultado financeiro
(aplicação de reservas para fazer frente aos sinistros), o que se torna cada vez
mais difícil com a redução da taxa básica de juro.
Dificuldade
Um fator que dificulta o cenário para as seguradoras é a extinção do custo da
apólice a partir de janeiro, anunciado em outubro pela Superintendência de
Seguros Privados. Desta forma, fica vetado o valor de R$ 60 separada do prêmio.
O setor discute uma forma de lançar a cobrança sem grandes efeitos no balanço.
No caso da Porto Seguro, a extinção gera uma baixa de R$ 110 milhões no balanço.
“Estamos estudando cenários e algo vai ter de ser ajustado em preço”, afirma
Luchetti.
(Com IG)
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